O Encontro
Fiz um encontro de jogos de tabuleiro na escola onde trabalho (maioria adolescentes do ensino médio) em Rio Grande da Serra. Primeiramente o público mais geek entrou junto comigo na biblioteca. Vieram então mais pessoas de forma tímida. Em pouco tempo houve a adesão de pessoas aleatórias que passavam em frente curiosas com a diversão que viam nas pessoas.
Tivemos Spyfall (um chamariz perfeito para atrair pessoas, com regras explicadas em segundos), King of Tokyo, Dixit, Splendor, Coup e Vudú (havia outros títulos mas eu não consegui dar conta de mais mesas).
Os alunos quebraram completamente seus paradigmas e se divertiram das 8h às 12:30, retornando(com direito a gente esperando na porta) das 13h às 14h quando tivemos que encerrar.
Tive que responder diversas pessoas perguntando qual o nome do jogo, onde compra, quanto custa, etc.
A barreira mental
Ela é imensa. Realmente as pessoas, ao meu entender, já tem um princípio bem gravado em seus interiores: "eu não gosto de jogos de tabuleiro, é minha verdade absoluta". Infelizmente as pessoas nem podem saber se gostam de jogos, pois nem conhecem os jogos para saberem!! É uma presunção extremamente comum que fazem, por falta de conhecimento. Eu percebo isso pois mesmo após eu dizer que há centenas de jogos bons no Brasil, elas continuam retrancadas dizendo frases como "olha, desse jogo eu gostei" ou "esse jogo é bom", as quais demonstram que ainda não acreditam que há um mundo inteiro por conhecerem, dão apenas fé naquele único jogo novo que experimentaram e recuam para acharem que sabem não gostar de jogos.
Claro que tem gente que não vai gostar de nenhum jogo, mas há uma imensidão de jovens que gostam ao menos de algum domínio de jogos e não sabem.

(evento na biblioteca)
Minha dúvida
Eu entendo a barreira psicológica das pessoas, mas eu, que nem formação psicológica tenho, cheguei quebrando isso na escola. Será que não tem nenhum "marketeiro" que consiga fazer o mesmo em grande escala? É preciso dizer para as pessoas que elas não conhecem coisa alguma sobre jogos de tabuleiro modernos (mas que **** termo de velho esse, viu?) e deveriam experimentar.
Os jogos são para todos, e isso me deixou com a seguinte dúvida, por qual razão as lojas e editoras divulgam apenas em canais e redes sociais frequentadas por geeks e nerds? Estão esperando que nerds façam o lançamento dos seus jogos para uma grande massa? Nerds não são conhecidos por serem os divulgadores mais abertos e sociáveis, até onde sei.
Investi em títulos de entrada, mandei o projeto para a escola, levei e organizei, fui monitor, com meu escasso tempo e meu dinheiro(também escasso). Fiz tudo isso pois acredito que mais pessoas tenham direito de conhecer um lazer, e eu não ganho nada com isso! Por que as pessoas que lucram com isso não ajudam a divulgar?
Agradeço à Bravo jogos que me ajudou a fornecer um título para sorteio, mas (se eu não estiver enganado) parece que as empresas querem tirar leite de pedra, espremendo lucro da mesma meia dúzia de nerds os quais me incluo. Isso não faz sentido na minha cabeça, com um Brasil continental de potenciais jogadores. É cansativo espalhar o hobby sozinho (como outros desbravadores que vi por aí nas comunidades).
Mendigando sim, sem vergonha alguma
Adicionalmente, se alguém tiver um joguinho moderno divertidinho encostado, encalhado que não vê mesa nem consegue passar na troca da ludopedia, estamos aceitando doações para a biblioteca da escola. Na biblioteca encontrei umas 10 versões de jogo da memória caseiras e outras coisas igualmente "apetitosas", feitas de boa vontade por voluntários, mas ultrapassados demais para 2019.
Agradeço por lerem e adicionarem na discussão!