Eu entendo a dificuldade de lidar com um produto em "eterno desenvolvimento" como o Root, e respeito demais a Meeple BR por topar a bucha de trazer o jogo para o Brasil. No entanto, me parece que a maior parte dos erros não se deu por conta desse desafio, mas por uma constante dificuldade da editora com tradução e revisão.
O guia introdutório que acompanha o jogo (uma folha A4 em preto e branco com as "regras de ouro" e os componentes) é constrangedora, com frases quebradas e desconexas, tradução incompreensível, erros às dúzias. Ler essa folha em voz alta deixou meu grupo de jogo estarrecido (aliás, em defesa da Meeple BR e para a sorte de todos nós, o restante da tradução é de nível muito superior, o que me deixa curioso com o que pode ter acontecido. Foi traduzida de última hora? Foram tradutores diferentes?).
Fico chateado que a Meeple BR, uma empresa com intenções incríveis, uma boa relação com os clientes e alguns dos meus jogos favoritos na vida, sofra tanto (e tenha tanto prejuízo, financeiro e de imagem) com questões que poderiam ser simples. Imagina a dor de cabeça que deve ter sido repor as cartas de Terraforming Mars, como eles prontamente fizeram, apenas porque não rolou uma revisão à altura - e lembrando que sobraram vários erros de digitação e tradução a arrumar, mas que felizmente não comprometem a jogabilidade em nenhum grau. Repor os tabuleiros de facção no Root, imagino, deve ser ainda mais difícil, e ao contrário do que consegue a Conclave, que é uma empresa maior e repôs os tabuleiros de Robinson Crusoé, a Meeple BR vai ter que contornar a situação como puder, com erratas, pedidos de desculpas e similares que deixarão o público inevitavelmente insatisfeito. O que nos resta é apenas a esperança de que a editora perceba que o investimento em tradutores e revisores gabaritados (para tudo, até mesmo a página A4 que acompanha o jogo) não é um luxo, mas uma necessidade da indústria de jogos de tabuleiro. Aliás, o mapa trocado nos Marqueses Mecânicos nem é questão de tradução e revisão de texto, trata-se de um tipo de descuido muito estranho que exige um revisor de imagens e de diagramação profissional.
Parabenizo a editora pela paixão, mas nem só de paixão vive o hobby. Ficam meus votos de que continuem melhorando com seus erros e façam os investimentos adequados!