Somos fazendeiros, vivendo na Europa central logo após o fim da peste negra. 
São tempos difíceis, e a fome está logo à frente..

Então... segue o vídeo com as regras mais detalhadas aí em cima, e o resumão aí embaixo...



Neste jogo queremos produzir um pouco de tudo, sem passar fome, para conseguir pontos de vitória (ou seriam pontos de sobrevivência).
E a estrutura básica do turno é simples.



Primeiro, você abre um espaço de ação, de um baralho de ações semi-aleatórias, no tabuleiro central.
Depois, os jogadores alternam a vez alocando um de seus trabalhadores em um espaço vago no tabuleiro central, e realizam a ação descrita nele.
Quando todos alocarem todos os seus trabalhadores, eles voltam para sua fazenda, e o turno se repete.



Agora, a parte divertida é que você realmente sente que está começando sua própria fazenda, com poucos recursos e opções. Mas conforme o jogo caminha, novas opções vão se abrindo e criando um verdadeiro mapa de ações possíveis.

Por exemplo, você pode cultivar.
Só precisa arar um campo, conseguir sementes, plantar as sementes, e esperar a colheita.



Você pode cuidar de animais, juntando madeira, para construir cercas, e alojar seus novos animais nelas. Além de poder construir estábulos para aumentar o número de animais em cada cercado.



Você pode reformar sua casa, juntando junco e outros materiais, para então construir novos cômodos ou mesmo melhora-los. E quem sabe, aumentar sua família em seguida.



Pode até juntar material para construir uma cozinha, que melhora sua eficiência na produção de alimento.



Isso sem contar um grande número de ofícios para serem aprendidos por seus trabalhadores, e pequenas melhorias para seu dia a dia.



E apesar dos vários caminhos a seguir, o jogo é simples: aloque um peão e realize a ação do local.
O jogo vai avançando até você ver sua fazenda crescer.


 
Mas a grande questão é que de tempo em tempo, vocês passarão por uma fase de colheita.
Aqui vocês vão receber alimento de suas plantações, seus animais irão se reproduzir, mas vocês deverão alimentar seus trabalhadores.
E se não conseguirem alimentar terão que mendigar, o que, no final do jogo, gera 3 pontos negativos por alimento que faltar.



O jogo se encerra depois da última fase de colheita no tabuleiro.
E então vocês contam quantos pontos conseguiram, tendo como base praticamente tudo que terminou em suas fazendas.



Quem possuir a maior pontuação é o vencedor.



E já existe tanto material sobre o Agrícola, discutindo se ele é bom ou ruim, se a versão revisada é melhor, se ele é melhor que Caverna, que mehhhh... 
Então segue um relato sobre a forma com que o jogo se mostrou nos meus grupos:



Esse é um jogo que demorei mais do que devia para conhecer. 
E não digo isso por toda a sua fama, mas sim porque ele apresenta a mecânica de alocação de trabalhadores em sua forma mais simples... e só. E essa simplicidade de mecânica, para mim, é a condição para a criação de um Clássico.

Explicando melhor, nesse jogo você basicamente aloca um peão, e o peão "trabalha" realizando a ação do local em que ele está, e de tempo em tempo você precisa pagar comida para cada um de seus peões. Entendendo isso a pessoa já consegue participar de uma partida (Isso e a questão das cartas que logo comento).
A prova real veio quando resolvi apresentar o jogo para minha mãe (jogadora de Ticket to Ride e Dixit), e ela amou a experiência. 
A primeira partida com ela foi lenta sim, já que são várias opções de ação abertas quando comparado à jogos mais leves, e você não sabe bem o que quer. Mas na segunda partida ela já tinha toda a informação que precisava para se arriscar em uma estratégia concreta.

Algumas partidas depois, minha mãe resolveu colocar Agrícola na mesa com familiares que nunca jogaram nada, incluindo uma criança com cerca de 8 anos. E eu entrei em pânico.
Novamente, a partida foi lenta, mas se desenrolou com perfeição. Três partidas depois e até a criança já jogava sozinha esboçando suas estratégias.

Aqui já deu para ver que a base do jogo é simples, apesar de sua fama.
Mas se fosse só isso, o jogo seria simplista. Aí entra a estrutura de ações.
Neste jogo você tem muitas coisas para fazer, e geralmente cada coisa tem várias etapas. 
Então se você quiser sobreviver com carne de ovelha, primeiro vai precisar de madeira, para então construir um cercado, e só depois juntar seus animais nele. Sem contar que precisará coletar argila e pedra para construir um forno, porque a ovelha por ela mesma não serve como alimento.

E o divertido é que essa sequência de ações faz sentido dentro de um contexto da fazenda. Então é fácil de lembrar.
Novos jogadores podem até ter dúvida sobre como chegar à determinado item, mas eles já tem hipóteses claras sobre o caminho até ele.

Outro ponto.
Falei sobre comer ovelhas, mas já joguei com pessoas que, por razões pessoais, não gostam dessa ideia. Então elas partiram para estratégias que garantem que nenhum animal seja morto na fazenda delas. E o interessante é que o jogo permite essa estratégia naturalmente. 
Então apesar de Agrícola passar a impressão de ser pesado no quesito fome, a ponto do jogador ter que entregar tudo para alimentar todo mundo, o jogo não te obriga a seguir um caminho. O planejamento e estratégia fazem a diferença aqui.
Já vi uma pessoa ganhar o jogo praticamente sem coletar comida, apenas usando de forma maestral os efeitos das cartas que ele conseguiu juntar.

E já aproveitando para falar das cartas de melhorias menores e ofícios, que são as que começam na sua mão. 
É bom deixar claro que geralmente não uso elas com novatos por duas razões:

• Primeiro porque é melhor eles se acostumarem com a estrutura das ações básicas. Uma das diversões de Agrícola é planejar e estruturar um caminho para conseguir o que você quer. E você só vai conseguir isso numa segunda ou terceira partida.
• Segundo porque são 14 cartas na sua mão de uma vez só. Cada uma referenciando alguma etapa ou recurso de outra ação.

Mesmo quem já conhece o jogo tende a ficar em dúvida com estas cartas. Então pelo menos numa primeira partida, deixe elas na caixa e use a variante simples do jogo.

Mas é fato que estas mesmas cartas são a "rejogabilidade" do Agrícola.
Elas trazem vantagens em determinadas estratégias, então acabam fazendo os jogadores se arriscarem mais em estratégias que não estão acostumados. E isso é uma coisa maravilhosa. Mesmo com as ações do tabuleiro se repetindo partida a partida, as cartas na mão dos jogadores fazem com que cada partida seja única.

E falei agora a pouco que Agrícola é um jogo mais leve do que parece, mas isso é uma meia verdade.
Conforme meu grupo foi conhecendo o jogo partida a partida, o jogo foi ficando mais denso. Não só a interação indireta entre os jogadores ficou mais feroz, como a quantidade de neurônios queimados aumentou. Quanto mais você joga, mais vê possibilidades, e mais você se arrisca para conseguir o que quer. E aí sim ele pode ser considerado um jogo pesado. 
Então por mais estranho que pareça, considero Agrícola um jogo leve para novatos, mas que pode ser pesado para veteranos.

E por fim, para não dizer que o jogo é a maravilha das maravilhas, já teve casos no meu grupo em que jogadores não se animaram. 
As reclamações partem da ideia de que o jogo parece um trabalho. Afinal, como comentei, a diversão está ligada ao planejamento e a estrutura de ações. 
Sem contar que você tem a sensação de escassez e mendigagem a partida inteira. Então por mais que você tenha o plano perfeito, vai faltar algo.
E na verdade o jogo foi planejado para ser assim.
Por outro lado, essa dose de frustração faz boa parte dos jogadores resolverem iniciar uma segunda partida para ver se conseguem realizar seus planos de uma forma mais efetiva.

E acredito que é isso, ou melhor, foi isso que a minha cópia de Agricola viu aqui em casa.

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