King’s Gold – Dê um trocado pro seu pirata!
Título: King’s Gold (2014)
Designer: Stéphane Maurel
Arte: Pierô
Editora nacional: Mandala Jogos
Nº de jogadores: 2 a 5
Um jogo simples, numa caixa pequena, com pouquíssimas regras, mas bem divertido. Isso é King’s Gold, que apesar do tamanho consegue divertir adultos e crianças ao entregar uma experiência divertida, rápida e com componentes de alta qualidade.
[Isso é tudo? Sim! Tudo que vem na caixa, exceto o manual, está ai na imagem acima!]
Critérios
Ø Arte
King’s Gold, apesar de sua simplicidade, tem um belo empenho artístico em quase todos elementos. Ele possui uma caixa com uma ilustração colorida e divertida, que mostra alguns piratas em um empurra-empurra atrás de um saco de moedas de ouro, a única crítica é que poderia muito bem ter ao menos uma figura do sexo feminino na ilustração da caixa, por questão de representatividade, já que o jogo tem foco em um público familiar e infanto-juvenil.
Temos ainda a arte dos dados, bem objetivas e de fácil identificação (moedas, canhões, caveiras e ossos cruzados) e arte nas moedas, porém bem simples.
Ø Qualidade dos Componentes
A qualidade dos componentes é sem dúvida o que mais se destaca em King’s Gold. Com exceção da caixa e do manual, os componentes do jogo irão durar por mais de 500 anos enterrados (onde está o X vermelho!), pois são de plástico.
O jogo se resolveria apenas com dados simples customizados e fichas de papelão, porém não é isso que temos. Temos dados de excelente qualidade e com um tamanho um pouquinho maior do que os convencionais, com imagens em baixo relevo coloridas, além de muitas moedinhas de plástico, bem resistentes.
Além dos dados e moedas, outro componente do jogo é a própria caixa (parte de baixo e tampa), que usamos como uma espécie de depósito para as moedas. Esta caixa é de boa qualidade, sendo bem firme e resistente, porém não tem nenhum tipo de arte ou ilustração internamente, o que seria bem legal para dar um toque a mais de tema ao jogo na mesa (mesmo que fosse um papelzinho solto).
O manual é um folheto bem simples, de leitura fácil, e impressão colorida. Em seu verso temos um resumo das possíveis combinações dos dados, o que o torna muito útil durante a partida.
Ø Curva de Aprendizagem
Aprender o jogo é extremamente fácil. O jogador em seu turno rola os todos os dados, depois pode escolher alguns e rerolá-los até duas vezes, sempre em busca de alguma combinação que desejar nos dados. Estas combinações podem fazer o jogador roubar moedas de adversários ou roubar moedas do centro da mesa. Caso o jogador tenha muito azar, pode acontecer de cair 3 símbolos de ossos cruzados e o jogador perder a vez... e três moedas!
As combinações possíveis podem ser um pouco difíceis de decorar, caso estejam jogando com crianças ou pessoas que não estão acostumadas com jogos de tabuleiro, mas o manual possui um resumo bem direto com todas as combinações, então nem chega a ser necessário decorar de fato.
[Foto para ter uma ideia do tamanho dos componentes]
Ø Presença de Tema
A simplicidade do jogo quase não dá espaços para a percepção de um tema propriamente dito, mas os componentes tentam a todo momento trazer esse sentimento de ‘disputa entre piratas’, seja pelo elemento de sacanear e roubar o coleguinha ou pelos componentes, que trazem um prazer tátil ao jogo, pois as moedas de plástico são de constante manuseio, o que faz os jogadores ficarem com elas na mão, baterem na mesa ou mesmo batucarem umas nas outras pelo prazer sonoro (são piratas, não os contrarie!).
O título do jogo “King’s Gold”, que significa em português “Ouro do Rei” está ligado diretamente ao estoque de moedas do centro da mesa, logo o título e as mecânicas estão sempre se conversando ao longo da partida.
Ø Rejogabilidade
King’s Gold é um jogo totalmente festivo, sem nenhum tipo de preparação diferenciada, habilidades de personagens, nem nada que mude a forma do jogo funcionar entre uma partida e outra, sendo sempre EXATAMENTE o mesmo jogo entre as partidas.
Ø Interação
A interação é constante e direta, mas a cada turno é unilateral. O jogador da vez pode roubar moedas de outros jogadores e esses jogadores não tem nenhuma forma de evitar isso.
O elemento interativo, portanto, vai se concentrar mais na forma que a mesa reage a este tipo de jogo: Se a mesa vibra, torce, quando alguém é alvo de um adversário e tenta convencê-lo a escolher outro jogador e assim por diante. Logo, é um jogo que se for jogado por uma galera desanimada, não valerá a experiência. Esse é o tipo de jogo que se o povo na mesa não estiver animado e não for competitivo, melhor só bater um papo, pois o jogo sozinho não irá levantar o astral da turma.
Um ponto importante de King’s Gold em relação a alguns jogos do gênero e festivos é que ele não possui eliminação de jogador, algo que pode ser importante para algumas pessoas, pois realmente pode ser muito chato e frustrante alguém ser eliminado de uma partida e passar o resto dela, mesmo que não seja mais do que dez minutos, ficando de fora, apenas vendo os outros jogarem.
Ø Fator Sorte
O jogo se baseia totalmente na rolagem de dados e na aposta do jogador que certas combinações irão acontecer, portanto é um jogo focado na sorte, sem nenhum tipo de regra ou recurso que permita rerolagens além das convencionais permitidas. Portanto, se não gosta disso, suba em seu bote e fuja deste jogo.
Ø Fator Estratégia
Apesar de ser um jogo puramente de dados (as belas moedas são contadores apenas), temos a chance de fazer rerolagens e segurar dados, logo possuímos uma pequena parcela de poder de escolha e responsabilidade sobre o que cai no dado, porém não existe nenhum tipo de mecânica que dê suporte a estas rolagens e mitiguem a sorte envolvida. Outros jogos que usam do mesmo processo de rerolagem como Yahtzee (jogo que muitas vezes ouvimos como sendo o jogo que inaugurou esse tipo de rerolagens sucessivas segunrando alguns dados), King of Tokyo, King of New York, Elder Sign, Age of War, Tiny Epic Galaxies, Bang! Dice, Vudú e tantos outros, apresentam em maior ou menor escala, uma gama de recursos, habilidades e assim por diante que acabam mitigando a rolagem, não ficando presos somente a elas, contudo King’s Gold não adota nenhum tipo de subterfúgio para ajudar os jogadores em relação ao determinismo da rolagem final, além disso, os jogadores nos turnos dos adversários não tem nenhum tipo de forma de defender-se de serem roubados pelos rivais. Sendo assim, King’s Gold tem uma influência pequena de escolha por parte dos jogadores, mas não apresenta nenhuma profundidade tática ou estratégia.

Opinião Pessoal
“Enquanto a pizza não chega, enquanto esperamos aquele amigo atrasado pra jogatina ou mesmo como uma forma de apresentar um jogo rápido para crianças ou amigos de fora do hobby, King’s Gold traz uma simplicidade recheada de conflito para a mesa. Para esse tipo de proposta, King’s Gold é muito bom, pois além das regras simples e componentes de encher os olhos, ele não possui eliminação de jogador. Contudo, pode ser que a partida se estenda mais do que deveria, casos os jogadores foquem apenas em atacar os adversários, ao invés de acabar com as moedas do centro da mesa.” (Raphael Gurian, o pirata do tapa-olho amarelo)
Um texto de
Raphael Gurian
A ideia deste formato de análise não é explicar um jogo, para isso existem muitos outros textos, vídeos e etc. A finalidade do texto é fazer uma análise crítica acerca de critérios que acho importante e que muitas vezes acabam não sendo explorados em reviews de uma forma mais detalhada. Os jogos analisados não seguem qualquer critério comercial, incentivo ou pagamento, sendo escolhidos com base em fontes de vozes da minha cabeça, aliado ao fato de ter já jogado o jogo em questão muitas vezes, a ponto de me sentir confortável em opinar sobre o mesmo.
NOTA: A análise dessa semana foi deste pequenino jogo pois acredito que todo jogo merece uma análise, não importa seu peso e tamanho!
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