Flamme Rouge é um jogo do designer Asger Harding Granerud que foi lançado em 2016 pela editora finlandesa Lautapelit.fi. No jogo, 2 a 4 jogadores assumem os papéis de ciclistas na briga pela vitória em diversas pistas criadas para simular pistas reais dos circuitos de corrida de bicicleta clássicos. Cada jogador comanda dois diclistas: um rouleur e um sprinteur, que tem diferentes características (um é mais veloz, mas também mais imprevisível, o outro é mais moderado e constante) e deve levar pelo menos um deles à linha de chegada.
Caixa do jogo.
A expansão,
Flamme Rouge: Peloton, foi lançada agora, em Essen, trazendo novos desafios para o jogo, como expansões para jogar solo (contra um grupo feroz de ciclistas), ou aumentar o número de jogadores para 6, com duas novas equipes. Há ainda um terceiro módulo que permite jogar em 12 pessoas, cada uma controlando um dos ciclistas (esse não cheguei a jogar ainda).
O movimento das peças dos jogadores se dá através de uma carta de sua mão que indicam quantas casas cada ciclista anda pela pista/tabuleiro. As cartas vão de 2 a 9 para o
sprinteur e de 3 a 7 para o
rouleur, com 3 de cada carta disponíveis no baralho. Porém, a cada rodada, o jogador compra apenas 4 cartas e deve escolher uma delas pra jogar e descartar as outras 3. Cada carta jogada é retirada do jogo e as do descarte podem voltar para a mão do jogador eventualmente. Ou seja, queimar todas as suas cartas com valores altos no começo do jogo e te deixar só com valores baixos no final vai te deixar pra trás nos momentos derradeiros, com certeza.
Ciclistas brigam posição a posição em uma das curvas.
Após todos os jogadores escolherem as cartas que irão usar na rodada, todos revelam simultaneamente as cartas jogadas e inicia-se a fase de movimentos. Primeiro se movem os ciclistas mais à frente no tabuleiro, em ordem, um por vez, até que o último ciclista tenha sido movimentado, todos andando o número de casas conforme a carta que foi jogada. Aqui não tem bloqueio: se o ciclista que veio de trás andou 9 casas e tem na sua frente outro ciclista, ele pode passar por cima (como se aproveitasse uma brecha). Porém, e aí é que vem a graça do jogo, no final de todos os movimentos duas coisas acontecem: o
splitstream e a fadiga.
À esquerda as cartas sprinteur e à direita as do rouleur.
O
splistream é um equilíbrio natural, que realmente acontece nas pistas de corrida reais, em que os ciclistas mais atrás se aproveitam do vácuo criado pelos da frente para se aproximarem dos pelotões mais rápidos. Inclusive, muitos desses ciclistas poupam energia para utilizar nesse momento. No jogo, cada vez que um grupo de peças está a no máximo uma casa de distância, eles são unidos formando um pelotão único. Já a fase de fadiga faz com que todos os ciclistas que lideram seus pelotões se sintam cansados, uma vez que estão gastando mais energia para se manterem à frente. No jogo, isso é representado por uma carta de valor baixo que é comprada da mesa e vem para o baralho do jogador (algo como "sujar o baralho").
Além de tudo, isso mantém o jogo interessante porque você pode justamente fazer uma estratégia de não ser líder ou de se manter sempre no vácuo para, nos momentos certos, usar cartas que lhe permitam ter a vantagem ou dar a famosa espichada e deixar todo mundo para trás. Só que nem só de estratégia é feito o jogo e, como a compra de cartas é uma das mecânicas do jogo, a carta que você precisa pode não aparecer na hora e você ter que lidar com isso. O fator sorte é bastante presente, mas de maneira divertida. Como o jogo é curto, uma derrota pode ser a motivação para jogar uma segunda partida e tentar outra estratégia, talvez controlando melhor seu baralho e lidando com os imprevistos de forma mais efetiva.
Os componentes do jogo: a imagem mostra estantes de papel para os ciclistas, mas o jogo vem mesmo com as miniaturas de plástico.
Flamme Rouge é bastante divertido e interessante, bem leve e muito surpreendente. Não teve ninguém que não tenha curtido o jogo, em todos os grupos que já o levei. Além de ter um tema de
filler, um visual bem engraçado com arte caricata, o jogo é relativamente fácil de se explicar e de jogar e tem um final bem emocionante com todos os jogadores brigando casa a casa pela a vitória.
Vale dizer que o tabuleiro do jogo é modular e, além das várias pistas que já vem desenhadas pelo designer do jogo, é possível montar sua própria pista, utilizando todas ou mesmo só algumas das peças, talvez pra uma corrida mais curta e apertada. Além das 6 que já vem incluídas no jogo base, a expansão acrescenta outras 12 pistas, perfazendo um total de 18, mais do que suficiente para criar um campeonato, além de novo
tiles com formatos diferentes para as partidas com mais jogadores.
As seis pistas que estão disponíveis no jogo base.
Close nas peças dos corredores: miniaturas simples, mas bacanas.
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* Todas as imagens nesse texto são de divulgação da própria editora do jogo.