Quem aí já jogou algum jogo sobre sushi? Acho que Sushi Go e Sushi Rush são alguns dos mais famosos dessa temática. E diante desses jogos, eu pensei: Se tem jogo sobre sushi, por que não tem jogo sobre acarajé, por exemplo? Foi com essa pergunta que essa jornada começou.
São muito comuns os jogos que representam temáticas estrangeiras e nem todo mundo faz esse contraponto de questionar sobre a representação da nossa própria realidade. Mas, esse já é um exercício que faço desde que olhei para os nobres do Splendor e imaginei como seria uma nobreza popular brasileira (foi assim que o Roda de Samba começou, conforme já falei em outros momentos). Quando ficou evidente para mim que a nossa culinária também seria interessante o suficiente para ser representada em um jogo, comecei a pensar no universo do acarajé, pesquisei os seus ingredientes e refleti sobre as figuras responsáveis pela sua existência: as baianas.

Uma das primeiras versões do protótipo
As baianas de acarajé são um ícone emblemático da nossa cultura. O ofício dessas mulheres se espalhou por diversos locais fora da Bahia e, desde 2004, esse trabalho é considerado patrimônio imaterial nacional reconhecido pelo Iphan. No Rio de Janeiro, de onde eu sou, o acarajé já é considerado patrimônio cultural do estado desde 2023, o que reforça a influência desse alimento e, obviamente, dessas mulheres, também no cenário local. Isso também responde o questionamento que algumas pessoas me fazem de por que um carioca gostaria de retratar uma comida tipicamente baiana (risos).
Quando penso nessas mulheres, logo me vem à mente a sua indumentária: seus turbantes, colares, pulseiras e saias rodadas. Esse visual é tão forte, que para mim era óbvio, desde o início, que elas seriam as protagonistas do jogo e deveriam ser representadas não por meeples genéricos, mas por um formato digno dessa riqueza visual. E, avançando um pouco no desenvolvimento, foi assim que surgiram as baianas 3D, que eu carinhosamente batizei de "baiameeples".

As primeiras baiameeples
Então, até aqui já estava nítido que o tema acarajé seria um prato cheio com muita coisa interessante para ser abordada e com a originalidade que para mim é fundamental. Ainda me falta falar, pelo menos, dos ingredientes e sobre as mecânicas do jogo, mas vou optar por textos relativamente curtos.
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No dia 04 de novembro começa a campanha de financiamento coletivo do jogo e a pré-campanha está no ar. Se quiser saber mais, acesse: https://meeplestarter.com.br/acaraje