No final do ano passado, resolvi tentar criar um grupo com a proposta de jogar Power Grid (um dos meus jogos favoritos) mensalmente em 2019. Tenho todos os mapas do jogo, alguns deles ainda lacrados, e resolvi dar um jeito nessa situação. Lancei a ideia nos WhatsApps da vida, em busca de interessados. Deu certo. Grupo formado, já rolou a primeira partida ainda em dezembro, e a ideia vingou. Yay!
Hoje fizemos a partida de abril, com alguns dias de atraso, na loja Antares. Compareceram 5 marmanjos: eu, Hermes (Hermes), Paulo O., André (AndréArrais) e Tiago (TiagoSales). O mapa do mês foi o da Rússia, com a maioria das cidades e conexões baratas concentradas no oeste do país, e com outro grupo de cidades meio isolado a sudeste. A nordeste, a vastidão siberiana, com cidades escassas e conexões caríssimas. Pelas regras desse mapa, o mercado só tem 6 cartas, metade no mercado presente, metade no futuro. Não há lixo na oferta inicial, as usinas 6 e 14 ficam na caixa, e óleo é o recurso mais barato e abundante no início da partida.
Na primeira rodada de construção, Hermes (azul) construiu uma casa no bloco a sudeste e Tiago (vermelho) investiu na muvuca da esquerda do mapa, numa segura posição central. Eu (amarelo), terceiro a construir, fiquei num dilema: abraço a muvuca com o Tiago, contando com André (roxo) ou Paulo (preto) pra marcarem Hermes e não deixá-lo sozinho no sudeste, onde ele teria um latifúndio pra chafurdar? Ou eu mesmo já faço frente ao Hermes? Escolhi a primeira opção. O problema é que André e Paulo fizeram a mesma coisa. Oh-oh.

Ali eu já pensei: "lascou". Pelas minhas contas, Hermes teria os steps 1 e 2 pra explorar aquela área com toda a tranquilidade do planeta, enquanto os outros quatro já estávamos nos acotovelando no final do step 1. Meu fiapo de esperança era meu posicionamento meio que no limite entre as duas áreas, com algumas conexões muito baratas (de custos 3 e 4) me aguardando nos steps 2 e 3, tanto no sentido leste quanto no sentido oeste. Pra isso, eu precisaria trabalhar muito bem a ordem do turno, investindo nas usinas mais baratas e, preferencialmente, movidas a óleo, o combustível mais em conta do mapa russo.
No finalzinho do step 1, a situação do mapa correspondia à minha previsão: Hermes nadando de braçada no sudeste, e os outros quatro trocando sopapos no oeste.

Foi justamente esse travamento que começou a mudar a história do jogo. André juntou seus últimos trocados e avançou pro leste, desbravando a Trans-Siberiana. Eu me preparava para avançar pelo extremo sul, economizando elektrons importantes nos leilões, numa estratégia arriscada (fiquei com uma usina que iluminava apenas uma cidade até o último leilão!). No step 2, Hermes adotou uma estratégia (spoiler!) que provavelmente lhe custou a partida: arrancou na construção de casas (talvez com medo de ser bloqueado pelo avanço dos outros quatro jogadores na sua direção) e amargou o primeiro lugar (último a comprar recursos e último a construir) até o fim do jogo. Eu me preparava para uma configuração de usinas 4-6-7 no endgame, confiante em que conseguiria construir e iluminar pelo menos 16. No leilão final, Hermes fechou sua configuração em 5-5-5, os demais também só conseguiam iluminar 15 casas, e eu, último a arrematar, fiquei livre para comprar uma usina 7 a preço de face, com mais de 120 elektrons em caixa para construir 5 casas. Resultado: minha segunda vitória em 5 partidas, com o placar até agora assim: Hermes 2 x Marcius 2 x Paulo 1.
Jogar Power Grid com um grupo dedicado ao jogo é incrível. A variedade dos mapas e regras, combinada com um grupo de jogadores que conhecem o jogo e sabem se adaptar às idiossincrasias de cada mapa, torna cada partida uma aventura. É sempre bom dar uma pausa na nossa eterna busca por novidades e dedicar algumas horas por mês a um velho conhecido como Power Grid, cujas possibilidades ainda estamos longe de esgotar.
Amanhã parto pra uma semana de férias na terra do Messi. Até a volta!