Olá, pessoal!
Pra quem não me conhece, me chamo Rafael, tenho 37 anos, sou de Curitiba e participo da comunidade de board games desde 2012. Entre 2015 e 2020, acabei me afastando um pouco do hobby, mas com a pandemia me reconectei com esse mundo que tanto gosto. E, pra minha felicidade, consegui trazer minha esposa junto nessa jornada. Claro, ela não é tão viciada quanto eu, mas curte bastante jogar comigo.
Agora que já me apresentei, queria compartilhar uma reflexão que tenho tido nos últimos tempos.
Lá no começo, conseguir aquele jogo raro era um baita desafio. O acesso era limitado, era difícil encontrar parceiros de jogatina... Mas, ao mesmo tempo, eu percebia que minha coleção era muito mais estável. Por anos, por exemplo, o Terra Mystica permaneceu na minha estante sem que eu sequer cogitasse me desfazer dele, mesmo que não estivesse jogando com frequência.
Hoje, com a enorme oferta de jogos novos chegando o tempo todo, sinto que a minha coleção se tornou muito mais volátil. A vontade de experimentar novidades, de apresentar aquele "jogo incrível que acabou de sair" pros amigos, acaba tomando conta. E, no embalo disso, muitos jogos bons acabam indo embora, às vezes sem nem terem sido jogados direito.
Não estou dizendo que isso é errado. É natural do ser humano querer explorar, descobrir o novo, buscar aquele sentimento de "uau, como ninguém pensou nisso antes?". Mas me pergunto: até que ponto isso é movido pela empolgação genuína e até que ponto é puro hype ou uma forma de autoafirmação dentro do hobby?
Já me vi várias vezes pegando um jogo só porque "todo mundo estava falando", deixando outro de lado para abrir espaço. E o pior: às vezes nem cheguei a jogar o novo, e logo já o troquei por outro, numa repetição quase automática. No fim das contas, talvez o tempo, esse recurso tão escasso, seja o verdadeiro gargalo da questão.
O que queria levantar aqui é: por que associamos automaticamente o "melhor" ao "mais novo"? Será que não deveríamos olhar para os jogos com outra ótica, sei lá como se fossem vinhos por exemplo, que precisam ser apreciados com calma, harmonizados com o grupo certo, revisitados em diferentes contextos?
Acredito que só depois de várias partidas é que conseguimos realmente entender um jogo, descobrir suas nuances e valor. E nesse processo, talvez percamos coisas boas por simplesmente não termos dado tempo o suficiente.
Enfim, fica o convite à reflexão: até que ponto vale a pena abrir mão do que já temos para experimentar o novo? E será que não estamos trocando experiências profundas por sensações passageiras?
Me contem aí a opinião de vocês!!!
Abraços a todos e boas jogatinas.