"Assuma o papel de um trabalhador na produção de bens como barris, ferro, tijolos, vidro, alimentos, roupas e outros, decidindo o que, quando e como produzir."

Vídeo com regras detalhadas logo acima, e resumão com análise aí em baixo...

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E ok.
Seu objetivo aqui é administrar uma linha de produção, para transformar matérias primas em produtos, e os produtos em produtos ainda melhores. 

Antes de começar...
Neste jogo as cartas podem ser usadas como recursos, como construções, ou como bens de consumo, então é bom mostrar como elas funcionam:



O ícone no centro à esquerda mostra a matéria prima relacionada a esta carta.
No restante, você tem as informações da carta caso ela seja usada como uma construção: 
• No topo teremos o custo em moedas para construir, e os pontos de vitória que esta construção concede. 
• Na área de baixo temos um quadro com as características dessa construção: No centro do quadro o bem de consumo que ela produz com seu valor de mercado. No lado esquerdo os recursos que você precisa para iniciar a produção, e no lado direito (entre as correntes) o que você precisa para dar continuidade à produção.
• E por fim, cada carta fechada sobre uma construção representa um bem de consumo produzido nela.

Neste jogo todos os jogadores jogam ao mesmo tempo, seguindo uma linha bem delimitada de fases:

1. Cartas.
Todos os jogadores começam com 5 cartas na mão, e nesta primeira fase podem descartar todas, uma vez, e comprar a mesma quantidade do baralho central.
Depois que todos decidiram se fazem isso ou não, todos compram 2 cartas da pilha central.



2. Nascer do Sol.
Abra cartas do baralho formando uma linha central de recursos, até que duas figuras de meio sol apareçam.



Os recursos dessas cartas estão disponíveis para todos os jogadores nesta rodada.

3. Trabalhar.
Neste ponto, cada jogador escolhe qual construção deseja ativar nesta rodada, e posicionam seu trabalhador abaixo dela.
O Lado em que o trabalhador é colocado define como a construção será ativada. No lado "atento", você produzirá dois bens de consumo daquela construção, mas vai precisar de todos os recursos exigidos para iniciar a produção. no lado "desatento", você produzirá apenas um bem de consumo, mas precisará de um recurso a menos para produzir. 



Além disso, nesta etapa você pode escolher uma construção da sua mão e colocar fechada à sua frente, indicando que você quer construir o que estiver na carta.

4. Pôr do Sol.
Continue abrindo cartas na linha central até que novos 2 meio sóis apareçam.



5. Produção.
E então cada jogador poderá ativar suas construções com trabalhadores.
A ideia aqui é que os itens da linha central estão disponíveis para todos, gratuitamente. E cada construção exige alguns recursos para começar a produzir. Simplesmente veja se todos os recursos necessários estão disponíveis, se não estiverem você ainda pode descartar cartas da sua mão para suprir a demanda.



Se a produção foi iniciada com sucesso, veja a posição de seu trabalhador e coloque cartas fechadas sobre a construção. Cada carta destas representa um recurso produzido nela.

Ainda, se a produção foi iniciada com sucesso, você poderá dar continuidade à ela. Pague recursos da sua mão e bens de consumo de outras construções, que sejam do mesmo tipo da exigida entre as correntes, e eles são convertidos em novos produtos sobre a carta.
Perceba que para dar continuidade à produção você não poderá usar as cartas da linha central ou de guildas. Elas devem vir obrigatoriamente de sua mão ou bens de consumo de outras construções.



Por fim, se você deixou uma carta fechada para construir, revele e pague o valor em dinheiro.
O dinheiro neste jogo são os próprios produtos, então descarte produtos que somem o valor que você deve, e deixe a carta de construção aberta à sua frente.



Se você decidiu não construir, ainda pode contratar um ajudante.
Cada um apresenta um custo e um pré requisito determinado pela cor das cartas que você já construiu.
Ao contratar, você deve escolher imediatamente onde ele irá trabalhar para o restante da partida, e funcionará de forma parecida ao seu trabalhador inicial. Mas sempre exigindo todos os recursos, e gerando apenas um bem de consumo ao iniciar a produção.

Então o turno se repete.
O aviso de fim de jogo dispara quando um jogador possuir 8 construções na mesa, vocês jogam mais um turno, e partem para a pontuação.



Simplesmente somem as pontuações de suas construções, mais a de seus trabalhadores, mais um ponto para cada 5 moedas em produtos que você possuir no fim de jogo.

O jogador com a maior soma é o vencedor.

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Então vamos com calma porque gosto desse jogo e desatei a escrever...

De tempo em tempo falo que Oh my Goods é meu cardgame favorito. 
Ele está longe de ser perfeito, e muitas pessoas odeiam ele de coração. Mas isso não impede que ele supra todos os pontos que realmente procuro em um jogo de caixa pequena.

Então seguindo os fatos...

Se fosse para resumir este jogo eu diria que ele é um jogo de entrada com uma pegada Euro, produção e gerenciamento de recursos, sem interferência dos outros jogadores. Só que misturado com um bom fator de "force a sua sorte", já que boa parte das suas escolhas serão feitas sem ter todas as informações abertas na mesa. Contrastante, mas no fim, é um jogo com administração de riscos.

Apesar de tudo que vou falar aqui, este jogo não tem a pretensão de ser um jogo grande. Ele é um jogo de caixa pequena, bom para início ou fim de jogatinas.

Começando pela parte meio Euro.
O foco é montar a melhor linha de produção no decorrer da partida. 
Então, como é de imaginar, você parte de recursos básicos sem valor e, a partir das construções que conseguiu, vai transformando eles em recursos melhores, com bom valor agregado.

Aqui você terá uma boa quantidade de caminhos diferentes de produção.
Então pode apostar em linhas menores, como a produção de tijolos que só precisam da sua carvoaria e uma fornalha, mas geram um recurso não tão valioso. Ou apostar em algo mais elaborado, como alimento, que parte de um moinho, para padaria, e então para a cozinha, gerando várias moedas. 
As duas estratégias funcionam na partida.

Falando assim parece que você escolherá um produto e ficará com ele na partida, o que é um erro.
É comum os jogadores tentarem administrar três ou quatro linhas de produção diferentes ao mesmo tempo. E a simples ideia de que existem 5 tipos de matéria prima no jogo já mostra a razão disso.
Cada construção exige 2 matérias primas diferentes para iniciar a produção, então nada mais óbvio do que diversificar as construções de base para garantir que pelo menos uma delas irá produzir independente dos recursos que você tiver.

Para você ter uma ideia, minhas partidas duram cerca de 9 turnos. Se você não possuir ajudantes, só uma das suas construções poderá ser ativada a cada rodada. E se você não possuir os recursos para iniciar a produção dela, você simplesmente não produzirá. Perder um turno em uma partida de 9 turnos é algo grave.
Se não bastasse, você só poderá construir uma vez por rodada. Então trate de escolher construções que realmente cooperem entre si, seja por serem do mesmo tipo, ou por abrirem mais o seu leque de escolhas durante a partida.
O jogo é mais apertado do que parece, e tende a terminar antes que você consiga se estabelecer completamente. O planejamento aqui é precioso para manter o dinheiro entrando.

Agora, o jogo possui seu lado de Sorte.
As fases de nascer e pôr do sol trazem os recursos disponíveis para todos os jogadores na rodada, mas a sacada aqui é que você escolherá a construção de seu trabalhador antes do pôr do sol. 
Você fará a escolha antes de ver todos os recursos disponíveis da rodada.

Mas temos algumas formas de contornar este fator de sorte:
• Temos as cartas na mão, que podem ser descartadas para gerar recursos extras. Mesmo que um recurso não apareça na linha central, pode ser que você tenha ele garantido.
• Temos a disposição do trabalhador. Se você não se garantir, pode usar o trabalhador desatento, que produz apenas uma carta, mas usando um recurso a menos do que o exigido.
• Adiantando na partida, você certamente terá mais de uma construção para escolher, o que deixa você julgar se é bom garantir a produção em algo diferente e tentar a estratégia principal em outro turno.
• Existe a troca de cartas no início de cada rodada. Afinal, você conhece suas construções. Se as cartas de sua mão não favorecem as construções que você já tem, pode descartar todas e comprar a mesma quantidade, mais as duas cartas do início do turno.
• E temos as Guildas, cartas pretas, que não produzem, mas garantem uma matéria prima fixa turno a turno, como se ela estivesse na linha central. E apenas para você.

Nenhuma destas formas de controle pode garantir, com 100% de eficiência, que você irá produzir, mas me encanta a quantidade de oportunidades que você tem. Se tudo fosse controlado não teríamos o "force a sua sorte" né?
Aí vem a questão, geralmente jogar na certeza que tudo vai dar certo não dá tanto retorno.
Por exemplo, gastar cartas da sua mão para garantir a produção na verdade queima cartas que poderiam ser usadas para dar continuidade a outra produção. Geralmente os custos de início são bem maiores que os de continuidade, então cada recurso que você conseguir economizar acaba dando uma boa força na quantidade de produtos gerados.
Você precisa gerenciar os riscos.

Seguindo essa lógica, você acaba tentado a apostar nos recursos do pôr do sol para conseguir produções maiores em construções não garantidas. E muitas vezes perderá produções garantidas por conta disso.

Outra característica, que você já deve ter percebido, é que neste jogo você não precisa se preocupar com a geração de recursos básicos.
Como a produção dos recursos iniciais é passiva, sendo gerada na mão e na linha central, você realmente se concentra apenas nas linhas de produção. O que vai diferenciar a pontuação dos jogadores é o próprio gerenciamento e escolha de riscos de cada um.

E no fim de tudo ainda temos a pontuação.
Tudo que você faz gera pontos de vitória. Cada construção, cada ajudante e cada produto.
Claro, juntar dinheiro é bom, mas a pontuação que você consegue gastando esse dinheiro, em construções e ajudantes, sempre será maior. Não existe dúvidas de que economizar neste jogo só vale a pena se você quiser uma construção específica.

Outra consequência desse sistema de pontuação é que você juntará pontos turno a turno. Nunca vi uma explosão de pontuação que tirasse as chances de vitória de outros jogadores.
Lembre que você construirá apenas uma vez por rodada, e geralmente o dinheiro das produções é convertido em construções. Então neste jogo você realmente tem uma sensação de progresso lento e contínuo. Vence o jogador que conseguiu fazer o melhor durante toda a partida, e não em apenas uma rodada.

Pulei completamente questões como rejogabilidade, que considero muito alta graças a quantidade de cartas e a forma com que elas giram no baralho. E a questão das cartas possuírem várias funções no jogo, algo que gosto muito.



Mas, chega de falar bem... esse jogo possui pontos negativos claros.

Alguns jogadores vão se afastar por conta da curva de aprendizado.
Oh my Goods não é tão simples como parece, trás muitas informações nas cartas, não possui uma arte muito chamativa, e exige um conhecimento prévio das linhas de produção para que se monte uma estratégia realmente efetiva.
Nas primeiras partidas ele pode parecer aleatório demais, já que as cartas que você tem em mente não apareceram. Mas é como falei, várias estratégias vão passar pela sua mão, talvez aproveitar elas em vez de focar na que você já definiu seja o caminho certo.

Pelo menos comigo, Oh my Goods foi um daqueles jogos que melhoram conforme você joga. A sinergia entre as cartas começa a aparecer aos poucos, conforme você vai conhecendo o baralho.

Por isso mesmo não considero ele um cardgame família, apesar de que deva funcionar em alguns grupos.
Aqui é comum jogadores de primeira viagem desconfiarem do jogo, e as vezes até tentarem fugir antes de conhece-lo, exatamente por conta desse impacto inicial. Mas devo dizer que, depois da primeira partida, ele acaba sendo requisitado com frequência. 

Outro ponto é o fato dele possuir uma interação nula.
Jogar solo e em 4 jogadores é basicamente a mesma coisa, simplesmente não há como influenciar nas linhas de produção adversárias. Os oponentes aqui servem para definir uma pontuação alvo. 
Essa característica é comum em jogos Euro, já que cria um ambiente mais "justo" de pontuação. Mas com certeza você encontrará jogadores que não gostam desse "isolamento" em um hobbie que busca juntar pessoas num momento descontraído.

E é claro, já comentei que este jogo possui um fator sorte, e os mecanismos de controle de sorte, e em como você pode chegar a perder um turno se não conseguir produzir.
No fundo... Sorte é Sorte... e este jogo possui Sorte....
A partida pode sim se tornar extremamente frustrante se suas apostas começarem a dar errado. As cartas podem simplesmente não aparecer, e você pode passar dois ou três turnos seguidos sem realizar ação alguma.
Então lembre que comentei que ele tem uma pegada euro, mas misturada com o fator de force a sua sorte. Você não terá o controle total sobre todas as suas ações na partida, e seus planos vão dar errado pelo simples fato do jogo definir que vão.
Isso certamente afastará jogadores que gostam de colocar todos os seus neurônios a prova durante uma jogatina.

Mas assim como alguns jogadores vão se afastar, outros vão se aproximar pelo mesmo motivo.
Euros clássicos de entrada, como Stone Age e Catan, possuem suas rolagens de dados e também podem ser frustrantes demais.

No fim, Oh my Goods é mais pesado que outros fillers, mas não chega a ser o prato principal da noite.
 
Repito, este é meu cardgame favorito. 
Gosto dos pontos de decisão, gosto das estratégias disponíveis, gosto da rejogabilidade absurda, além de pessoalmente não ser afetado pelos pontos negativos que comentei.
Sem contar que Oh my Goods possuir a única característica realmente importante de qualquer jogo: eu me divirto jogando.

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