Quanto à busca de um termo em português para substituir a palavra gimmick, pensei inicialmente na palavra APELO. Que me parece ser uma boa opção. Captura bem, ao meu ver, o espírito do uso que se faz do vocábulo gimmick no âmbito do hobby dos jogos de tabuleiro.
Mas "apelo" não me soou bom o bastante para substituir a escolha do Gustavo: ARTIFÍCIO. Por não capturar a acepção de "malandragem", "ideia original", "recurso original que chama a atenção". Além disso, "apelo" soa um tanto genérico. Um jogo pode ter apelos variados. Logo, seu uso nesse contexto seria bastante inespecífico. E, portanto, inadequado. A palavra "artifício", por sua vez, além de ser uma escolha excelente, tem a vantagem de se aproximar mais do sentido original de gimmick. Na verdade, é uma escolha praticamente perfeita.
Mas eu queria algo que fosse a soma das duas ideias: artifício + apelo. Pois me parece que gimmick - embora tenha o sentido original de truque, insight - é usada mais com a ideia de atrativo. Ou seja, na minha interpretação, o uso dessa palavra pelo pessoal da indústria começou com um foco na causa. No truque que eles usariam para produzir o apelo. Porém, para o público consumidor (especialmente o público brasileiro que não fala inglês), gimmick provavelmente é relacionado mais com o efeito ou a consequência do truque. Ao menos eu percebo dessa maneira.
Daí eu ter pensado na palavra CHAMARIZ. Por ser mais rara, ela soa muito mais específica do que apelo. É comum pensarmos que algo tenha diversos apelos. Mas penso ser bastante incomum pensarmos em chamariz de forma não singular. Alguém aí se lembra da última vez que ouviu a palavra "chamarizes"? Quando se pensa em chamariz, geralmente se pensa em não mais que um.

Portanto, se não for para usar a palavra ARTIFÍCIO; que é uma excelente escolha, pensando mais na causa, ou naquilo que se faz para produzir o apelo; a melhor opção, para mim, seria usar a palavra CHAMARIZ; com foco no efeito ou na consequência do uso do artifício.

Entre pensar em apelo e ter a ideia de chamariz, minha mente passou também pela palavra "destaque". Mas ela é igualmente genérica e pouco específica. Não pela multiplicidade, pois geralmente algo possui um único destaque. Mas porque pode ser qualquer coisa. Um jogo com um chamariz altamente inusitado pode ter como seu grande destaque o preço. Alto ou baixo. Ou sua arte horrorosa, etc.
Em geral é preferível usar como termo técnico para compor um jargão palavras menos comuns da língua.

Muito boa discussão no podcast! Parabéns pela escolha do tema!

Olhando os comentários aqui, eu já acho o Ark Nova um exemplo ruim… Todo o design do jogo é bem simples, quase perto de um protótipo (mas não quer dizer que não seja funcional) e a arte é simplesmente as fotos dos animais. Na minha opinião está bem abaixo de um Wingspan. Este é um exemplo de beleza tanto nos elementos gráficos quanto na arte.

Gostaria de saber o que acham desta moda de relançamento dos jogos em arte 3D (exemplo Quacks). Eu ainda prefiro a arte antiga… Será que vamos ter uma migração em massa para esta arte com cara mais artificial (parece até gerada por IA)?

Muito boa a discussão. Mas eu tenho a impressão que gimmick tem um sentido mais negativo que positivo. Tal como uma firula. 

O Sotero teve um insight brilhante: será que não estaríamos experimentando um "viés de percepção" em vez de "perceber um viés" na produção dos jogos? Será que estamos esquecendo de que nós também somos influenciáveis e acabamos por notar mais os jogos com gimmicks/firulas/traquitanas/engenhocas do que jogos que desprovidos de beleza e que pretendem se destacar exclusivamente por como foram engendradas as conexões de mecânicas que envolvem o jogo?

Particularmente, eu não consigo responder a pergunta, nem sequer saber se os jogos lançados hoje, em média, são mais mais bonitos do que no início dos anos 2000. Eu não sei, em números, quantos os jogos foram lançados nos anos do Catan, muito menos quais. E nem sei se alguém tenha uma visão geral dos jogos lançados nos últimos anos no mundo. São mais de 450 mil itens cadastrados no BGG e eu não conheço nem 450 jogos. Por isso, qualquer opinião minha vai ser carregada de viés das editoras brasileiras, dos produtores de conteúdo e dos amigos da boardsfera.

tuliobarros::Muito boa a discussão. Mas eu tenho a impressão que gimmick tem um sentido mais negativo que positivo. Tal como uma firula. 

kaduaribeiro ::Muito boa discussão no podcast! Parabéns pela escolha do tema!

Olhando os comentários aqui, eu já acho o Ark Nova um exemplo ruim… Todo o design do jogo é bem simples, quase perto de um protótipo (mas não quer dizer que não seja funcional) e a arte é simplesmente as fotos dos animais. Na minha opinião está bem abaixo de um Wingspan. Este é um exemplo de beleza tanto nos elementos gráficos quanto na arte.

Gostaria de saber o que acham desta moda de relançamento dos jogos em arte 3D (exemplo Quacks). Eu ainda prefiro a arte antiga… Será que vamos ter uma migração em massa para esta arte com cara mais artificial (parece até gerada por IA)?