Lançado sem muito alarde pela Repos Production, mesmo editora do 7 Wonders, When I Dream é o jogo de estreia do designer Chris Darsaklis. O jogo chamou bastante atenção na SPIEL 2017, tanto pelo que propunha quanto pelo estande em si que, vale dizer, foi um chamariz e tanto pro jogo vir parar nas minhas mãos.
Componentes do jogo. Imagem: divulgação.
Pra começar, o apelo do jogo parece estar nas cartas, com ilustrações de diversos artistas já famosos no mundo dos tabuleiros como
Christophe Swal e
Vincent Dutrait, lembrando bastante a ideia abstrata das cartas de
Dixit (e aqui começam as comparações entre os jogos). Porém, diferente do jogo lançado pela
Galápagos aqui no Brasil, em
When I Dream o desenho em si não tem tanta importância, uma vez que todos os jogadores devem dar as dicas baseadas no nome da carta, e não na ilustração. Toda carta tem dois nomes, um em cada ponta, sendo que durante a partida um deles ficará visível e o outro escondido (pela cabeceira da cama, que é outro componente que chama bastante a atenção). A palavra que deve ser adivinhada pelo sonhador é aquela visível na mesa.
Algumas das cartas do jogo com as belíssimas ilustrações que misturam as duas palavras. Imagem: divulgação.
A dinâmica do jogo é a seguinte: um jogador, que fica vendado durante a rodada, está dormindo e tendo sonhos, os demais jogadores da mesa devem dar dicas de qual é esse sonho baseadas em cartas que são reveladas na mesa, uma por vez. Cada carta tem, além de uma ilustração, um nome, que é o que o sonhador deve acertar. Quando o jogador acerta as dicas, a carta é colocada do lado dos sonhos bons, porém, quando ele erra, a carta vai para o lado dos pesadelos. Ao final do sonho (que dura 2 minutos) o jogador deve recontar seu sonho, ainda sem olhar as cartas, tentando lembrar tudo o que passou pela mesa enquanto ele sonhava.
Sonhadora tenta adivinhar seus sonhos seguindo as dicas dos demais jogadores. Foto: Anderson Butilheiro.
Acontece que entre os jogadores estão uma fada dos sonhos, que tem como objetivo fazer o sonhador acertar as cartas do sonho; um bicho-papão, que tem como objetivo atrapalhar os sonhos do jogador que está dormindo; e um
Sandman (uma figura folclórica popular em países de língua inglesa, associada ao sono), que no jogo tem o objetivo de buscar o equilíbrio entre os sonhos bons e os pesadelos. Isso torna o jogo divertido e engraçado, com o sonhador não sabendo ao certo em quem confiar, ao mesmo passo em que os jogadores da mesa devem buscar pontos pra eles mesmos.
No final da noite de sono, o jogador da vez desperta e são contados os pontos baseados no papel que cada jogador desempenhava. Então, chega outra noite e é a vez de outro jogador dormir e os papéis também são alterados. O jogo prossegue até que todos da mesa tenham dormido uma vez.
When I Dream é bastante divertido, lembra realmente o
Dixit, mas dá um passo ousado, deixando de ser um mero
party game, sendo mais engraçado, mas igualmente leve, gostoso de jogar com a família e amigos mais descontraídos. Vai com toda certeza pra minha lista de jogos de entrada e de melhores jogos festivos.
Se você procura um jogo pra substituir
Dixit no seu grupo,
When I Dream é o jogo. Os jogos tem a mesma pegada de interpretação de cartas, em que os jogadores observam uma carta e devem dizer o que ela lembra ou dar dicas sobre ela. A principal diferença pra mim ficou no quesito dos jogadores terem que usar a memória para lembrar das cartas que passaram enquanto ela sonhava, ao mesmo tempo em que há os papéis dos personagens, o que deixa o jogo muito divertido, interessante e super bacana para grupos maiores (o jogo base comporta até 10 jogadores). Infelizmente, é um jogo com bastante dependência de idioma (os nomes das cartas estão todos em inglês) e que seria melhor aproveitado se tivéssemos uma versão nacional.
O estande do jogo era um dos mais divertidos da feira. Foto: Anderson Butilheiro.