Olá, Nanda. Que ótimo texto. E veio na hora certa para mim, no momento que estava desanimando com o universo de BG. Coincidência, ou não, hoje li algumas postagens, aqui na Ludopedia, que mencionavam o caminho que o hobby estava tomando e sobre os preços que estão sendo propostos para os BGs.
Gostaria de compartilhar um pouco da minha história. Quando mais novo, adorava jogos (tabuleiro, RPG, baralhos). Mas, tirando um grande amigo meu, não havia muitas pessoas com quem compartilhar o hobby e, aos poucos, isso foi ficando esquecido. Bem, muito tempo depois, em 2019, conversando com minha mulher, percebemos uma rotina "perigosa". Chegar do trabalho, jantar, assistir algo na Netflix, olhar/jogar o que quer que fosse no celular e dormir... Onde estava nossa interação? Foi aí que lembrei dos jogos e retornei a esse universo. Então, comecei a comprar jogos. Tentava me basear no gosto da minha mulher, primeiro, pois ela não tinha tanta experiência e minha intenção era apresentar esse universo para ela. Resultado: Noites de conversas, risadas, momentos de reflexão para analisar nossas estratégias... Enfim, ela adorou os jogos (desde Concept, onde "adaptamos a regra" para jogar só nós dois, até CO2), eu retomei meu antigo hobby, e temos mantido nossa rotina diversificada, pelo menos o que se permite nessa época de pandemia e isolamento social. Inclusive, descobri os jogos solos, que me permitiu sair da frente do computador ou do celular e me divertir analogicamente, num breve intervalo, entre o almoço e retorno para o trabalho, por exemplo.
Mas, de repente, me vi no impulso de necessitar por novos BGs, querer comprar tudo que estava sendo indicado nos canais do Youtube, ficava ansioso para ver os anúncios das editoras, como se algum dia fosse ter uma prateleira de parede à parede, cheia de jogos. E comecei a perceber que todo aquele momento "off line" de viver começou a ficar encoberto pelas necessidades vazias.
Foi quando entrei no site Compara Jogos e contrastei os preços de alguns BGs, especialmente entre 6 meses e 2 ano atrás. Busquei por leilões e venda de jogos usados, observei alguns reprints e reedições, e me foi parecendo que eu estava no lugar errado. Eu não pertencia à esse hobby, pois para mim estava claro que os BGs estavam voltados para públicos colecionadores e não jogadores. Nada contra de quem quer só colecionar, mas o que doía era que me parecia que jogar estava em segundo plano. Tanto verdade que existe a tal "prateleira da vergonha", pessoas que diziam que comprou determinado jogo e este jogo nem sequer foi aberto. Aí entendi o porquê daquela "sedutora" estante cheia de jogos. Enfim, eu me senti isolado de novo pois, não é nem questão de ignorar/boicotar a compra de um jogo caro, é a real impossibilidade de comprar um jogo que vale uma compra mensal de supermercado (e olha que não está fácil manter a despensa da cozinha). Eu me senti enganado ao ver alguns vídeos, pois parecia que a intenção era popularizar o hobby, trazer opções e atingir vários novos jogadores... Mas sinceramente, a não ser que eu vá para uma luderia (assim que essa pandemia acabar), eu nunca vou jogar um Agrícola, por exemplo, pois ao meu ver isso deixou de ser um BG para virar um artigo de colecionador. Fico imaginando por quanto sairá o Caverna! Enfim, tudo isso me desmotivou. A intenção de diversificar os jogos, aqui em casa, está longe de acontecer... Infelizmente, parece que vou ter que esquecer um pouquinho do hobby, de novo, no sentido de acompanhar as novidades e diversificar os jogos. Mas, por outro lado, minha mulher e eu vamos "aturar" os jogos repetido por muito tempo, afinal, o que interessa aqui é a companhia um do outro.
Desculpa se essa mensagem ficou muito longa. Mais uma vez, foi prazer ler seu texto, Nanda. E, também, conhecer a todos através dos comentários.