Brunastico15::

LuisPerdomo::
A mudança de chave foi um dia que eu tomei uma porrada muito forte da internet. Eu fiz um post no reddit bem polêmico contando minha história através de outro viés muito mais viciado do que a sobriedade desse post inicial. As pessoas foram muito sensatas comigo, mas de forma muito rigorosa, foi uma espécie de esculacho emocional por parte dos gringos, mas com uma baita dose de responsabilidade e bom senso. Eu fui respeitoso em cada resposta, mas engoli seco uma atrás da outra. Uma semana depois, eu comecei a mexer meus pauzinhos para vender os jogos.

Ah, então você era o rapaz daquele post no Reddit! Meus parabéns; sair daquele estado consumista irracional e chegar na ponderação necessária para escrever este texto demonstra uma evolução admirável.

Isso, sou eu mesmo. Aquela porrada toda foi complicada, mas me ajudou bastante no final. Um passo de cada vez.

Primoroso! Estupendo! Uma confissão que merece todos os créditos, apesar do silêncio de muita gente que se ofendeu, mas não tem coragem de falar algo contra algo um relato tão bem escrito e explícito.
Quase me lancei pra esse lado negro da força. Porém, macaco velho (de verdade, com a identidade ficando amarela) e calejado de outros hobbies, não me deixei levar (apesar de ter outros vícios, mais desabonadores, na verdade). Vi muito isso acontecendo no modelismo, de onde sou originário. Indivíduo com mais caixas de modelos fechadas, sem montar, do que modelos prontos; desculpas aos montes: Tenho três modelos iguais, mas é porque "um dia" vou  montar três versões diferentes do avião! Esse é um clássico, é preciso ter na estante, mesmo que não seja montado! Tenho paixão por esse avião/blindado/navio... preciso dele.
Depois, o mercado das pulgas dos eventos fica repleto de caixas amassadas de modelos que nunca foram montados, que os donos cobram quase o valor de um modelo novo (porque o coração conta, claro). E a patroa quer pendurar cidadão pelo pescoço, casamento vai indo à bancarrota, filhos odeiam o passatempo do pai/mãe, e por aí afora.
Parabéns pelo relato e pela coragem de expor isso em público.

adolfocaetano::Primoroso! Estupendo! Uma confissão que merece todos os créditos, apesar do silêncio de muita gente que se ofendeu, mas não tem coragem de falar algo contra algo um relato tão bem escrito e explícito.
Quase me lancei pra esse lado negro da força. Porém, macaco velho (de verdade, com a identidade ficando amarela) e calejado de outros hobbies, não me deixei levar (apesar de ter outros vícios, mais desabonadores, na verdade). Vi muito isso acontecendo no modelismo, de onde sou originário. Indivíduo com mais caixas de modelos fechadas, sem montar, do que modelos prontos; desculpas aos montes: Tenho três modelos iguais, mas é porque "um dia" vou  montar três versões diferentes do avião! Esse é um clássico, é preciso ter na estante, mesmo que não seja montado! Tenho paixão por esse avião/blindado/navio... preciso dele.
Depois, o mercado das pulgas dos eventos fica repleto de caixas amassadas de modelos que nunca foram montados, que os donos cobram quase o valor de um modelo novo (porque o coração conta, claro). E a patroa quer pendurar cidadão pelo pescoço, casamento vai indo à bancarrota, filhos odeiam o passatempo do pai/mãe, e por aí afora.
Parabéns pelo relato e pela coragem de expor isso em público.

Obrigado pelas gentis palavras e por compartilhar um pouco da sua história conosco. É curioso como um mesmo dilema pode assumir as mais variadas formas. Esse tipo de conduta também é muito comum no universo de colecionadores de Lego, por exemplo, que também é um hobby bem caro, diga-se de passagem. Fora muitos outros hobbies que sequer fazemos ideia, mas que compartilham da mesma problemática.

Antes dos boardgames, meu hobby principal era Magic. Joguei Magic assiduamente por uns 15 anos. Comprei cartas que individualmente valem mais do que três boardgames de caixa grande juntos. Todo meu dinheiro extra ia nelas. Deixei de fazer tantas coisas legais me planejando para a próxima aquisição. Tantas oportunidades perdidas. O pior do Magic é que ele não ocupava espaço. Toda a minha coleção, apesar de muito cara, ocupava o espaço de uma caixa de boardgame. Isso fez com que eu gastasse muito mais dinheiro sem perceber. 

Eu abandonei o Magic para entrar em outro vício. No fundo, o vício sempre foi o mesmo, só mudara a roupagem. Meu vício é o consumismo. A "sorte" é que boardgames ocupam um volume muito maior e teve uma hora que a situação ficou fora de controle. Eu não tinha mais espaço hábil para colocar mais uma caixa dentro da estante. O pior é que eu "achava isso bonito". "Meu mal é que eu não tenho uma estante maior, um quarto maior". Eu levei um ano de terapia pra começar a aceitar que isso tava me fazendo muito mal. Eu depositei uma carga emocional muito grande em cima desses jogos como se eles fossem me salvar dos meus problemas reais. Um escapismo.

Esse texto me assustou a princípio devido ao tamanho, mas tomei coragem e li. Aquele relato “fictício” inicial foi basicamente o relato da minha vida.
Hoje tenho cerca de 26 jogos nunca jogados! Comprados por impulso e que estão aguardando a chance ainda de provarem seu valor. Não jogo porque meus amigos só querem jogar aquele outro jogo. Tento introduzir ele e  não faz sucesso, pq comprei o jogo pra mim e não para os outros.
É como disseram nos comentários, essa reflexão vai chegar em cada um de nós com o tempo, alguns antes e outros depois, pra mim isso chegou antes de ler o texto e mais forte agora depois de ler. A minha única “sorte” é que eu não tenho apelo emocional às minhas coisas no geral e não tenho problema em me desfazer de um jogo que eu não gostei. O problema é, unicamente, que eu me recuso a vender um jogo sem ao menos tê-lo jogado pelo menos duas vezes, para ter certeza de que aquilo não é pra mim, ou pra minha mesa. Mas como jogar ele 2x se todos os jogos que tenho estão ali parados olhando pra mim esperando a chance de ser jogados uma única vez pq estão encalhados na estante?
Tenho tendo crise de ansiedade porque não compro um jogo pra colecionar (deixar no armário e ficar olhando pra ele com carinho), compro pra jogar! Mas eles nunca são escolhidos =\

Esse seu texto, apesar de me deixar triste por comprovar o que eu já pensava antes, me deixou mais claro qual o meu problema e como resolvê-lo!

Obrigada

Crisfmartinelli::Esse texto me assustou a princípio devido ao tamanho, mas tomei coragem e li. Aquele relato “fictício” inicial foi basicamente o relato da minha vida.
Hoje tenho cerca de 26 jogos nunca jogados! Comprados por impulso e que estão aguardando a chance ainda de provarem seu valor. Não jogo porque meus amigos só querem jogar aquele outro jogo. Tento introduzir ele e  não faz sucesso, pq comprei o jogo pra mim e não para os outros.
É como disseram nos comentários, essa reflexão vai chegar em cada um de nós com o tempo, alguns antes e outros depois, pra mim isso chegou antes de ler o texto e mais forte agora depois de ler. A minha única “sorte” é que eu não tenho apelo emocional às minhas coisas no geral e não tenho problema em me desfazer de um jogo que eu não gostei. O problema é, unicamente, que eu me recuso a vender um jogo sem ao menos tê-lo jogado pelo menos duas vezes, para ter certeza de que aquilo não é pra mim, ou pra minha mesa. Mas como jogar ele 2x se todos os jogos que tenho estão ali parados olhando pra mim esperando a chance de ser jogados uma única vez pq estão encalhados na estante?
Tenho tendo crise de ansiedade porque não compro um jogo pra colecionar (deixar no armário e ficar olhando pra ele com carinho), compro pra jogar! Mas eles nunca são escolhidos =\

Esse seu texto, apesar de me deixar triste por comprovar o que eu já pensava antes, me deixou mais claro qual o meu problema e como resolvê-lo!

Obrigada

Existem 4 modos de conduta possíveis, quatro níveis de ação, relacionando um determinado problema em questão e o respectivo grau de consciência sobre o mesmo:

• No primeiro nível, nós temos um problema (digamos, consumo involuntário excessivo de jogos em função da ansiedade) e não fazemos ideia de que isso possa estar nos afetando de alguma forma (estamos gastando muito dinheiro, acumulando muitas caixas em pouco espaço num curto período de tempo; mal desfrutamos desses bens e já miramos em outros porque, afinal, "no futuro eles vão ver mesa"... Spoiler: não necessariamente). Em outras palavras, de forma curta, tenho um problema, mas não tenho consciência disso.
• No segundo nível, você fica com aquela pulguinha atrás da orelha. Você sente que algo está desbalanceado (tenho um gargalo: minha capacidade de absorver esses jogos tem uma velocidade; a fila de jogos a serem explorados aumenta numa velocidade muito maior), mas ao mesmo tempo, você não se mobiliza para mudar essa situação (parar de comprar jogos por um tempo, vender mais jogos que não foram tão bem recebidos pelo grupo, revender um jogo mesmo sem tê-lo jogado, reconhecendo que foi comprado por conta de um impulso momentâneo, só para provar para si mesmo(a) que é capaz; quando você revende um jogo sem tê-lo jogado, você pensa duas vezes antes de comprar o próximo porque você sabe que vai dar trabalho... "Ah, meu Deus, eu fiz de novo... E lá vamos nós..."). De forma resumida: tenho um problema, estou consciente dele, mas ainda não faço nada para mudá-lo (possivelmente por uma questão de inércia).
• No terceiro nível, você decide tomar uma atitude. Não é fácil, mas você se esforça. No começo dói um bocado, mas depois que a dor da picada da vacina foi embora, você percebe que tá tudo bem e que as coisas serão melhores do que antes. Melhor dizendo, tenho um problema, faço algo para mudar, mas porque tenho consciência disso.
• O último nível pode não ser tão intuitivo assim, mas é o melhor dos mundos: quando você naturalmente age de forma correta, sem precisar parar para analisar a situwcao; já está dentro de você. Tenho um problema (hey, todos temos problemas) ajo corretamente frente a ele e nem tenho consciência disso (já se configura como verdade dentro de mim).

Todos almejamos chegar no quarto nível, naturalmente resolver problemas sem nem se dar conta, mas se chegarmos até o terceiro, já tá de bom tamanho. 

@LuisPerdomo Ótimo texto, parabéns! Nos leva a refletir sobre o nosso consumismo muitas vezes exagerado.
Admiro a sua coragem de escrever sobre si pra tentar ajudar outras pessoas que podem estar neste estado de "comprar > jogar". Parabéns mesmo.

abraço

Ótimo texto! Parabéns. Eu nunca tive muitos jogos pois me policiei desde o começo pra que isso não acontecesse e principalmente porque sou mão de vaca mesmo.

Queria ver a discussão no reddit. Se puder passar o link aqui ou por MP, eu agradeço. Lógico, se não se sentir confortável não precisa.

Mais uma vez: ótimo texto. Precisamos de mais debates assim por aqui. O hobby ta meio fora de controle.

mguollo::@LuisPerdomo Ótimo texto, parabéns! Nos leva a refletir sobre o nosso consumismo muitas vezes exagerado.
Admiro a sua coragem de escrever sobre si pra tentar ajudar outras pessoas que podem estar neste estado de "comprar > jogar". Parabéns mesmo.

abraço

Muito obrigado. Fico feliz que tenha gostado

Grand0rbiter::Ótimo texto! Parabéns. Eu nunca tive muitos jogos pois me policiei desde o começo pra que isso não acontecesse e principalmente porque sou mão de vaca mesmo.

Queria ver a discussão no reddit. Se puder passar o link aqui ou por MP, eu agradeço. Lógico, se não se sentir confortável não precisa.

Mais uma vez: ótimo texto. Precisamos de mais debates assim por aqui. O hobby ta meio fora de controle.

Você já começou no hobby um passo à frente, parabéns pelo elevado grau de consciência e responsabilidade. 

Problema nenhum em compartilhar o link. Não tenho nada a esconder. Deixo aqui, inclusive, se outras pessoas quiserem ler. Esse link faz menção ao link original, que desencadeou tudo. São duas discussões relacionadas entre si, um momento inicial e a conclusão. Segue a conclusão (o link original está no texto da conclusão):

https://www.reddit.com/r/boardgames/comments/hs0h0i/i_just_would_like_to_thank_all_the_board_game/

Tenho consciência da fomo por ter feito um trabalho há alguns anos, então uma parte de mim foi no consumismo consciente (risos) "estou exagerando, mas sei que estou". Nessa de seguir o fluxo acreditando estar "sob controle", passei do limite. Acho que o despertar foi comprar Five Tribes e simplesmente não gostar do jogo. Nem eu, nem meus amigos. Um jogo tão bem avaliado, tão alto nos rankings, como seria ruim? Certamente não é, mas também não sou ninguém além de quem sou, nem tudo precisa ser igual, nem para mim. Estou no hobby há cerca de 6 anos e até ano passado sempre tive menos de 15 itens registrados. Comprei alguns antes da quarentena e nesse meio tempo passei da primeira página da Ludopedia (ah, e duas novas estantes). Tudo isso começou por uma coisa besta, por um jogo que eu aguardava o reprint. Para cada mês após a previsão eu comprei algo (ou algumas coisas) para substituir. O pior é que o sentimento chega em um ponto que faz você se arrepender de quem era antes. "Como eu pude ter deixado de comprar o Scythe na Black Friday do ano passado por 385 reais?" Mesmo lembrando do sentimento ao vê-lo (mas estou sendo hipócrita aqui, porque ainda estou me perguntando o motivo e arrependido, tipo, 385 reais só) e deixado passar, sabendo que já tinha tido antes e, mesmo sendo muito bom, era caro pra quantidade de vezes que era jogado. E isso nem sequer faz um ano. Resultado, 2 jogos para substituí-lo também. Bom, estou no aguardo do meu "jogo amado" pra ver se este momento obscuro vai passar ou se apenas me abri para algo ruim. E, como disse o autor do post, não é uma crítica aos colecionadores, mas para mim, que quebrei minhas próprias promessas, como não passar nunca de uma estante, por exemplo - inclusive o "jogo amado" nem tem mais o espaço pra ele disponível (risos). 

Ah, para finalizar, vender também pode se tornar um sentimento bom que fica ruim depois, então cuidado na hora de vender. Selecione os lotes com carinho e aguarde para ver como se sente depois. Só é um problema se você permitir e não há nada de errado em levar algum tempo para resolver. Recomendo que não comece pelos OOP de cara se não estiver preparado. Mas saiba que limpar a estante é realmente satisfatório. 

PS: Scythe por 365 foi vacilo demais.