Continuando a série de reviews rápidos, hoje vamos falar de Azul, um jogaço do Michael Kiesling que deve aparecer em breve também no Brasil, segundo informações não oficiais (leia-se "conversa de corredor em Essen").
Azul é um jogo abstrato, lançado pela Plan B Games, mesma editora de outro sucesso desse ano, o Century: Spice Road. A aposta da editora dessa vez, no entanto, foi num jogo de um designer com renome, e com bastante know-how em jogos com essa pegada. Azul é um jogo com bastante interação entre os jogadores, uma pegada estratégica de qual movimento fazer e em que movimento fazer que faz com que o jogo se destaque entre os demais jogos lançados esse ano.
Imagem de divulgação da Plan B Games antes do lançamento do jogo: os tiles ficaram com bordas arredondadas.
Pegamos o jogo ainda no primeiro dia da feira, no estande da editora e, como um dos primeiros a pegar o jogo, ganhamos os
tiles coringa de brinde. Não é segredo algum o quanto eu gosto dos jogos do
Michael Kiesling, porém eu só tinha na coleção o
Mexica, que saiu por aqui pela
Conclave. E, devo dizer, o jogo fez jus ao designer.
Azul é um jogaço! Elegante, simples, bonito, divertido, com uma mecânica fluída e que em nenhum momento te deixa com a sensação de estar perdendo o jogo. A ideia principal do jogo lembra um pouco os jogos de
tile laying com "tetris", como o
Patchwork, porém somente com peças quadradas, que devem ser colocadas nos lugares certos através de um mecanismo de compra de pedras (os azulejos do nome do jogo), e de muito planejamento a longo prazo. É incrivelmente interessante a mecânica de posicionar os tiles numa espécie de esteira e que eles são vão para o lugar onde você quer que eles fiquem quando essa esteira estiver completa.
Durante a feira já ouvíamos diversos comentários sobre o jogo ser um forte candidato ao
Spiel des Jahres, pelo estilo do jogo. Eu confesso que também tenho essa impressão, um pouco porque o jogo me lembrou
Imhotep (não em mecânicas, mas em elegância e simplicidade de regras), que é um jogo que ficou entre os três finalistas em 2016. Se até o ano que vem não aparecer um outro jogo com a mesma pegada,
Azul deve mesmo levar o prêmio.
No jogo, diversas peças ficam colocadas no centro da mesa, no que chamamos de "fábricas", de onde os azulejos saem. O objetivo do jogo é fazer o mais belo mosaico com essas peças, garantindo muitos pontos de vitória. Ou melhor, tematicamente falando, o objetivo é encantar o rei português que acaba de voltar de
Alhambra e está encantado pelos mosaicos em azulejos da cidade espanhola, construindo esses painéis e azulejos no
palácio de Évora. Acontece que para montar esse mosaicos você deve planejar suas jogadas, uma vez que você pode sempre pegar todas as peças de uma mesma cor de qualquer fábrica ou do centro da mesa.
Azulejos na esteira de um lado, do outro os azulejos já no mosaico.
Foto: Shut Up and Sit Down
Ao pegar essas peças de azulejo da mesa, você pode colocar no seu próprio tabuleiro, não diretamente no mosaico, mas sim na "esteira" ao lado, obedecendo as regras de quantos
tiles podem ficar em casa posição (de cima pra baixo, cada esteira comporta 1, 2, 3, 4 ou 5
tiles). Ao completar cada esteira com todos as peças de azulejo da mesma cor, então você poderá mover uma delas para o espaço correspondente, o local de fato do azulejo no mosaico, e descartar as demais daquela cor. Aí é que mora a estratégia do jogo: nas rodadas seguintes, você não poderá colocar numa mesma linha peças de azulejo de uma cor que já tiver completado no mosaico e vai precisar focar em outras cores, além de ter que completar diversas linhas.
E tem mais, a pontuação do jogo acontece em dois momentos: durante a partida, a cada peça que você move para a direita, ou seja, para o mosaico em si, e ao final, por conjuntos que você conseguir completar. A primeira pontuação é bem simples, mas dá um nó às vezes para fazer a contagem. Cada peça sozinha vale um ponto. Mas se, ao colocar no mosaico, ela ficar adjacente à uma ou mais peças, ela valerá mais pontos. Por exemplo, se ao deslocar uma peça para a direita ela estiver na mesma linha e adjacente à outras 3 peças, o valor dela será 4 (1 ponto por ela mesmo e mais 1 ponto para cada peça na mesma linha adjacente). Isso é feito tanto na horizontal quanto na vertical. No final das contas, uma peça pode valer de 2 a 10 pontos, dependendo de onde for colocada. Já no final do jogo você irá pontuar 2 pontos por cada linha completa no horizontal, 7 pontos por cada coluna completa e ainda 10 pontos se conseguir colocar no mosaico todas as 5 peças de uma mesma cor. A pontuação final é bastante imprevisível.
Como disse antes,
Azul é um jogo muito elegante, tem uma profundidade estratégica bem alta para um jogo om regras simples e tem um apelo visual bem grande. Aposto bem forte no jogo como um dos grandes sucessos do ano e o mais forte candidato ao
Spiel des Jahres até o momento. O trabalho do Kiesling é sempre louvável e nesse jogo, mais uma vez, ele deixa sua marca: qualidade. Pra quem curte jogos abstratos e com muitas possibilidades de estratégia, com bastante interação, como acontece em
Mexica, ou mesmo no
Tigris & Euphrates,
Azul é o jogo do ano!
(mais fotos em breve)