Negrao::Conde_dl::
Ter algum portfólio é melhor do que não ter nenhum.
Portfólio é inerente à criação, não à publicação.
Ilustradores não precisam fazer jobs de graça "pra divulgar sua arte", por exemplo, porque ele pode simplesmente ilustrar o que quiser e divulgar por ae.
Em um exemplo prático, eu fui convidado para fazer o Mortal Kombat devido a um jogo que eu não cheguei a lançar.
Um jogo que foi melhor ser conhecido por faze-lo do que, em outro cenário, deixar que fosse publicado sem que ninguém soubesse que eu sou o autor.
Nesse segundo cenário, seria melhor pra mim ter um jogo publicado para oferecer meus serviços às editoras, mas não teria trago a editora direto à minha porta.
Eu acredito que esse exemplo exprime bem as vantagens e desvantagens do reconhecimento de autoria direito no jogo.
No final das contas cada artista mede seus prós e contras.
Alguns fazem o trabalho no estilo "ghostwritter" pelo pagamento, outros topam publicação sem nome para ter o material físico para demonstração, e outros preferem segurar seu trabalho para publicar por quem valorize sua autoria ou mesmo partem para a autopublicação.
Eu entendi o seu ponto de que, pra um iniciante desconhecido, qualquer publicação pode ser interessante, e talvez até seja verdade, mas essa discussão não fala apenas do primeiro passo na indústria, mas de uma trajetória completa.
Pra muitos Game Designers intermediários pode não valer a pena publicar sem um passo a mais em direção ao reconhecimento.
"Portfólio é inerente à criação, não à publicação."
Há mais de um tipo de portfólio. Há peças que exemplificam habilidades e há peças que exemplificam sucessos profissionais práticos. Por exemplo, quando um recém-formado sai da faculdade, digamos, de jornalismo, ele terá no portfólio, muito provavelmente, seu TCC e matérias que fez em disciplinas específicas. Uma vez que não tenha conseguido um estágio durante o curso, para ter exemplos práticos, realmente é o que ele vai ter. Exemplos de sua capacidade de criação, mas não de atendimento a demandas de mercado, como veículos, clientes (no caso de uma conquista como assessor de imprensa). Minha percepção é que um porfólio de criação, sem publicação, é um portfólio de "potencial" sem provas de "viabilizações". No universo profissional, via de regra, se deseja trabalhar com indicações, pois elas prevêm mais do que a promessa do "vendedor", mas sim se baseiam numa experiência real bem sucedida e anterior.
No caso do meu exemplo de "job de graça" (para registro eu só considero que isso valha a pena se realmente a exposição for relevante ou os contatos/acessos só puderem ser feitos dessa forma), eu quis colocar como uma situação mais limite. Como um liberal econômico acredito que deva haver uma justa compensação por qualquer trabalho e dificilmente um serviço de graça irá abrir portas no cliente que o absorveu, mas para terceiros que não tenham acesso às informações de bastidores, um iniciante ter um determinado portfólio prático é melhor que só um teórico e/ou acadêmico.
"Em um exemplo prático, eu fui convidado para fazer o Mortal Kombat devido a um jogo que eu não cheguei a lançar. Um jogo que foi melhor ser conhecido por faze-lo do que, em outro cenário, deixar que fosse publicado sem que ninguém soubesse que eu sou o autor."
Bom, mas se vc não lançou o jogo, o conhecimento de terceiros sobre você ter feito ele adveio de seus contatos e/ou da publicidade sobre seu protótipo. Você o apresentou por aí e para as pessoas certas e isso lhe criou uma oportunidade. Certo? (Fico sinceramente feliz pelo seu sucesso

) Entretanto, não vejo como é que ter feito isso + lançado o jogo sem seu nome teria criado um cenário menos positivo. Quem lhe convidou para o outro projeto teria te descartado por ter um jogo não assinado no mercado? Na verdade, seu sucesso não advém de especificamente não lançar o jogo, mas sim, mesmo sem lançar, tudo graças (imagino) seus trabalhos de divulgação do protótipo. Talvez, inclusive, se o jogo fosse lançado sem seu nome, uma vez espalhado pelo mercado, ele pudesse ter chegado mais rápido a mãos de pessoas ainda de mais interesse, que com um produto viabilizado em mãos, poderiam te oferecer ainda melhores oportunidades. Não vejo como o jogo no mercado pudesse ser contraproducente.
Não vejo relação de casualidade entre não lançar um jogo e ser contratado para outro projeto devido conhecerem a existência de um jogo não lançado. Ademais, uma coisa é não ter o nome na caixa, outra é assinar um serviço de "ghost game designer". A segunda opção, realmente, se a pessoa quer criar um nome, é um mau negócio, pois estará contratualmente proibida de fazer uma ligação pública a determinado produto.
"Nesse segundo cenário, seria melhor pra mim ter um jogo publicado para oferecer meus serviços às editoras, mas não teria trago a editora direto à minha porta."
A editora não iria até sua porta se vc tivesse um jogo publicado sem seu nome? É algum preconceito profissional da parte deles? Em muitos anos contratando fornecedores como produtor editorial eu nunca considerei que alguém que não tivesse um portfólio prático de serviços a outros clientes seria mais interessante... não vejo como você ter um jogo publicado, mesmo que sem seu nome, impediria o marketing pessoal que vc promoveu de ter os mesmíssimos resultados.
"Eu entendi o seu ponto de que, pra um iniciante desconhecido, qualquer publicação pode ser interessante, e talvez até seja verdade, mas essa discussão não fala apenas do primeiro passo na indústria, mas de uma trajetória completa."
Certamente, numa trajetória mais ampla, a construção de força para negociar o nome, conta. Mas isso é algo que eu defendi em todas as minhas intervenções.
"Pra muitos Game Designers intermediários pode não valer a pena publicar sem um passo a mais em direção ao reconhecimento."
Concordo, numa posição de game designer intermediário, não publicar (especialmente se a grana advinda disso não é necessária para pagar as contas) até que se encontre uma editora que ajude na construção do reconhecimento, pode sim fazer sentido. Mas parto do pressuposto que se alguém é intermediário, deixou de ser iniciante e se deixou, é pq não queimou primeiras oportunidades com preocupações mais adequadas a profissionais mais bem estabelecidos e com posições de força mais sólidas.