Prezados,
Muito bom programa, mas não concordo muito com vocês com essa aversão (quase total) a regras da casa.
Vocês fizeram uma comparação com música, eu vou fazer outra: Se o designer é o compositor, as regras são a partitura e os componentes são os instrumentos. Mas os jogadores são os interpretes. E o resultado da música depende muito dos intérpretes. Mesmo na música clássica, onde o interprete tem muito menos liberdade de ação, a interpretação ainda é muito importante. E no jazz então, a partitura muitas vezes é uma mera sugestão. Peças de teatros recebem cacos, fãs escrevem fanfics com finais alternativos para livros famosos. As mudanças de regras aparecem nesse contexto.
Ok, eu concordo que a maioria das mudanças (como a maioria das mutações, na genética) provavelmente é ruim. Mas qual é o problema de um grupo que já conhece o jogo começar a testar convenções novas? Se o jogo ficar ruim, isso é um problema deles.
Eu achei a postura de vocês muito "velhinhos da FIFA".
Eu lhes pergunto: vocês conhecem dois lugares que jogam buraco (jogo de cartas) EXATAMENTE DA MESMA FORMA? Com ou sem trinca? Canastra real vale quanto? O lixo é aberto ou fechado? Pode limpar depois da sétima carta? Tudo isso são variações que foram criadas ao longo do tempo. Que levam a jogos até bastante diferentes, concordo. Mas qual o problema disso?
Até usando o (hilário) exemplo da Copa Caribenha, o maior erro ali foi testar "a quente" numa competição principal. Se a regra não tivesse o lance do gol de ouro valer 2, a mudança seria bastante razoável.
E não é verdade que os esportes não mudem regras. O basquete muda o tempo todo. O futebol americano vem mudando as regras do kickoff a cada ano, visando evitar contusões. O volei mudou completamente o sistema de pontuação.
Mesmo o futebol, com os seus velhinhos da FIFA e tudo, adapta as regras aos novos tempos. Sem contar que é o esporte que mais possui "regras da casa" no nivel amador. Joga-se com qualquer número de jogadores, em qualquer lugar ou piso, valendo gol apenas dentro da área, apenas fora da área, em qualquer lugar, com bola de meia, com ou sem impedimento, etc.
Eu concordo que antes de inventar moda, devamos jogar com as regras "AS IS" até acharmos ter entendido completamente o jogo. A partir daí, se houver comum acordo entre os jogadores, não há problema nenhum em se improvisar.
Como vocês mesmo dizem, se as pessoas aceitarem entrar o "círculo mágico", está valendo.
Não é uma crítica ao trabalho de vocês, que é muito bom, uma discussão muito interessante. É apenas uma opinião diferente da que vocês colocaram.
Sds,
Eduardo