Atenção! O tópico não se destina a falar sobre preconceitos da esfera social - como machismo, racismo, discriminações por religião, etc -, mas a debater os "preconceitos" (entre aspas mesmo) que os integrantes do nosso hobby possam ter para com coisas dentro desse universo.
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Que o preconceito é prejudicial para a humanidade em geral é algo indiscutível, mas dentro do nosso hobby de jogos de tabuleiro, existe esse tipo de problema?
Ao meu ver, bastante! Veja bem, eu mesmo tenho alguns preconceitos, sentimentos hostis direcionados a algum tipo de coisa no hobby. O primeiro preconceito que me vem à cabeça quando o assunto são boardgames é a arte do jogo. Eu abomino jogos com arte mal feita, sem graça, ou que eu considere feia e logo ao bater o olho no jogo, independente de conhecer suas mecânicas ou tê-lo jogado, se a arte for ruim já me bate a sensação de "esse aí eu não tenho nem vontade de experimentar".
Outro preconceito particular que tenho é com jogos sem tema ou com tema que eu considere enfadonhos. O recém-lançado Wingspan, por exemplo: não sei nem como funciona o jogo, mas só de ver que o tema é de criação de pássaros, já bate uma angústia forte pra experimentá-lo.
O que falar dos designers com os quais meu gosto não se assemelha, então? Olha, é claro que se eu experimentei alguns jogos do designer X e não gostei, dificilmente os próximos cairão no meu agrado. Mas podem de fato agradar, não? Claro que podem! Mas se eu vejo o nome "Jamey Stegmaier" na caixa do jogo já julgo que deve ser ruim. Preconceito puro!

Criação de pássaros como tema principal? Sério mesmo?
Food Chain Magnate: Pode ser um jogão...mas não dava pra fazer uma arte melhorzinha não?
Obviamente, não sou o único do hobby a carregar esse tipo de sentimento - acredito que a maioria de nós carregue, aliás. Já vi muita gente por aí falando que abomina qualquer tipo de jogo com aplicativo, sem sequer ter jogado pra saber se é bom ou não. A simples ideia de jogar com o aplicativo já a afasta do jogo, independente da possibilidade daquilo ser algo maravilhoso. Tem muita gente também que simplesmente não joga jogos com aleatoriedade, por menor que seja. "Jogo bom é o que tem 0 de sorte!", já ouvi por aí.
Repare que não estou entrando no mérito de gostar ou não do tema do jogo, das suas mecânicas, do designer, etc., pois isso é completamente subjetivo. Estou falando da ideia de uma opinião desfavorável a algo baseado em...em o quê mesmo? Em nada, na real, e, eis aqui, o preconceito. Deixar de jogar algo ou denegrir um jogo porque é do designer X ou Y, ou porque a arte é medonha, ou porque o jogo vem com aplicativo é uma convicção muito pobre que carregamos no hobby - eu incluído nesse barco!
Essas convicções agregam pouco e ainda menos à nossa atividade. Todo mundo tem seu gosto pessoal, isso é indiscutível, mas o conceito da repulsa de jogos por conta de convicções baseadas em nada é que está em pauta aqui. É claro que é possível experimentar um jogo com o pé atrás por conta do estilo dele, do designer, do tema, da arte, etc e ainda assim não gostar dele. O que complica é quando, baseado nessas questões, já espalhamos aos quatro ventos que o jogo não deve prestar, que é uma porcaria, que não entende como as pessoas gostam daquilo, etc, sem sequer experimentar pra saber se agrada ou não ou para, ao menos, tentar entender o motivo daquele jogo ter feito sucesso com outras pessoas.
Demorei meses para criar coragem de jogar Lisboa porque achava sua arte terrível - diferente da opinião da maioria, aquela azulejada toda passou longe de me agradar. E quanto tempo perdido! Lisboa é hoje um dos jogos que mais curto de colocar na mesa. E quem disse que Wingspan não vai me agradar também, apesar do meu preconceito com o tema? Agora é desconstruir esse meu preconceito para testá-lo e até, quem sabe, me surpreender.
E você, tem algum tipo de preconceito? Se sim, é trabalhar pra diminuir isso e aproveitar ao máximo o que o hobby tem a oferecer.
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