brunosemi::RaphaelGuri::
... quando a Grow desistiu do mercado de board games, e fez uma queima de estoque de seus jogos...
Acredito ainda, do alto de meu achismo, que o problema da Grow não foi o preço. ...
A Grow não desistiu do mercado de board games.
Do alto do meu achismo, ela ganha mais dinheiro vendendo Pizzaria Maluca e Imagem & Ação. Pela quantidade e pela margem de lucro.
Ou seja, melhor vender pra criançada que pro público da Ludopedia, pois o jogo-brinquedo dá muito mais dinheiro que o jogo-coleção.
Caro Brunosemi
Quando eu disse que a Grow desistiu do mercado de board games, foi justamente por conta daquilo que você escreveu no seu comentário. Em outras palavras, a Grow ganha muito mais dinheiro com seus jogos de tabuleiro clássicos, e demais jogos-brinquedo, conforme você pontuou, do que ela ganhou com board games modernos.
Assim sendo, a Grow tentou ingressar no marcado de boardgames modernos, lançou jogos consagrados (Catan, Carcassonne, Puerto Rico, The Castles of Burgundy, Istanbul, Broom Service, San Juan, etc), não obteve o retorno que esperava, repassou as licenças adquiridas, e não lançou mais nenhum outro jogo. Foi nesse sentido que eu disse que a Grow abandonou o mercado de board games.
O problema é que a Grow não entrou no mercado de board games como se fosse a Grow, com todo o seu peso e potestade, mas sim como se fosse mais uma editora tradicional de jogos, ou seja, com tiragens pequenas e preços altos. É sempre bom lembrar, que o preço dos jogos da Grow só baixaram, quando ela já estava de saída do mercado, e queria se livrar do estoque o mais brevemente possível. Antes disso, o preço de seus jogos acompanhava o padrão das demais editoras. Portanto, a Grow, que poderia ter feito muita diferença, como se espera que a Estrela fará, acabou oferecendo mais do mesmo, daquilo que já havia no mercado de board games, e talvez por isso a iniciativa não vingou.
Por outro lado, essa iniciativa da Estrela é muito diferente, daquilo que a Grow fez. A Estrela não quer entrar no mercado de board games, na verdade ela quer lançar jogos modernos. Parece que é a mesma coisa, mas não é. Se a Estrela estivesse querendo entrar no mercado de board games, obviamente ela teria de se adequar às regras e condições desse mercado, o que é o comum quando uma empresa entre em um mercado novo. Só que isso a Estrela não pretende fazer, mas nem de longe. Ao contrário, ao decidir lançar jogos modernos, a Estrela resolveu fazer isso de acordo com as suas próprias regras e dentro dos seus próprios parâmetros. Isso pode ser facilmente comprovado, pelo tamanho das tiragens, pelo preço dos produtos, pelas lojas onde eles serão vendidos, bem como pela qualidade dos componentes, que é muito distante do padrão do mercado de board games.
Outro fator importante que diferencia as iniciativas da Grow e da Estrela diz respeito à escolha dos jogos lançados. A Grow optou por lançar jogos internacionais consagrados e de grande prestígio, com grande capacidade de atração, mas que justamente por isso, possuíam exigências contratuais muito grandes e severas, o que dava uma margem de manobra muito pequena para a empresa. A Estrela por outro lado está investindo em jogos de designers nacionais, que certamente não têm o mesmo prestígio, mas também não tem as mesmas exigências contratuais dos grandes clássicos importados. Com isso, a Estrela pode lançar os jogos da maneira como bem entender, direcionado ao público que ela quiser, com os componentes que ela achar melhor, custando o preço que ela considerar adequado, para serem vendidos nos grandes magazines, que já comercializam seus demais produtos.
Portanto, as iniciativas de lançamento de board games por parte da Grow e da Estrela não poderiam ser mais diferentes, do que na realidade são.
Claro que a Estrela, assim como a Grow, ganha muito mais dinheiro com suas outras linhas de produtos. Mas o campo de atuação da empresa é tão grande, que ela pode se dar ao luxo de fazer uma investida em jogos de tabuleiros modernos, coisa que ela nunca fez antes.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio