Sim, assim como muita gente falou, 2017 foi um ano fantástico para Board Games de forma geral, e como não poderia deixar de ser, também foi um grande ano para os jogos rápidos, nosso foco por aqui. Eu resolvi elencar os 5 jogos rápidos (com menos de 45 minutos/partida) que eu conheci esse ano. Não necessariamente jogos lançados esse ano.
#5 – Bärenpark (Ludofy Creative)
Bärenpark é um jogo de tile placement (colocação de peças), mecânica que está ganhou muito espaço no meu coração em 2017. Nele, os jogadores competem para montar um parque de ursos e conseguirem mais pontos com suas atrações, conquistas e isso tudo aproveitando da melhor maneira o espaço do seu parque. Um jogo de Puzzle no melhor estilo Tetris que caiu no gosto e é um excelente Family game, bem simples, intuitivo e dinâmico.
O gameplay é tão fluido e gostoso que eu classifico numa categoria que criei para alguns jogos: “Um passeio no parque”. Bärenpark e outros jogos que eu incluo nessa categoria são tão naturais e uma atividade boa, despretensiosa, relaxante e instigante ao mesmo tempo. Detalhe que o lançamento nacional do jogo foi quase simultâneo com seu lançamento mundial. Parabéns para a Ludofy pelo belo trabalho.
#4 – Kanagawa (Redbox)
Esse é um jogo que chegou no final de 2017, mais precisamente na primeira semana de Dezembro, mês cheio, sem muitas possibilidades de jogar, mas já foram 4 partidas e prevejo mais. Kanagawa é um jogo incrivelmente bonito e prazeroso de jogar. Tem uma coisa legal e facilmente percebida que é a escalada da sua capacidade de realizar coisas durante o jogo.
Durante o jogo, os jogadores são pintores que estão produzindo uma tela, ao passo que correm atrás de conseguirem as técnicas necessárias para fazê-lo. Você sente que vai evoluindo as suas habilidades e vai conseguindo fazer mais e mais durante o jogo. Se no início parece difícil pintar muitas telas, a medida que você vai conseguindo novas técnicas, novos pincéis, você vai aumentando muito sua capacidade de produzir mais partes da sua tela e vai ficando mais próximo de alcançar objetivos.
O jogo tem a corrida por objetivos comuns, a pontuação de suas telas, alocação de trabalhadores... é um jogão, com uma produção impecável, em uma caixa pequena, do designer mais incrível do momento, para mim, Bruno Cathala.
#3 – Trick of the Rails (Não lançado no Brasil)
A maior surpresa do ano para mim. Trick of the Rails é um jogo do qual eu nunca havia ouvido falar, que eu não fazia ideia de como era e que conheci por acaso. Ele é um jogo de 2011, do japonês Hisashi Hayashi, mesmo designer do Yokohama, jogo lançado esse ano no Brasil pela Kronos Games. Ele também é autor de vários outros jogos, como o Sail to India, Get the Cheese, Railways of Nippon (reimplementação do Railways of the World), dentre outros vários.
Trick of the Rails é um jogo de vazas com mercado de ações. Eu sou apaixonado por jogos de vazas e esse foi um jogo que deu um twist muito bacana e muito bem dado nos jogos de vaza tradicionais. O jogo tem um número de rodadas X em que os jogadores disputam ora ações das ferrovias, ora a prioridade para escolher locomotivas para as companhias, e também podem alocar “carga” nessas locomotivas, influenciando o valor de suas ações. Ao final da partida, os jogadores contabilizam o valor das ações que possuem e quem tiver um valor maior ganha o jogo. Cara, se você gosta de jogos de vazas, vai fundo nesse, ele é um jogão, apesar da caixinha pequenina.
#2 – Fuji Flush (Não lançado no Brasil)
Friedemann Friese. Provavelmente, se você viu o nome do jogo e viu sua caixa verde, já associou a ele, o game designer que só faz jogos que comecem com a letra F e que têm caixas verdes. Sim, o jogo é dele e não desaponta em nada. Em meio a lançamentos hypados, como a coleção Fast Forward, que era uma coleção muito aguardada, inclusive por mim, Fuji Flush chegou sem fazer barulho e se mostrou um excelente jogo para grandes grupos.
Daqueles jogos simples, completamente abstratos, mas que geram altas risadas, com muita interação entre os jogadores, trash talk e furadas de olho, Fuji Flush é um jogo simples de gestão de mão com cartas numeradas entre 2 e 20, onde os jogadores têm como objetivo se livrar de sua mão de cartas. Você só se livra de uma carta se ninguém conseguir jogar uma carta de valor maior depois que você jogou a sua, mas o jogo tem um detalhe que faz toda diferença: se você jogar um 2 e outro jogador jogar outro 2, os 2 passam a valer 4, se um terceiro jogador se juntar ao grupo e mandar um 3º 2, os números 2 passam a valer 6 e assim em diante.
Um fantástico jogo que dizem ter como ponto fraco o fato de não performar bem em grupos menores, de 3 ou 4 jogadores. Idealmente, jogue em 6, 7 ou 8 pessoas e veja o jogo brilhar. Indico fortemente.
#1 – Azul (Não lançado no Brasil... ainda)
Azul é um dos grandes destaques do ano. Ele já foi abordado por muitos outros canais e em várias resenhas e reviews muito bacanas, por isso não vou me estender muito. O jogo, do alemão Michael Kiesling, duas vezes seguidas vencedor do Spiel des Jahres com Tikal e Torres, nos anos de 1999 e 2000, respectivamente, ambos em parceria com o também alemão, Wolfgang Kramer (Torres foi lançado no Brasil pela Devir e Tikal já foi anunciado e deve chegar no início do próximo ano, pela Conclave).
No jogo você precisa montar um mosaico com azulejos (lindos azulejos, por sinal) que você consegue numa espécie de drafts por estoques de fábricas de azulejos. O jogo é incrivelmente bonito, gostoso de jogar, estratégico o suficiente para os gamers, leve o suficiente para não gamers... é o #1 da lista de jogos rápidos de 2017. Diz-se por aí que ele vai chegar em terras tupiniquins em 2018, vamos aguardar.
A Decepção
Nem só de glórias vive o homem. Eu também conheci alguns jogos que me decepcionaram e jogos que achei ruins. Vou elencar a maior decepção do ano, que não é um jogo ruim, mas é um jogo simplório demais e que achei bobo, não chegando nem perto do que minha expectativa exigia.
Fast Forward: Fear (Não lançado no Brasil)
É, essa série Fast Forward criou em mim um hype enorme. Eu fui esperando demais e acabei em decepcionando bastante. O jogo é até legalzinho, mas a grande proposta dele, de ser um legacy rejogável, não é realizada de forma satisfatória. Infelizmente é um joguinho bobo, onde o caráter legacy se faz presente mas é só uma sombra mal projetada da experiência legacy que temos, por exemplo, no Pandemic Legacy.
Podcast
O podcast Jogo Rápido anda sumido, mas na confusão do final de ano as edições ficaram emboladas e não deu para soltar novo episódio. A partir de 2018 a periodicidade será mais respeitada, uma vez que a edição, que hoje é feita por mim, vai ser passada para o talentosíssimo Zabuzeta, do
Jogatina BG. 2018 nos aguarda com muita informação e muita novidade nesses jogos rápidos que tanto curtimos.
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Um forte abraços em todos vocês, feliz Ano Novo, boas festas e muita jogatina em 2018!