Gloomhaven — A experiência épica que redefine RPG em boardgames (Análise completa)
Fala, galera!
Eu sou o Thiago Prado, do canal Amantes dos BoardGames, e hoje trago para vocês uma análise detalhada de Gloomhaven — um dos títulos mais ambiciosos já lançados no hobby moderno. Este texto nasce da nossa vivência em mesa (várias sessões), das conversas com a comunidade, do feedback do nosso grupo de WhatsApp e, claro, da transcrição do vídeo no qual destrinchamos o jogo. O objetivo aqui é oferecer uma visão honesta, com profundidade técnica e prática, para ajudar quem está pensando em comprar (ou já comprou) a entender o que o jogo entrega — no bom e no “difícil” sentido.
Para quem quiser ver o vídeo completo, segue aqui:
Introdução rápida — quem somos e por que essa análise
No canal Amantes dos BoardGames buscamos analisar jogos com imparcialidade prática: testamos, coletamos impressões do grupo, ouvimos a comunidade e trazemos recomendações baseadas em experiência real. Gloomhaven foi um dos primeiros títulos que compramos para o canal, e ao longo de muitas sessões — e de aproximadamente 12–15 missões jogadas por nós — formamos uma opinião sólida sobre o que funciona, o que cansa e para quem esse jogo realmente vale a pena.
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O que é Gloomhaven? (Resumo objetivo)
Gloomhaven é um dungeon crawler cooperativo com forte inspiração em RPGs de mesa e videogames. Cada jogador controla um mercenário que evolui durante uma campanha composta por dezenas de cenários. O jogo mistura:
Exploração modular (tiles e mapas que mudam conforme escolhas);
Sistema de ação por cartas: você seleciona duas cartas por turno e combina movimentos/ataques/efeitos;
Gestão de recursos pessoais: cartas servem também como resistência; usá-las demais pode significar ficar exausto;
Narrativa ramificada: decisões colam adesivos no mapa e alteram o curso da campanha;
Progressão de personagem, com compra de itens, desbloqueio de habilidades e aposentadoria de personagens.
É um jogo com alto investimento — de tempo e financeiro — e que oferece uma campanha profunda, tática e rica em sensação de progresso.
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Pontos positivos — o que faz Gloomhaven brilhar (análise aprofundada)
1. Sensação de RPG traduzida ao boardgame (profundo impacto narrativo) ?
Gloomhaven captura a essência do RPG de forma que poucos jogos conseguem. O sistema de personagens (com nome, história, promoções, aposentadoria e linhas narrativas) cria vínculo emocional. Jogar Gloomhaven é acompanhar um RPG em que suas escolhas têm consequência permanente: perder uma missão, abrir/fechar caminhos, tomar decisões que impedem que algumas side quests apareçam — tudo isso dá peso narrativo às partidas. Para quem busca imersão e envolvimento com personagens, essa tradução do RPG para tabuleiro é simplesmente sublime.
2. Mecânica de cartas: profundidade tática e redução da dependência de sorte ?
O engine principal do jogo é o uso de cartas de habilidade — não dados. Isso transforma o foco do jogo de “azar ou sorte” para planejamento, antecipação e sinergia entre jogadores. Cada carta tem implicações: escolher movimentação vs. ataque; sacrificar cartas poderosas por sobrevivência; sincronizar jogadas entre membros do time. A aleatoriedade existe (na modificação de ataque e nos comportamentos dos inimigos), mas é um complemento — não a base. Para jogadores que preferem estratégia determinística, Gloomhaven é excelente.
3. Mundo e campanha gigantescos — senso de descoberta ?
O mundo que o jogo cria é extenso: mapa com ramificações, dezenas de missões e histórias que se desenrolam conforme suas decisões. Isso gera replayability natural e sensação de “contar uma história própria”. Mesmo após muitas sessões, ainda há conteúdo inexplorado, o que para colecionadores e apaixonados por campanha é enorme vantagem.
4. Dificuldade bem calibrada — desafio que recompensa ?
Gloomhaven não é “fácil”. Ele exige coordenação, leitura de tabuleiro, priorização de alvos e gestão de cartas. Essa dificuldade é uma virtude para quem gosta de tensão e de sentir que cada escolha importa. A curva de aprendizado existe, mas as recompensas (senso de conquista, evolução do personagem, desbloqueios) tornam o esforço compensador.
5. Flexibilidade de construção e sensação de progressão ?
As árvores de habilidades, o equipamento e as opções de aposentadoria permitem montar personagens que realmente correspondam ao estilo de jogo do grupo. A progressão é contínua e gratificante — você sente que cada missão contribuiu para um personagem mais capaz.
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Pontos negativos — o que pode afastar muitos jogadores (análise aprofundada)
1. Preço e disponibilidade: barreira real de entrada
O custo é o primeiro e mais óbvio impeditivo. Com o lançamento de Frosthaven e edições novas circulando, o preço de Gloomhaven subiu significativamente (em países como o Brasil, o frete e a logística também encarecem). Quando falamos de R$1.700–R$2.000, estamos diante de um investimento que exige certeza de uso. Para quem vai comprar “por curiosidade”, o risco de frustração financeira é grande.
2. Setup e desmontagem: tempo que consome a experiência
Montar Gloomhaven é um ritual: separar tiles, montar monstros, organizar decks e itens. Mesmo com inserts, o setup fácil fica entre 20–30 minutos; sem inserts, facilmente 40–60 minutos. Isso transforma cada sessão em um evento — excelente quando se tem tempo livre, péssimo quando se quer jogar rápido. O tempo de desmontagem idem. Para grupos com agendas apertadas, isso mata a fluidez da campanha.
3. Organização pobre na caixa original — insert quase obrigatório
A caixa original não organiza bem o conteúdo. Cartas de tamanhos diferentes, tokens soltos e muitas peças tornam a experiência “hardcore” para quem não compra inserts. Inserir um organizer melhora muito, mas é um custo extra e, em alguns casos, ocupa mais espaço. A necessidade de investimento em insert é um ponto negativo prático e recorrente nas discussões da comunidade.
4. Demanda por grupo estável e continuidade
A campanha recompensa ter o mesmo grupo jogando com regularidade. Mudanças frequentes de jogadores geram descontinuidade e perda de “senso de time”. Além disso, a campanha longa exige comprometimento: se você só joga esporadicamente, a campanha pode esfriar. Nosso grupo fez 12–15 missões antes de pausar — ótimo começo, mas ainda longe do final — e é fácil que períodos longos sem jogar apaguem a memorização das regras e o interesse.
5. Ritmo e “intensidade” podem cansar
A profundidade tática é um trunfo, mas também pode causar burnout. Gloomhaven exige foco e decisões complexas a cada rodada. Para jogadores que preferem partidas leves ou ritmo mais descontraído, a sensação de “jogo pesado” pode tornar a experiência menos divertida a longo prazo.
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Dicas práticas e recomendações (com base na experiência do canal)
Invista em um bom insert: o tempo ganho na organização compensa e aumenta a quantidade de jogo por sessão.
Reserve blocos de tempo maiores: jogue em dias com possibilidade de longa sessão (2–4 horas), pois a campanha rende mais quando há continuidade.
Mantenha um grupo base: tente ter pelo menos 2–3 jogadores fixos para manter coesão narrativa.
Comece com dificuldade moderada: entender o flow das cartas e inimigos é mais produtivo com desafios calibrados.
Registre decisões importantes: usar notas ou fotos do mapa ajuda a retomar a campanha após pausas longas.
Experimente solo: Gloomhaven suporta solo bem; pode ser alternativa se não achar grupo sempre disponível.
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Considerações finais — quem deve comprar? / Vale a pena?
Gloomhaven é um case de “amor ou respeito”: algumas pessoas o amam profundamente; outras admiram sua grandiosidade, mas não têm o perfil para jogar. Minha recomendação prática:
Compre se: você ama RPGs táticos, quer uma campanha longa e rica, tem tempo/agenda para sessões maiores, e não se importa em investir financeiramente (e/ou já planeja comprar insert).
Reconsidere se: você busca jogos casuais, curte partidas rápidas, prefere competição direta entre jogadores, ou tem restrições financeiras/ de espaço.
Para quem gosta de imersão, narrativa ramificada e estratégia tática com real sensação de evolução de personagem, Gloomhaven é praticamente obrigatório. Ele entrega uma experiência única, que justifica o investimento (sob o ponto de vista do conteúdo e profundidade).
Nota final: 9.5 / 10
Por tudo isso — mundo riquíssimo, mecânicas inteligentes, sensação real de RPG, desafio recompensador e enorme rejogabilidade — atribuo a Gloomhaven a nota 9.5.
As perdas de pontos vêm de questões práticas: preço, logística de setup e necessidade de organização extra. Mas, em termos de design e experiência, é uma obra-prima moderna do hobby.
Tinha assistido o vídeo ontem e fiquei surpreso por você ter feito a análise escrita também. Ficou muito bom, Parabéns!
Concordo com seus pontos negativos, principalmente organização e setup, e esse é um dos motivos de eu achar a versão digital muito melhor. Dá pra jogar uma partida digital no tempo de montar e desmontar o jogo.
Bozeus:: Tinha assistido o vídeo ontem e fiquei surpreso por você ter feito a análise escrita também. Ficou muito bom, Parabéns!
Concordo com seus pontos negativos, principalmente organização e setup, e esse é um dos motivos de eu achar a versão digital muito melhor. Dá pra jogar uma partida digital no tempo de montar e desmontar o jogo.
Show!
Para esses vídeos de análises, estou testando agora fazer os textos em paralelos. Claro que, só vou dedicar esse tempo extra se eu ver que trás mais engajamento do que só postar o vídeo em si, vamos ver! rs
Thiago Solsona:: Entrei no universo gloomhaven agora e estou apaixonado, por enquanto só joguei o bugs and buttons e no momento presas de leão.
Jogo sozinho e ta dando para jogar de boa, estou louco para comprar o gloomhaven e o frosthaven um dia hehe
O buttons eu não joguei ainda, mas tenho o Presas do Leão e também curti! Você sente um pouco de falta de alguns elementos do Gloomhaven, mas o jogo é bem mais rápido e dinâmico