Esse é o terceiro texto da série sobre os bastidores do desenvolvimento do Acarajé. No primeiro texto, eu falei sobre a inspiração da ideia inicial e a figura das baianas. No segundo texto, falei sobre as mecânicas e os recheios.
Uma coisa que faltou eu mencionar anteriormente, é que o Acarajé também tem a mecânica de coleção de componentes (set collection), que é a queridinha de muita gente (risos). Conforme andam pelo tabuleiro, as baianas vão encontrando os ingredientes e, caso sejam diferentes, podem pegá-los para formar o seu acarajé. Aqui, o acarajé nada mais é do que o conjunto dos 5 ingredientes que o jogo possui: feijão-fradinho, azeite de dendê, cebola, sal e um recheio. Com esses 5 ingredientes diferentes, o jogador pode conquistar um cliente (pegar a ficha do cliente para si). Assim, o conjunto está completo.

A vitória da partida é determinada por quem conseguir conquistar mais clientes, ou seja, quem tiver mais conjuntos completos. Essa condição varia de acordo com a quantidade de jogadores: para 2 jogadores, é necessário conquistar 4 clientes; para 3 jogadores, é necessário conquistar 3 clientes; para 4 jogadores, é necessário conquistar 2 clientes. Esse é o único ajuste que existe em relação à quantidade de jogadores, pois eu sempre evito criar alterações de regras nesse sentido para que não seja uma coisa a mais a ser aprendida (quem jogou o Roda de Samba deve ter percebido que não há nenhuma mudança na regra para 2, 3 ou 4 jogadores).

Sobre os clientes, eu queria que eles fossem um elemento diferente do resto do conjunto. Por isso, pegar a ficha do cliente demanda ter os outros 5 elementos. E mais do que isso, a ficha do cliente é a única que não é desvirada quando um jogador acha ingredientes repetidos e perde a vez. Isso gera uma nuance interessante por dois motivos: os jogadores já sabem para onde devem ir quando tiverem os 5 ingredientes; e encontrar vários clientes antes dos ingredientes gera pequenas frustrações e algumas risadas.
E por falar em risadas, apesar de não ser um jogo festivo (party game), essa combinação de force sua sorte, memória e coleção de componentes, faz com que o Acarajé tenha momentos bem engraçados nas suas partidas. À medida em que os ingredientes repetidos ou diferentes vão sendo revelados, os risos, as mini-decepções e as comemorações vão se alternando. E no início de cada jogada é comum alguém dizer: "Pior que eu não sei mais onde tava a cebola..." ou "Gente, cadê esse sal que até agora eu não achei!?".

Assim, com a simplicidade da jogabilidade e a familiaridade dos elementos da nossa cultura, vamos criando momentos prazerosos com temas do nosso cotidiano.
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O Acarajé está em financiamento coletivo pela MeepleStarter.
Para saber mais do projeto e apoiar a campanha, acesse: meeplestarter.com.br/acaraje