Eric Costa::Acho que naturalmente os jogos irão utilizar cada vez mais recursos eletrônicos para funcionar.
O meu grande problema com isso é quando o jogo depende EXCLUSIVAMENTE de um aplicativo para funcionar, caso do Mansions of Madness.
Meu aplicativo não está mais funcionando desde a ultima atualização em janeiro, e tive que instalar o jogo em um notebook para jogar, além de comprar as DLCs novamente, pois elas não migram de plataforma.
Fiz dezenas de contatos com a FFG, com a Google, e simplesmente não solucionam meu problema.
E aí que se encontra um grave problema, pois você tem dois tipos de produtos diferentes com meios de reclamações diferentes.
Se eu pago por um serviço digital e ele não funciona, posso solicitar a devolução do meu dinheiro ou cessar o serviço para contratar outro serviço, mas não no caso de um jogo de tabuleiro. Eu já comprei o jogo físico e não posso solicitar a devolução do meu dinheiro por conta do não funcionamento do software por mais de 2 meses.
Imaginem uma situação onde o jogador não tenha acesso a um PC para instalar o software e não consiga mais usar o aplicativo. Essa pessoa gastou quase 500 reais em um produto e simplesmente não pode usar.
Então esse é um grande problema, aplicativo e jogo físico são encarados como produtos separados.
Não vejo problemas de depender exclusivamente do aplicativo, mas realmente não tinha parado pra pensar nesse tipo de questão - pois nunca aconteceu comigo. Valeu por compartilhar sua experiência, realmente me fez pensar um pouco nisso. Se o app é parte integral do Boardgame, ambos deveriam ser encarados como um produto único. O problema, no seu caso, não é em relação ao design do jogo então, mas ao suporte dado pro jogo como um todo. Boa reflexão, meu caro.
vickpinto:: Antes de dar minha opinião, acredito que seja interessante falar algumas coisas sobre mim. Tenho 26 anos, durante toda a minha infância joguei video-games (tendo começado com o saudoso super nintendo) e até hoje jogo (atualmente tenho um nintendo switch, mas já tive consoles da sony e microsoft também), e já estou no hobby a cerca de 5 anos.
Eu acho que a dependência de aplicativo é algo que pode acarretar vários problemas, como incompatibilidade com celulares mais antigos ou muito recentes, problemas em migrar conteúdo adicional comprado entre plataformas (como na troca de celular que não utilize o mesmo OS do anterior), entre outros.
Acredito que jogos em que o aplicativo venha para substituir um dos seguintes itens:
- Overlord
- Folha de pontuação
- Cálculos de padrões ou pontuações de rodada
- Movimentação secreta de inimigos
Sem que seja removida do jogo a opção analógica (mesmo que seja na figura de um overlord ou um mediador), seja a melhor opção para não causar estranhamento no hobby.
Admito que a ideia de um jogo que seja exclusivamente jogável via aplicativo me assusta por alguns motivos, são eles:
- Inutilização, mesmo que temporária, do jogo em caso de falha no aplicativo (falta de atualização, incompatibilidade com equipamentos, bugs, falta de bateria, etc).
- Trazer o celular para a mesa (no meu grupo isso é um problema, pois desvia a atenção dos jogadores com notificações constantes)
- Perde o diferencial para jovens já viciados em jogos digitais ("se é pra jogar no celular eu prefiro jogar o jogo xxxxx", vai ser o argumento de seu filho/sobrinho/etc quando você chamar para jogar)
Em resumo, acredito que perder a característica de "offline" que é um grande diferencial dos BGs atualmente pode ser uma mudança radical demais. Pois para as próximas gerações, já nascidas e criadas na era da internet, qual vai ser o atrativo em usar pecinhas físicas, estáticas e com monocromáticas, para jogar um jogo com os amigos, se eles podem fazer isso 100% online, com modelos animados, efeitos sonoros e trilhas sonoras criadas para gerar mais imersão?
Como todo progresso, nós que já conhecemos o meio temos receio das mudanças e é por isso que eu acredito que elas devem ser feitas de forma gradual, para não agredir as fundações dos jogos atuais, que somos nós, os jogadores.
Entendi seus pontos, mas permita-me discordar, amigo. Os jogos dependentes de aplicativo estão sempre recebendo suporte para que as pessoas consigam continuar jogando, então dificilmente issos erá um fator que impedirá as pessoas de jogarem. No caso do Mansions o que "preocupa" é a falta de updates com novos cenários, mas quem comprou o jogo deve ter comprado com a informação de que, obviamente, um dia o jogo deixará de receber suporte, pois terá chegado ao fim de seu ciclo de vida - como todo boardgame baseado em cenários ou campanhas.
Os outros pontos levantados, em relação a trazer o celular pra mesa e "perder o diferencial pra jovens" são, pra mim, "problemas"
da mesa, não da junção jogo + aplicativo. Se o grupo perde atenção pq tem celular na mesa não é falha do jogo, é o mesmo que dizer que jogos cooperativos não funcionam pq destacam um alpha player.
Valeu pela resposta, estou gostando de ver o ponto de vista de cada um e as reflexões sobre isso que o post gerou