tuliobarros::É muito legal ouvir histórias de "quanto tudo era mato". Uma coisa que o Tola (acho) que disse é que ele encontrou com gente que ia para Essen mesmo antes de ele conhecer aquilo. Muito provavelmente em vários lugares do Brasil as mesmas coisas estavam acontecendo: pessoas conheciam os novos jogos por outros meios, sem estar diretamente ligado a um grupo no Rio ou em São Paulo. E jogava lá Samurai, Tigris & Euphrates, Catan, El Grande, Survive, e nunca nem pensou de criar uma comunidade tabuleirista, mas estava feliz de jogar com seus três ou quatro amigos do bairro.
Parece algo meio como "quem inventou o avião?" Gente espalhada no mundo olhando para o mesmo objeto, sem saber o que outrem estava fazendo.
Garcia: como você conheceu esses jogos?
E você, marcosestevo?
Fala Túlio. Fui escutar o episódio antes de responder para entender o contexto...
Nunca tinha ouvido falar de Ludos ou FPT. Minha entrada nesse mundo foi bem alheia a todo esse movimento que descrevem no podcast. Deve ser a tal da vivência compartilhada dos anos 90.
Comecei a jogar RPG em 1990, no Rio Grande do Sul. Em 1994 comecei no Magic, na época morava no Mato Grosso (minha mãe voltou de uma viagem com uns decks e uma caixa de boosters para mim e meu irmão, pois "todo mundo estava jogando").
Em 1997 comprei meu primeiro jogo de tabuleiro, que foi o Battletech. Por muitos anos foi meu único boardgame "diferente" (pensando que os normais seriam os da grow) e pouco joguei pois a maioria das pessoas achava muito complexo. Levava as vezes em encontros de RPG mas nem assim rendia muita coisa.
Entre 97 e 99, não lembro bem o ano, estava de férias no RS e surgiu alguém vendendo um Britannia, do nada. Acabei comprando e jogamos várias vezes naquelas férias... Mas esqueci o jogo na casa da minha avó (passou bons anos lá).
Em 99 ou 2000, já morando na Paraíba, onde o pessoal do meu grupo de RPG começou a tomar gosto por boardgame nos dias em que alguém faltava, busquei alternativas e adquiri o Ele Grande (novamente minha mãe trouxe para mim do exterior). Jogávamos as vezes várias partidas no mesmo dia, foi intenso.
Em 2006, jogávamos Gurps Japan e procurando material para enriquecer o jogo me deparei com Shongun, que era lançamento (fiz a importação mas não lembro de onde). Peguei o jogo e foi outra febre.
Shogun inaugurou formalmente minha coleção de jogos de tabuleiro, pois foi a mesma época em que todo mundo estava se formando e o RPG começou a ficar mais sofrido, pois sempre estava faltando alguém e eu não gostava de mestrar para mesa desfalcada. A partir daquela época minha coleção ganhou corpo.
A galera do RPG em especial abraçou os jogos, creio que por conta da agilidade de jogar com quem vier, sem depender de A ou B. Acho que foi isso. Eu realmente sinto cheguei quando ainda era tudo mato e mesmo assim já havia gente lá.