Mais um que veio direto de Essen, Montana é um jogo do designer Rüdiger Dorn, bastante conhecido pelo Istanbul, mas também autor de jogos como Karuba e Il Vecchio. Dorn é um designer muito versátil em seus temas e também nas mecânicas dos jogos, sempre tentando fazer algo bem diferente. Isso também acontece em Montana. Eu já estava de olho no jogo desde antes da feira e até fiz a reserva do mesmo, comprando na pré-venda da editora White Goblin Games para só retirar o jogo na SPIEL. Minha expectativa era de um jogo um pouco mais complexo, mas acabei me deparando com um jogo de entrada, com alocação de trabalhadores, mas com mecânicas criativas e uma bela produção. O jogo é bom, mas tem um final um pouco difícil de digerir.

Em Montana somos colonizadores chegando ao recém formado estado americano e responsáveis por criar as cidades em meio aos vales e longos pastos, à beira das Montanhas Rochosas. O estado é o quarto maior em área dos Estados Unidos e é bem conhecido por seus diversos parques nacionais com atrativos turísticos naturais. Localizado na região norte do Estados Unidos, Montana também é um estado bastante rural. O jogo reflete isso com o visual rancheiro, meeples com chapéu de cowboy, aquela arte marota do Franz Klemens que deixa tudo meio parecido, mas diferente, e os recursos como vacas, abóboras e trigo sempre voltados para essa ambientação. Aliás, a produção da White Goblin Games é de tirar o chapéu (eita trocadilho). O apelo visual é realmente um destaque do jogo.

Porém, o brilho mesmo está no controle de área, que acontece num tabuleiro modular bem bacaninha, em que estamos montando assentamentos na fundação do estado americano de Montana, que dá nome ao jogo. No começo, existe apenas um marcador de ponto de partida no tabuleiro que indica o espaço de onde começamos a exploração (lembra, de leve, o Gold West) e todos os assentamentos seguintes precisam ser adjacentes a esse ou a outro já feito, mesmo que de outro jogador. O jogo acaba no final da rodada em que algum jogador fizer todos os seus assentamentos, que são 12. Vence o que tiver feito mais e, no caso de empate, são verificados moedas, recursos e etc. O jogo acaba sendo bem rápido, mas tem um elemento de estratégia interessante.



Para construir os assentamentos, os jogadores precisam pagar com recursos, sendo que cada espaço tem um custo diferente indicado no próprio tile. Os recursos são conseguidos com os trabalhadores no tabuleiro de ações do jogo, a cidade, que tem espaços para produzir ou comprar os recursos e ainda transformar alguns deles em recursos melhores (o marcador de pedra pode virar uma pedra maior, sem nenhuma razão temática pra isso). Os recursos são fáceis de conseguir em pequena quantidade, mas se você precisa de uma quantidade maior deles, aí começa a estratégia de jogo e as disputas pelos melhores espaços.

O item mais interessante do jogo fica por conta do mecanismo que permite pegar os trabalhadores: trata-se de uma roleta com pares de trabalhadores em cada casa. Ao rodar a roleta você descobre quais trabalhadores conseguiu recrutar, de forma bastante aleatória para um euro, mas que funciona de forma a dar um pouco de caos ao jogo que é bem simples.



Peguei o Montana esperando um jogo mais pesado do que senti que ele é. Apesar de que o outro jogo que conheço do autor, o Istanbul, é um jogo leve que gosto muito, esperava um pouco mais do Montana. Não que o jogo seja ruim, porque não é, e ele até tem elementos que me soaram inovadores e interessantes, mas esperava um jogo um pouco mais elaborado. No quesito alocação de trabalhadores, o jogo lembra o Lords of Waterdeep, com os trabalhadores não sendo exatamente seus, mas sendo de um pool de trabalhadores com habilidades específicas - você precisa do cara certo pra pegar pedras, do outro pra colher abóboras, outro pra minerar cobre e outro para colher trigo. Mas o jogo é bem mais simples.



Montana pode acabar se tornando um bom jogo para apresentar a mecânica de alocação para novatos. O tema é interessante, a produção do jogo ficou até melhor do que a do Stone Age, que eu já achava super bonito, os recursos agradam e o jogo é simples de se explicar. Acho que a sensação do final do jogo ser pelo jogador que colocar mais tiles primeiro é que não desceu muito bem. Como bom euro gamer que sou, esperava uma contagem de pontos em algum lugar. Mas nem de longe o jogo é ruim, só não é exatamente o que eu esperava.