Nerdtesta::Primeiramente, fiz questão de parar tudo que estava fazendo, vir até o computador e responder essa ótima postagem.
Obrigado por compartilhar esse momento de sua vida conosco. Tenho tido essa sensação a tempos e não sabia explicar o que era. Sempre sinto falta dos primeiros jogos da coleção e acredito que eles são os melhores, muito disso pelo fato de que foram os jogos que mais joguei, uma vez que quando os adquiri tinha poucos títulos e isso fez com que os jogasse de forma verdadeira, a ponto realmente entender esses títulos.
Venho participando do hobby a anos e tenho muitos títulos que, como mencionado por você no texto, somente abri para conferência e os deixei na estante. Muitos desses jogos foram comprados baseados em reviews, rankings e outras opiniões de terceiros, e não pensando no jogo em si ou no meu gosto para títulos. Muitos deles inclusive nem cheguei a assistir vídeos e olhar as mecânicas, só comprei pois estavam no Top 100 do BGG.
Sempre vendi jogos, mas as vendas sempre foram mais como uma limpeza de estante, como se eu dissesse: "só os melhores e os mais bem rankeados ficam".
Com a pandemia eu também acabei revendo meus conceitos e entendendo essa ideia de que o meu hobby estava sendo comprar e armazenar na minha "estante fantástica dos jogos, e não mais jogar os títulos. Algo como se na vida real eu estivesse jogando um set collection do ranking BGG.
Tenho deixado o hype de lado: se o jogo esgotou uma próxima tiragem vem, simples assim. Se Gloomhaven é tão bom ele sempre estará no mercado. Qual sentido de parar de produzir algo que vende tanto e tem tanto potencial de gerar lucro? Esse pensamento me ajuda a fazer as pré vendas passarem sem que eu adquira mais um boardgame que só serviria para completar o Tetris que virou meu armário de jogos.
Perfeitas as suas colocações, Nerdtesta. Você conseguiu resumir toda discussão em poucas linhas sem tirar sua essência.
Sim, exatamente. Chega um momento na vida do hobbista que, a partir de alguma interferência no meio do caminho, os valores são distorcidos e o nosso lance se torna fazer um set collection da vida real e fazer tetris de armário. Acredite, teve um período bem denso da minha vida que até a cor da caixa era "justificativa" para eu me interessar por um jogo ("Tenho poucos jogos com a caixa na cor branca, acho que esse é um bom candidato..." - esse pensamento já passou na minha cabeça

).
Candei de perder dinheiro e ganhar cabelos brancos me estressando porque "se eu não comprar esse jogo, ele NUNCA MAIS VAI APARECER NA MINHA VIDAAAA OHHH, MEU DEOS!"... cansei de ver os tais jogos raros, santos graals, reaparecendo várias vezes e muitas vezes mais baratos do que eu paguei, sendo que ironicamente (ou não), eu fiquei aquele intervalo de tempo todo sem colocar o jogo na mesa, então na prática não fez diferença nenhuma, foi só para efeito de conter minha ansiedade injustificável. Não vale a pena. Sempre aparece de novo, reprint, usado mais barato bem conservado, etc. Não é como se não tivéssemos opções para matar o tempo até o retorno desse jogo. Fora que com o passar do tempo, às vezes você até desiste do jogo. Vontade é algo que dá e passa.
Fico feliz que meu texto tenha servido para gerar alguma forma de reflexão. Obrigado por sua contribuição. Abraço.