Apesar das férias, Junho foi um mês de pouquíssimas jogatinas e sem novidade alguma. Porém, pude levar à mesa um velho conhecido (mas pouco falado) que não era jogado há alguns anos: Spyrium. E acabou levando o título de jogo do mês!
Adquiri esse board game numa math trade sem muita vontade, apenas para conseguir me livrar de um jogo que estava encalhado há muito na minha estante, e acabei tendo uma ótima surpresa. Do mesmo designer do clássico Caylus, William Attia, Spyrium é um euro de peso médio que usa a mecânica de alocação de trabalhadores (worker placement) de uma maneira bem curiosa (e que nunca vi implementada em outros jogos).
O jogo se passa em 6 rodadas onde, em cada, os jogadores, durante seu turno, irão realizar uma ação dentre as disponíveis em duas áreas. No início da rodada, só estarão disponíveis as ações da área I, sendo que uma dessas ações é passar para a área II, onde teremos diferentes opções de ações e de modo que não será mais possível utilizar as ações da primeira área. Uma das ações disponíveis na área I é a de alocar um trabalhador que você tenha disponível. Essa alocação não te dará nada de imediato, de modo que que o jogador só irá receber os benefícios do local onde alocou o trabalhador após retira-lo, que é justamente uma das ações possíveis na área II. Acontece que, ao contrário de outros worker placements, os locais para alocação não são exclusivos para um único trabalhador, e os custos e benefícios para utilização desse local, quando da retirada do trabalhador, vão depender da quantidade de trabalhadores que tem naquele local. Ou seja, cada rodada vai exigir uma boa dose de raciocínio estratégico para saber qual a melhor hora de passar para a área II e começar a retirar seus trabalhadores – e, normalmente, você vai querer fazer isso o mais rápido possível – porém, lembrando, quando o jogador passa para a área II ele não pode alocar mais trabalhadores. Essa pequena mecânica, por si só, traz um aspecto estratégico e um grau de interação muito forte, que, como dito, é diferente de tudo que já vi e deixa o jogo interessantíssimo.
Mas esse não é o único aspecto curioso no worker placement do Spyrium. Outro aspecto legal é que os locais para alocação dos trabalhadores são cartas dispostas aleatoriamente num grid 9x9 (o que também traz um rejogabilidade legal), porém, o trabalhador não é alocado diretamente nas cartas, mas nos espaços entre elas, dando ao jogador a possibilidade de usar o benefício de uma das duas cartas adjacentes àquele espaço. Junto com o sistema já mencionado anteriormente, isso acaba criando uma corrida para ver quem consegue garantir primeiro os benefícios da carta, o que pode ser a aquisição da própria carta, dependendo do seu tipo, deixando os outros jogadores que a queriam a ver navios.
Sem explicar as regras do jogo, tentei explicar o que o Spyrium tem de mais interessante. Não sei se consegue passar a satisfação que senti quando o joguei pela primeira vez, não só pela grata surpresa, mas por poder experimentar uma mecânica tão básica e exageradamente utilizada de uma maneira diferente e muito inteligente. Mais que isso, esses aspectos só fazem abrilhantar um jogo sem muitas firulas, mas muito sólido e legal, que infelizmente passou batido na época de seu lançamento. Recomendadíssimo!