andrekohn::Cara, muito interessante seu texto. Porém, não concordo em plenitude com ele.
Quando você fala da "indústria da produção de reviews" e sobre como é "temerário fazer um review sem explorar um jogo", há dois pontos:
Primeiro, não acho que seja temerário não. Não é necessário assistir um filme diversas vezes para dizer se gostou ou não, nem jogar um jogo de videogame por diversas horas ou repetir um prato de comida pra dizer as suas impressões sobre aquilo. Em geral os reviews por aí nada mais são que resenhas opinativas. "Gostei disso, gostei daquilo, essa mecânica me agradou, essa não". O problema está em quem encara aquilo como uma verdade, quem lê e acha que pq falaram X ou Y do jogo, vai sr X ou Y.
Concordo que existe sim uma diferença entre jogar um jogo e explorá-lo, embora ache que não é necessário explorar um jogo para dar suas impressões sobre ele. Não vejo problema algum em alguém jogar um jogo uma ou duas vezes e ter sua opinião formada quanto a ele, não há uma regra do tipo "se não jogou pelo menos 10 vezes então esse review não pode ser sólido". Não é matemática, fórmula concreta, é opinião.
Segundo, sobre a indústria da produção de reviews, sim, ela existe e achei seu ponto muito bem levantado em questionar os reviews e não apenas aceitá-los como verdade absoluta. Mas no fundo, essa "indústria de produção de reviews" é isso, uma indústria vendendo seu peixe. Não tem como eu entrar num canal de youtube que recebeu o jogo de graça pra falar bem dele e esperar uma opinião sincera apontando os "problemas" do jogo.
No mais, fiquei com uma dúvida no texto: Apesar de você afirmar que é "muito temerário" fazer um review sem ter explorado o jogo, você também disse que "O mais importante de um review é justamente passar esse feeling, se o jogo é bacana de se jogar, que tipo de experiência ele traz e por aí vai". E isso não é possível fazer sem ter explorado o jogo a fundo? A meu ver, para passar esse feeling ter jogado o jogo é suficiente.
Bom tópico que levanta um debate bacana.
Puxa, André, fiquei muito feliz que você tenha se disposto a comentar. Seus reviews estão entre os melhores aqui do portal e é legal ouvir a opinião de gente que não apenas consome, mas produz reviews.
Com relação a um número de partidas para avaliar um jogo, acho importante, sim, principalmente para os jogos estratégicos, que são os que de fato me interessam. Entendo que não é uma coisa matemática e que nesse quesito em particular, conhecer muitos jogos e tê-los jogado outras vezes, faz muita diferença para que você perceba a granulosidade do design. Para jogos leves e party games, isso definitivamente é supérfluo.
Há alguns anos atrás, num natal qualquer, a Days of Wonder lançou o modo solo do Five Tribes. Eu adorei aquele jogo e, assim que saiu o modo solo, criei uma thread no BGG para saber as opiniões gerais. Foram positivas. Fui lá e comprei o jogo. Achei o modo solo um desastre, não replicava a experiência do jogo multiplayer para mim e era muito difícil. Joguei 2 partidas e vendi. Voltei no BGG, na mesma thread, e botei a boca no mundo, mas teve um cara que me desarticulou de forma tal que eu enfiei o rabo entre as pernas e não tive coragem de falar mais nada. Ele simplesmente me disse que eu não havia jogado o suficiente para perceber de fato como a estratégia funcionava. Aquilo foi um enorme alerta para mim, para que eu usasse melhor minhas opiniões e as embasasse também.
Eu não sou contra reviews pagos, muito pelo contrário. Acho que tem muita gente séria trabalhando com jogos de mesa e a gente pode confiar em muitas opiniões, sim. Acho, no entanto, que isso deve estar claro desde o primeiro momento. A pessoa tem que declarar esse conflito de interesse e, caso você ache que é um review enviesado, desconsidere.
Com relação à sua dúvida, até para passar um feeling de um jogo de maior complexidade (entenda aqui qualquer coisa de um euro/ameritrash médio para mais), você precisa explorar o jogo no termo que usei. Novamente, aqui a experiência pode te ajudar um pouco porque você aprende os caminhos e sabe o que procurar, tanto no gameplay quanto na produção, mas volto a falar que ela não é absolutamente essencial.
Não há fórmula ideal e nem review perfeito. Talvez o ponto chave seja entender a limitação desse tipo de mídia.