Estamos na França medieval. Mercadores enchem as rotas de comércio que interligam a cidade de Orléans e toda a área do Loire percorrendo estradas e rios em busca de boas mercadorias. Eles se estabelecem nas cidades somente por tempo suficiente para construirem feitorias ou estações de comércio. Em suas expedições, precisam angariar seguidores dos mais variados ofícios que lhes permitam expandir o seu domínio comercial. São fazendeiros, barqueiros, artífices, acadêmicos, guerreiros, monges e autoridades locais que vão trabalhar como aliados e servir de ferramentas para o desenvolvimento de seu império mercante.
Orléans, do designer alemão Reiner Stockhausen, coloca os jogadores na posição desses mestres mercadores lutando pelo acúmulo de riquezas e influências em prol da supremacia no comércio, construção e tecnologia na França medieval. Unindo com maestria o Movimento Ponto-a-Ponto, a Alocação de Trabalhadores e Bag/Pool Building, este eurogame estratégico e elegante rapidamente alcançou as primeiras posições nas listas de melhores jogos e nos corações dos amantes do hobby.
O jogo foi feito para 2 a 4 jogadores e tem um tempo médio de aproximadamente 90 minutos. Acredito que com 4 jogadores ele se saia melhor, por permitir uma competição mais acirrada pelos avanços tecnológicos e recursos limitados oferecidos pelo jogo. Apesar de ter muitos elementos gráficos e opções de ação, Orléans não é tão complexo quanto pode parecer a princípio. A arte e diagramação caprichada e a quase total ausência de texto (e, com isso, de dependência de idioma) facilitam muito o entendimento das regras.
O poder em suas mãos
Em Orléans, absolutamente tudo o que você pode fazer está bem na sua frente, no seu tabuleiro de jogador. Os tabuleiros centrais servem apenas para dispor os recursos e registrar o seu progresso no jogo. Existem ainda dois conjuntos de tiles de melhorias, que podem ser agregados ao seu tabuleiro individual, personalizando-o e, assim, aumentando o seu leque de ações. É o tipo de jogo que derrama sobre a sua cabeça uma enxurrada de opções estratégicas já na primeira rodada, mas algumas poucas jogadas são suficientes pra que você comece a entender todas as relações de causa e efeito envolvidas e possa andar com as próprias pernas.
As mecânicas-chave do jogo são Bag/Pool Building, já abordado por nós em
outro post lá no blog, e Worker Placement. Sempre que avança nas trilhas de ofícios, você conquista mais trabalhadores e os deposita em um saquinho. No início de cada rodada, você puxa aleatoriamente um determinado número deles. São 7 diferentes tipos de trabalhadores, e é necessário ter combinações específicas deles pra liberar as ações do tabuleiro. Isso adiciona um pouco de sorte ao jogo, mas também força o jogador a fazer o melhor com o que tem à disposição, além de incentivá-lo a refinar cada vez mais o seu contingente de trabalhadores.
Existe um tabuleiro anexo ao tabuleiro principal chamado Town Hall, no qual é possível enviar até 2 trabalhadores por rodada e receber moedas em troca. Os trabalhadores enviados pra lá não voltam para o seu saquinho. É uma forma de descartar trabalhadores que não estão sendo muito úteis à sua estratégia de jogo e, desta forma, aumentar a probabilidade de obter aqueles ofícios que você realmente precisará nas próximas rodadas.
Tudo por pontos
Para vencer o jogo, é imprescindível usar de modo eficiente os seus trabalhores para acumular o máximo de moedas e recursos. Os recursos são divididos em cinco tipos: grãos, queijo, vinho, lã e seda – e valem de 1 a 5 pontos de vitória, respectivamente. Cada moeda vale 1 ponto. Há também uma Trilha de Desenvolvimento ocupando toda a parte inferior do tabuleiro principal que determina o seu Status de Desenvolvimento. Dependendo do seu status, você pode ganhar mais moedas em algumas ações e eventos específicos e, o mais importante (!), aumentar o seu multiplicador de pontos no final.
Funciona assim, durante o jogo é possível construir casas de comércio nas rotas de comércio e conquistar os marcadores de cidadão distribuídos pelo tabuleiro central. Ao final da partida, as casas de comércio e marcadores de cidadãos acumulados pelo jogador são somados e multiplicados por um número. Este multiplicador, por sua vez, é definido pela posição do jogador na Trilha de Desenvolvimento. Parece complicado, mas na verdade é bem simples. O complicado mesmo é evoluir nas 6 trilhas de ofícios do tabuleiro e na Trilha de Desenvolvimento, mover o seu Marcador de Mercante no mapa e construir casas de comércio, e ainda acumular moedas e recursos, tudo ao mesmo tempo. =)
Tempo e contratempos
Além das trilhas de ofícios e de desenvolvimento, no tabuleiro existe uma pilha com 18 tiles de evento. Um novo evento é aberto a cada rodada, afetando a todos os jogadores. Alguns deles bloqueiam uma determinada ação, outros proporcionam formas alternativas de ganhar dinheiro ou eliminam um trabalhador aleatoriamente. A forma como os jogadores reagem a esses eventos pode lhes garantir uma vantagem (ou desvantagem) sobre os demais. Os eventos fornecem um tempero a mais ao jogo, além de uma forma eficiente de controlar o tempo da partida. Depois que o último evento é aberto, o jogo chega ao fim.
Conclusões
Orléans é recomendado para aqueles que amam um bom desafio estratégico com pouco confronto direto. É um jogo com muitas opções de ações, fator sorte moderado e uma boa salada de pontos no final, o que proporciona aos jogadores total liberdade para explorar seu próprio estilo de jogo sem se sentirem muito prejudicados pelo azar ou pelas ações dos demais. Ele representa muito bem a escola européia de boardgames e vai, sem dúvida, elevar o nível de qualquer coleção a que for adicionado.
Confira a seguir a ficha técnica do jogo e a nossa avaliação (em "golpes da Espada de Elendil").
FICHA TÉCNICA:
Nº de Jogadores: 2 – 4 /
Idade: a partir de 12 anos /
Duração: 90 minutos /
Mecânicas: Bag/Pool Building, Point to Point Movement, Worker Placement
Nível estratégico:
Complexidade:
Fator sorte:
Componentes:
Interação:
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