HenriAugusto::
Sinceramente, isso vindo de empresário, cujo lucro depende da galera comprar e comprar e comprar, até entendo. (Até pq tinha um(a) representante da Meeple BR no chat da comunidade que ficou quietinha durante todo o processo, só olhando...)
Mas agora consumidor vir reclamar da galera cobrando controle de qualidade é foda hahaha pior ainda é reclamar da galera cobrando honestidade.
Se essa galera do "vcs reclamam de mais" realmente não se importa e é tão "de boa", porque vem gastar seu tempo precioso discutir e reclamar sobre isso em forum e deslegitimizar quem ta só pedindo mais controle de qualidade e honestidade?
Caro
HenriAugusto
O problema dos erros de produção nos jogos de tabuleiro lançados aqui é exatamente esse, ou seja, a coisa não fica apenas naquela única palavra perdida no meio do tabuleiro, em que uma letra trocou de lugar com a outra. Tudo começa assim, mas vai sempre escalando. A editora primeiro lança o jogo com uma carta errada, todo mundo compreende e vida que segue. Como não deu problema, a editora que espreme até a última gota de lucro, entende que não precisa melhorar o controle de qualidade.
Dois ou três lançamentos depois, não é apenas uma, mas sim dez cartas erradas. Mais uma vez a editora apela para a boa vontade do povo, alguns começam a reclamar, mas aparece uma exército de defensores dizendo que isso acontece, e a editora também dá uma força dizendo que está empenhada em melhorar a revisão. No final o erro acaba passando. Depois disso, a porteira fica escancarada, o lançamento do jogo é adiado quase que indefinidamente, o tabuleiro vem com erro (o que é quase impossível de consertar em casa), lotes inteiros de jogos vêm com peças faltando e por aí vai.
Em seguida a empresa vem a público dizendo que a culpa foi da fábrica que rodou o jogo, que errou os arquivos só dela e de mais nenhuma empresa, que o culpado foi o ano novo chinês, que o Papai Noel que ficou de fazer o frete se atrasou por conta de uma greve das renas, que o Saci Pererê que é o fiscal aduaneiro prendeu o jogo na Receita Federal de sacanagem, e vamos que vamos. A coisa chegou em um nível que até as desculpas mais esfarrapadas possíveis são plenamente aceitas por uma parcela muito grande da comunidade boardgamer, e é esse conformismo que não apenas inviabiliza mas incentiva que as editoras cada vez mais forcem os limites.
Isso que a MeepleBR fez com a expansão do Root é, nada mais nada menos, que uma evolução da safadeza que a Conclave fez com o Old World, e que a Galápagos fez com a nova versão capada do Everdell, e mais uma cacetada de jogos. E pode se preparar, porque como não teve nenhum problema para as editoras nesses episódios, é certo que dentro em breve estaremos vendo o desrespeito com os compradores atingirem níveis ainda mais altos de descaso e falta de consideração.
Só que é bom lembrar que isso só ocorre, por causa de uma meia dúzia de pessoas muito comprometidas que recebem várias benesses das editoras como alguns produtores de conteúdo (não são todos, mas são muitos) e outros como o moderador desse seu grupo, que defendem incondicionalmente as editoras independente da gravidade das covardias que elas fazem conosco, que compramos jogos.
Infelizmente essa é a nossa situação e que só vai mudar no dia em que as pessoas preferirem abrirem mão do jogo que querem muito (o que é cada vez menos complicado porque saem jogos novos às centenas todos os anos e cada vez mais do mesmo), ao invés de referendar os absurdos cometidos pelas editoras. Queira Deus que nós vivamos para ver esse dia chegar.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio