RaphaelGuri::
Enfim, agradeço por tudo que já fez - tanto o Cacá, como você Iuri, também todos que você citou, além dos bravos guerreiros do plástico e do papelão que ainda persistem como o Dharrebola, Patanga, Linauro, Dheyrdre, Rimor, Djow e sua galera, entre outros (e o Bombardium, que coloco à parte pois não sei se ele também parou ou não - tendo em vista que o último post dele tem alguns meses). Espero sinceramente que continuem tendo força e ânimo.
rafapaz::
Vejo que o criador de conteúdo tem que escolher um de dois caminhos:
1 - Fazer conteúdo esporádico, quando der na telha, sobre suas jogatinas, independente de ser lançamento ou não, ou assuntos aleatórios sobre o hobby. Ou seja, lidar com a criação de conteúdo como mais um hobby e não uma obrigação - sem muito investimento ou sacrifícios de tempo.
2 - Se profissionalizar como um braço de marketing das editoras, fazendo vídeos/textos de alta qualidade, com regularidade 2,3,4 vezes na semana, sobre lançamentos em formatos diversos: unboxing, gameplays, análises (mesmo que sejam enviesadas), etc... isso recebendo jogos e DINHEIRO por esse trabalho árduo. Sim, são pessoas que fazem propaganda indiretamente e mercem ser pagas por isso, como qualquer outro trabalho.
pablogbo::
Eu sinto falta de mais canais (tanto faz se mídia escrita ou vídeo - podcast não tenho o costume de ouvir), tratando de qualquer coisa no hobby, que não seja LANÇAMENTOS.
Por sorte ainda há bravos produtores de conteúdo que conseguem se desgarrar desse buraco negro chamado LANÇAMENTOS.
Caros
RaphaelGuri,
rafapaz e
pablogbo
Meus camaradas, eu acho que o futuro da criação de conteúdo sobre board games vai seguir esse mesmo caminho que o rafapaz citou, ou seja, o da profissionalização de um lado e do outro, o caminho de tornar a própria criação de conteúdo como um hobby dentro do hobby, assim como é por exemplo a pintura de miniaturas.
Quanto à questão de quase toda a produção de conteúdo, dos grandes canais ser voltada para os lançamentos, eu acho que é algo natural, e que não tem muito como fugir disso. Na minha cabeça a escolha é a seguinte, ou você quer ter um canal grande, e para isso tem de focar em lançamentos, e lançar algum conteúdo, seja texto ou vídeo, por semana, ou você pode escrever sobre aquilo que quiser, e quando quiser (como é o meu caso), mas aí o seu canal será pequeno e atingirá um número muito menor de pessoas, que é a minha opção.
O motivo para isso é que o sistema se retroalimenta com base no "culto ao novo". No início do mercado nacional de board games, meados dos anos 2010, só haviam lançamentos, porque antes não havia nada. Com o passar do tempo o mercado foi focando cada vez mais nos lançamentos até porque as tiragens eram pequenas e muitos jogos esgotavam para não voltar mais, além, obviamente, do "novo" ser mais fácil de promover e de vender. Com isso, a comunidade foi ficando cada vez mais viciada nos lançamentos. e a consumir conteúdo voltado para os lançamentos. Consequentemente os canais que lutavam para sobreviver, ou ao menos deixar a conta zerada (não se ganha dinheiro com produção de conteúdo de board games, mas também não se gasta tanto), esses canais, cada vez mais, tinham que produzir o conteúdo que a comunidade queria consumir, ou seja, os lançamentos.
Isso fez com que a produção de conteúdo de jogos entrasse em uma espiral, que eu acho difícil que algum dia ela saia. Nesse caso, para cada produtor de conteúdo escrito para jovens que quer apenas escrever sobre um assunto do qual gosta, independente de ser lançamento ou não, e sem fazer grandes sacrifícios para tal, como é o caso desse humilde escriba que vos responde, para cada um desses, haverá uma legião de outros produtores de conteúdo lançando vídeos semanalmente, focados, como vocês já sabem, em lançamentos de jogos.
Não posso falar pelos outros (quem sou eu, para tanto), mas da minha parte, eu escrevo, muito mais para divulgar o pouco que eu sei, e contribuir modestamente para o conhecimento coletivo da comunidade, e mais ainda por uma questão de gosto pessoal. Assim, eu escrevo tanto, e eu digo "tanto" em quantidade (já que a qualidade é discutível), pelo simples motivo de gostar de escrever, e do meu jeito. Se eu não escrevesse textos tão longos talvez eu atingisse mais pessoas, só que aí eu não estaria fazendo aquilo que eu gosto. Portanto eu continuo, e pretendo continuar, escrevendo fora do formato padrão, em termos de tamanho, e quase não tratando do assunto mais popular (lançamentos de board game), porque é isso que me dar prazer. Se os meus textos terão 1.000 ou 100 visualizações, ou se terão 100 ou 10 likes, isso é totalmente secundário para mim. E claro que ter uma quantiade grande de visualizações e de curtidas é legal, porque você vê que o sue texto atingiu uma boa quantidade de pessoas e que muitas delas gostaram do que você escreveu. Mas mesmo sendo legal, esse não é o objetivo principal que me faz escrever. Infelizmente, pensando e agindo assim, eu sei que acabo entrando em um grupo praticamente em extinção, o que eu lamento, mas mesmo assim isso não me convence a mudar minha maneira de pensar e escrever.
Para terminar vou citar uma das maiores artista da música regional, que antes era chamada de "caipira", mas que hoje é universalmente conhecida como música sertaneja, mesmo quando não vem do sertão, e eu falo da inesquecível Inezita Barroso, que eu já citei outras vezes, e que tinha uma frase que eu acho lapidar. Durante quase quatro décadas a Inezita Barroso comandou o programa "Viola, Minha Viola", na TV Cultiura de São Paulo, sempre prestigiando a autêntica música regional brasileira, que usa gibão de couro ao invés de "chapéu e fivela de cowboy". Uma vez quando perguntada por que ela não levava mais artistas do mainsteam sertanejo, para aumentar a audiência do programa ela respondeu o seguinte: "Eu prefiro falar o que eu quero, para poucas pessoas, do que falar para muitas pessoas aquilo que eu não quero". É exatamente dessa forma que pensam não apenas eu, mas eu acredito que uma meia dúzia de abnegados, que continuam apenas escrevendo sobre jogos e bem pouco sobre lançamentos.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio