
Em Elder Sign, como em vários outros jogos do tema, os jogadores assumem o papel de investigadores que, de alguma forma, descobrem que nosso mundo está prestes a ser extinto caso uma das criaturas conhecidas como Antigos ou Anciões desperte de seu sono milenar. Esses investigadores procuram por pistas sobre como evitar que isso aconteça e descobrem que a chave para isso é um símbolo arcano conhecido como Elder Sign e afunilam a busca por esses símbolos até chegarem ao museu de Miskatonic, onde se passa o jogo. A partir daí, os jogadores precisam tomar várias decisões e participar de várias missões arriscadas até reunirem um número suficiente de símbolos para selar o Ancião novamente em seu lugar.
Elder Sign é um board game peculiar. Amado por ser um jogo mais simples com a temática Lovecraftiana (já que uma partida de seus “irmãos maiores” da Fantasy Flight Games pode levar intermináveis horas), o jogo vem ganhando cada vez mais fãs por aqui desde o lançamento da versão nacional. Se você não gosta de aleatoriedade ou alta presença de sorte em jogos, melhor manter distância mesmo, mas se estes fatores não incomodam, é bem provável que vá curtir bastante o joguinho de dados do Cthulhu.
O problema é que mesmo com o grande número de Anciões, investigadores e Cartas de Aventura que acompanham o jogo base e proporcionam grande rejogabilidade, depois de um tempo ele pode acabar se tornando repetitivo. E é aí que entram as expansões. Geralmente elas são instrumentos usados em board games para dar vida nova aos jogos e Elder Sign se utiliza desses instrumentos com maestria. Na verdade, faz isso tão bem que muitas pessoas que não gostavam do jogo base, após jogarem uma partida com uma ou mais expansões, mudaram de ideia e passaram a adorá-lo. E isso ocorre por dois motivos principais. Primeiro porque as elas resolvem totalmente um dos maiores problemas do jogo: ser fácil demais. E segundo, porque Elder Sign possui expansões que fogem bastante do lugar comum da maioria dos board games.
Esse artigo pretende, de forma simples, resumir o que cada expansão traz para o jogo e elucidar um pouco as dúvidas dos jogadores que podem ficar perdidos, já que a cada novo lançamento o jogo pode mudar quase completamente. Vale lembrar, contudo, que todo o material analisado aqui não foi lançado ainda em português, mas é perfeitamente compatível com o jogo nacional se os jogadores souberem um pouco de inglês ou se forem usados “patches” com a tradução das cartas.
Então, bora lá!!
Parte 1 - Unseen Forces (2013)

Primeiramente, vale dizer que essa expansão é 100% compatível com o jogo base. Todos os componentes podem ser misturados sem problema algum. As cartas de Unseen Forces podem ser diferenciadas por um pequeno ícone em formato de portal (acho que é um portal...) em seu canto inferior direito.
Outro ponto importante dessa primeira expansão é que, na primeira edição em inglês de Elder Sign, algumas cartas de personagens (Mandy Thompson, Vincent Lee e Carolyn Fern), de Aventura (O Elder Sign) e de Outro Mundo (Platô de Leng, Grande Hall de Geleano, O Abismo e Cidade da Grande Raça) tinham textos e iconografia incorretos. Unseen Forces traz novas cópias dessas cartas com esses erros corrigidos.
Se comparada as outras expansões, Unseen Forces apresenta mudanças menos drásticas ao jogo. Ela mantém os jogadores dentro do museu, adicionando novos itens, feitiços, aliados, investigadores, Antigos, Cartas de Aventura e Outro Mundo que com certeza diversificam as partidas mas não mudam muito as coisas.
As mudanças começam na Entrada do Museu. Agora ela é composta de quatro cartas no tamanho das cartas de Aventura, que substituem o cartão do jogo base. Nelas, além da presença da Capela (que citarei mais adiante), a principal diferença que os jogadores notarão é que não será mais possível comprar Elder Signs com troféus na loja de souvenir. Além disso, algumas cartas forçam os jogadores a fecharem permanentemente alguns dos estabelecimentos da Entrada, negando o acesso a elas durante o resto da partida.

As cartas de Mythos também mudaram um pouco. Aqui nós temos duas novidades. A primeira são as cartas de Master Mythos, que são bem mais difíceis que as Mythos normais e podem ser diferenciadas pela borda vermelha. A segunda são cartas que possuem dois efeitos, como as cartas comuns, mas deixam os jogadores escolherem qual desses efeitos preferem sofrer. Geralmente os dois são bem ruins e é preciso escolher o “menos pior”.

Mas o que Unseen Forces traz de mais interessante é a nova mecânica de Bênção e Maldição, com os dados branco e preto respectivamente. Na nova Entrada do Museu agora temos a carta da Capela. Essa carta deixa que os investigadores possam gastar troféus para ficarem abençoados ou para se livrarem de uma maldição. Além disso, algumas recompensas e penalidades de cartas de aventuras, itens, feitiços e monstros podem deixar um investigador abençoado ou amaldiçoado.
Enquanto um investigador estiver abençoado, ele adiciona o dado branco à sua parada de dados. O dado branco tem os mesmos ícones dos dados verdes, portanto a bênção aumenta consideravelmente a chance de sucesso do investigador em suas jogadas. Se um investigador abençoado falhar na sua exploração do turno, ele perde a bênção.
Enquanto estiver amaldiçoado, o investigador adiciona o dado preto a cada uma de suas rolagens de dados. O dado preto tem os mesmos ícones dos dados verdes e funciona da seguinte maneira, depois de rolado, quando o dado preto mostrar um resultado igual a outro dado, este dado e o dado preto são subtraídos da rolagem até o final do turno. Portanto a maldição atrapalha bastante a chance de sucesso do investigador. Caso um investigador amaldiçoado tenha sucesso em completar uma Carta de Aventura ou de Outro Mundo, ele se livra da maldição. Se um investigador amaldiçoado sofrer uma segunda maldição, ele será devorado. Além disso, bênçãos cancelam maldições e vice versa.

Resumindo, Unseen Forces é uma expansão bem interessante e que, mesmo não trazendo novidades que mudam completamente o jogo, adiciona vários elementos que dão vida nova às partidas dentro do museu. É uma ótima primeira expansão para se pegar, pois as mudanças não serão muito drásticas, facilitando o entendimento e a mecânica de Bênção e Maldição aparece nas cartas de outras expansões, então é legal poder jogar com todas elas. Vale bastante a pena!! 