SEM SPOILERS
Sou um grande fan de livros jogos e em uma postagem futura falo mais sobre eles.
Hoje falarei sobre Quadrinhos jogos e como me surpreendi com sua qualidade.
Tive pouco contato com quadrinhos jogos, onde na maioria eram histórias mais infantis, como o caso de Last RPG Fantasy, onde ao fim de cada pequeno evento, você escolhia outro caminho. Ainda seguindo em essência o padrão dos livros jogos.
Alguns anos depois, chega ao Brasil Captive, quadrinho jogo onde as referências numéricas ficavam espalhadas nos quadro e cabia ao leitor identificá-las.
Infelizmente não pude jogá-lo na época e hoje em dia é tarefa difícil achar um.
O bom foi que ele abriu portas para a Grok, antiga Mandala, antiga FunBox, trazer os outros livros dessa coleção.
O de Zumbis me chamou atenção, mas não ao ponto de comprá-lo, na época, faroeste ok, mas não me acendeu nada.
Até vir a "segunda temporada" com Lobisomem e Sherlock Holmes, dois temas que gosto muito. Veio também um oriental.
Mas tinha um porém, a arte do Sherlock estava me passando uma sensação de produto infanto juvenil para infantil e isso me afastou muito do jogo em seu lançamento.
Foi só com o recente vídeo do Romir explicando as regras do Lobisomem, que essa coleção entrou de novo no meu radar. No dia seguinte já fiz uma compra com os 3 que mais me chamaram a atenção. Zombies, Lobisomem e Sherlock.
Então, finalmente depois dessa introdução gigante, falemos sobre o quadrinho jogo...
Quatro Casos de Sherlock Holmes é exatamente isso, Holmes recebe no correio um envelope contendo detalhes de 4 crimes, envelope este enviado por seu arqui-inimigo Professor Moriarty.
Holmes analisa os 3 casos, enquanto Watson, seu amigo e auxiliar em investigações, fica encarregado do primeiro caso.
A gata da rua Baker. Esse caso serve basicamente como um tutorial, apresentando as mecânicas de números escondidos nas páginas, além das teclas de máquina de escrever, que tem um papel importante no fim da aventura.
Algo também muito interessante são os interrogatórios, aqui podemos fazer algumas perguntas para o suspeito/testemunha e a partir delas formular uma teoria para o caso, que só será revelada ao fim dos quatro casos.
Aqui, apesar dos desenhos simples, as expressões corporais e faciais, podem dizer mais que as palavras.
Terminado esse tutorial, os 3 casos maiores são abertos e podem ser explorados em qualquer ordem desejada.
Também podendo alternar entre Watson, que seria o modo fácil e Holmes, que seria o modo difícil.
A diferença entre os 2 não é tão significativa, acaba que Holmes vez ou outra pode interferir com conselhos durante a investigação de Watson.
Algo bacana entretanto, é que ambos possuem habilidades distintas, Watson por ser médico pode examinar ferimentos de uma forma mais eficiente, já Holmes usa de seus poderes de dedução para criar teorias a respeito do crime. Então, algo interessante a se fazer, é dividir os 4 casos entre os 2 personagens.
Por ser um quadrinho investigativo, muitas cenas só podem ser vistas uma única vez, evitando assim que se use os famosos "save states" dos livros jogos de aventuras fantásticas usados sempre que o jogo te matava de forma injusta." Virar à direita ou à esquerda? Direita, pisou numa armadilha e morreu". Isso era frustrante demais nos livros-jogos mais antigos.
Por outro lado, há momentos em que sim, você pode e deve revisitar várias vezes, seja voltar à página de interrogatório com novas informações, seja viajar entre os endereços, usando o índice de endereços ou até voltar na cena do crime e ir naquela sala escondida que esqueceu de olhar.
Sou um grande fan das histórias do Sherlock Holmes e fico receoso quando novas obras surgem meio que de carona na fama do personagem, mas aqui eu realmente me senti na pele do personagem, há respeito pela obra original, com referências que só quem leu as obras originais vai pegar.
Os desafios não são bobos, como era a crítica de muitos nas charadas do Scotland Yard, aqui charadas existem, mas são desafios extras criados pelo Professor Moriarty, ou pequenos enigmas intricados com a história.
Como dito anteriormente, as ilustrações me afastaram do jogo no começo, e mesmo depois de iniciar a leitura, achava que aquele estilo mais caricato não combinava com casos tensos como os apresentados.
Mas com o tempo fui acostumando com a arte e passei até a gostar da sua simplicidade e me agradou saber que há uma coleção que segue esse mesmo estilo artístico.
O quadrinho possui vários momentos "eureca" quando o leitor descobre algo fundamental para a investigação apenas com seu instinto e observação.
Há também momentos de pura frustração com os enigmas de Moriarty, 2 deles não consegui solucionar, um era puro raciocínio lógico e eu não fiz por falta de atenção mesmo, já o outro (pichação com 808 numa parede) me fez fritar o cérebro até por fim desistir e seguir em frente.
A resolução segue um caminho mais didático, muito semelhantes aos presentes nos livros de Sir Arthur Conan Doyle, com Holmes narrando o desenrolar do caso e apontando pistas chaves que levaram à conclusão do caso.
Dos quatro casos presentes, consegui solucionar 2, os demais errei por pequenos detalhes que não levei em conta, o que comprometeu o final do jogo, conseguindo o final ruim e uma baixa pontuação.
Mas de modo algum isso diminuiu a aventura. Fiquei preso à leitura do começo ao fim, fiz páginas e mais páginas de anotações com observações, setas, números, ligando nomes e fatos.
Foi uma experiência sem igual, creio que os demais quadrinhos jogos dessa coleção lançados no Brasil tenham qualidade, mas o clima de investigação é inquestionável aqui e espero do fundo do coração que a Grok Games traga mais aventuras de Sherlock Holmes nessa série.
Em resumo, Quatro Casos de Sherlock Holmes é uma experiência fantástica para fans do famoso detetive ou entusiastas de jogos de investigação.
Duração: Resolvi citar de forma mais detalhada o tempo gasto em cada caso, para que assim os interessados possam avaliar o custo benefício.
A gata da rua Baker - 50 minutos.
A linha da vida - 1 hora e 50 minutos.
O desmemoriado do bosque de Highgate - 1 hora e 55 minutos.
O escaravelho do museu britânico - 2 horas e 20 minutos.
tempo total - 7 horas e 33 minutos.
Use a sessão de comentários e conte as suas experiências, faça críticas, tire dúvidas ou faça sugestões.
Grande abraço e até a próxima Quarta-feira ao meio-dia.
E lembrando, sigam o instagram HeyGON, por lá sempre há fotos das jogatinas do grupo que participo.