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A Vida Fora da Eurolândia #2: Jaws

  • Os quarentões (como eu) vão se lembrar de uma imagem comum nos brinquedos e  jogos familiares da pré-história: na capa ou no verso da caixa, era muito comum a imagem de uma família sorridente em volta de uma mesa com o jogo em questão montado em todo o seu esplendor. Esse, aliás, é meu teste supremo pra um jogo dito “familiar”: uma imagem da Família Sorriso faria sentido no verso dessa caixa? Vários jogos modernos classificados como “familiares” passariam vergonha nesse teste. Hehehe.


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    Gente nas capas do jogo: saudades



    O hobby evoluiu, aqueles jogos da minha infância foram arquivados com carinho na minha memória afetiva, mas a vontade de jogar coisas que tragam AQUELE SENTIMENTO não passou. Alguns euros chegam perto: jogos como Catan, Ticket to Ride, Zooloretto, Carcassonne e Takenoko são jogos de regras simples e que alegram famílias pelo mundo afora. Mas os jogos pra Família Sorriso são diferentes. Eles são meio amalucados e têm um senso de aventura e peripécia que falta aos jogos familiares da escola europeia, que tendem a gerar um tipo de diversão mais séria e cerebral.
    Pois existe uma galera que está lançando jogos pra Família Sorriso em ritmo alucinado, como se não houvesse amanhã: a turma do Prospero Hall, um estúdio de designers baseado em Seattle, nos Estados Unidos.


    Entre os já lançados estão Villainous, Jaws, Horrified, Funkoverse, The Shining, Wonder Woman e Top Gun; saindo do forno, Back to the Future.
    Perceberam um padrão? Sim, todos os jogos são baseados em livros, filmes, animações, personagens de quadrinhos – os tais jogos IP (intellectual property), com temas adaptados de outras mídias.


    Ninguém é louco o suficiente pra dizer que todo jogo IP é uma porcaria, diante da existência de gigantes como Guerra do Anel, A Guerra dos Tronos e Star Wars: Rebellion. Mas eu percebo muita gente torcendo o nariz pra esse tipo de adaptação, justamente por remeter aos jogos com a Família Sorriso no verso. Parece divertido DEMAIS, parece colorido DEMAIS, parece meio BOBO.


    Não seja essa pessoa. Pelo menos não antes de provar algum. E hoje eu estou aqui justamente pra te vender o peixe (sacou? sacou?) de um deles: Jaws.


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    Os componentes em toda a sua boniteza



    Se você não viu o filme ainda (sei lá, se você acabou de voltar de uma viagem de 50 anos a Saturno), não tem problema, o jogo vai continuar funcionando. Mas, se você já viu o clássico do Spielberg, vai se divertir loucamente. Agora, se você é fã do filme, aí eu vou usar uma palavra que eu evito: o jogo é OBRIGATÓRIO.


    É uma adaptação exemplar. Como um filme, o jogo foi dividido em “atos”. São dois, e cada ato é um jogo completamente diferente, jogado em um dos lados do tabuleiro. O que acontece no primeiro ato gera consequências que irão influenciar o segundo ato. Acontece algo parecido em Busca pelo Anel, inclusive o tabuleiro dupla face.


    O primeiro ato se passa em Amity Island. No canto direito, jogando cooperativamente, temos até três jogadores controlando os protagonistas do filme: Brody, o chefe de polícia; Hooper, o oceanólogo; e Quint, o caçador de tubarões mais pirado do cinema. No canto esquerdo, temos um jogador controlando Bruce (como o tubarão mecânico foi carinhosamente apelidado pela equipe de produção do filme), com o apetite mais voraz do que nunca, abocanhando tudo que aparece pela frente e dando o perdido nos seus perseguidores sempre que possível.


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    duunnn dunnn… duuuunnnn duun… duuunnnnnnnn dun dun dun dun dun dun dun dun dun dun dunnnnnnnnnnn dunnnn



    Nesse primeiro ato, Bruce quer comer o máximo de banhistas possível. Quanto mais banhistas ele papar, mais vantagens levará para o segundo ato. Essa primeira parte é um jogo de hidden movement: só o jogador que controla o tubarão sabe onde ele está e onde vai atacar. Os caçadores têm que usar a dedução e suas habilidades para tentar prever os movimentos de Bruce, prender duas boias nele e, assim, disparar o início do segundo ato, do outro lado do tabuleiro.


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    Lobos do mar em ação



    O segundo ato se passa no Orca, o barco de Quint que, como todos sabemos, poderia ser um pouquinho maior. Aqui, uma mecânica bem interessante: a cada turno, Bruce tem três opções de ação (dadas por cartas), e ele escolhe uma delas, mas não a revela imediatamente; antes disso, Brody, Hooper e Quint precisam se reposicionar no Orca e escolher as armas e equipamentos que pretendem utilizar naquele turno. Sim, tem aquilo tudo do filme: rifle, flare, gaiola, arpão, etc.


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    "Smile, you son of a..."



    Neste ato, a pancadaria come solta: ganha quem matar o outro primeiro. Bruce vai destruindo o Orca aos poucos, lembrando um pouco o desaparecimento das ilhas nos jogos Survive e A Ilha Proibida: os caçadores vão ficando sem espaço, com a movimentação bem restrita, e a chance de cair na água – onde a chance de receber mordidelas de Bruce é bem maior – aumenta.


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    "Você vai precisar de um barco maior..."



    Jaws foi feito pra Família Sorriso – regras simples (os pequenos podem jogar com a ajuda dos pais, dado que o jogo é semicooperativo), componentes atraentes, tema empolgante e um senso de narrativa e aventura (proporcionado pela organização do jogo em dois atos conectados entre si) que é garantia de diversão.


    Junte sua família, vista sua toca de banho mais feia e dê boas risadas ao redor de uma mesa de Jaws.


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    Comentários:

  • Não vi esse vindo (há!)

    Eu sou desse time do Jogo-com-IP-é-lixão, mas nem sei de onde tirei isso, afinal nunca joguei nada. Não sabia que esses jogos que vc listou eram da mesma turminha, bom saber que estão de certa forma especializando-se, ai é pra sair coisa boa.

    Grande abraço ao amigo de olhos azuis como o mar.

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  • red_djow::Não vi esse vindo (há!)

    Eu sou desse time do Jogo-com-IP-é-lixão, mas nem sei de onde tirei isso, afinal nunca joguei nada. Não sabia que esses jogos que vc listou eram da mesma turminha, bom saber que estão de certa forma especializando-se, ai é pra sair coisa boa.

    Grande abraço ao amigo de olhos azuis como o mar.

    Rapaz, esse jogo deveria ser o jogo oficial da sua cidade! Uma vergonha não haver um em cada domicílio desta maravilhosa pérola urbana catarinense.

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  • Curiosamente, revi o filme tem menos de 10 dias (depois de um intervalo provavelmente de uns 25 anos, kkkkk). Pensei "na época eu achava os efeitos legais, vamos ver hj, em TV com definição bem melhor". E... continuo achando q, especialmente pra época, Spielberg realmente teve a manha. Mesmo hj, e considerando 0 de computação gráfica, o tubarão é bem feito.

    Quanto ao jogo, eu não acho q chegaria comprando ele, mas certamente tinha vontade de experimentar. Já jogou com quais quantidades de jogadores? O q achou em cada uma?

    E continue trazendo mais coisa de fora da eurolândia, é o q mais me interessa. Meu grupo de jogatina é de desanimar qdo o assunto é sair da eurolândia. Se eu não acompanhar nada de novos jogos euro, certamente eles farão isso por mim, e comprarão os melhores pra jogarmos, kkkkkk.

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  • Ignatius::Curiosamente, revi o filme tem menos de 10 dias (depois de um intervalo provavelmente de uns 25 anos, kkkkk). Pensei "na época eu achava os efeitos legais, vamos ver hj, em TV com definição bem melhor". E... continuo achando q, especialmente pra época, Spielberg realmente teve a manha. Mesmo hj, e considerando 0 de computação gráfica, o tubarão é bem feito.

    Quanto ao jogo, eu não acho q chegaria comprando ele, mas certamente tinha vontade de experimentar. Já jogou com quais quantidades de jogadores? O q achou em cada uma?

    E continue trazendo mais coisa de fora da eurolândia, é o q mais me interessa. Meu grupo de jogatina é de desanimar qdo o assunto é sair da eurolândia. Se eu não acompanhar nada de novos jogos euro, certamente eles farão isso por mim, e comprarão os melhores pra jogarmos, kkkkkk.

    Já joguei com todas as contagens (2, 3 e 4 jogadores). Como é um jogo semicooperativo, não faz muita diferença. Com dois jogadores, um controla o tubarão e o outro controla os três personagens; com três jogadores, um jogador controla dois personagens e o outro controla um; com quatro, cada um controla um personagem... ou todos os jogadores podem controlar todos os personagens coletivamente. Não faz muita diferença. Como eu, particularmente, prefiro jogos pra duas pessoas, foi minha contagem favorita, mas com a família toda, cada um controlando um, a mesa fica bastante divertida e barulhenta (se gente como eu estiver na mesa, hahahaha).

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  • Legal! Eu adoro esse tipo de jogos!

    Tenho o Horrified e recomendo 100%. E se colocar na dificuldade mais alta, fica BEEEM difícil pra qualquer marmanjo!!!

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  • Patanga::Legal! Eu adoro esse tipo de jogos!

    Tenho o Horrified e recomendo 100%. E se colocar na dificuldade mais alta, fica BEEEM difícil pra qualquer marmanjo!!!

    Horrified com quatro monstros é absurdamente insano. Só recomendado para espíritos fortes.

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  • Estou ali na fila do preconceito, que torce o nariz pra jogo com "cara de brinquedo", até um Torres da vida já me passa alguma dor (e ele passaria na teste da Família Sorriso).

    E marcius, é uma experiência temática aí no final das contas? Ou tem altas estratégias e "fish building" (ou o que fizer sentido) pra se vencer?

    Pode trazer esse aí na próxima incursão catarinense que os Tubaronenses já saem na frente. :D

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  • isR34L::Estou ali na fila do preconceito, que torce o nariz pra jogo com "cara de brinquedo", até um Torres da vida já me passa alguma dor (e ele passaria na teste da Família Sorriso).

    E marcius, é uma experiência temática aí no final das contas? Ou tem altas estratégias e "fish building" (ou o que fizer sentido) pra se vencer?

    Pode trazer esse aí na próxima incursão catarinense que os Tubaronenses já saem na frente. :D

    Acho que uma palavra-chave aqui é "estratégia". Outra é "vencer". São coisas nas quais eu não penso jogando jogos temáticos. Quando eu jogo algo como Jaws, meu objetivo principal é rir o máximo possível. Eu vou fazer role playing, vou vestir touca de banho, vou fazer a trilha sonora do filme de forma tosca até as pessoas pedirem pra eu parar, e por aí vai. Eu realmente não me importo com o resultado da partida, só com o processo.
    MAS, PORÉM, TODAVIA, CONTUDO, se sua ideia é "vencer", há estratégias, sim. É um jogo de hidden movement na primeira metade, então você usa as ferramentas básicas nesse tipo de jogo (dedução, blefe, etc.), e na segunda metade você joga um jogo de ação programada e gerenciamento de risco. Viu como fica bem menos divertido? Hehehehe!

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  • Esse tenho vontade sim de jogar: deve oferecer aquilo que muitos jogos hoje  abdicam de proporcionar: diversão, aventura, lazer. Como o velho Survive. Congratulações pelo texto!

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Jaws - A Vida Fora da Eurolândia #2: Jaws

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