
Pequenos grupos chegam, com suas bolsas cheias de grandes e pequenas caixas de papelão coloridas. Há uma predominância evidente de temas entre elas: fantasia, reinos, animais. Cada caixa é um mundo desenhado por alguém que vive de imaginar narrativas jogáveis.
Enquanto alguns se falam ou organizam o salão de festas, outros já estão escolhendo seus jogos e montando as mesas. Não se trata, entretanto, de algo literal, mas o setup: tabuleiros, pequenas miniaturas, muitas cartas, dados e peças de todos os tipos começam a ocupar seus espaços. Imergimos em uma sobreposição de sons familiares — os jogos vão começar.
O Balaio dos Jogos é um fenômeno curioso para quem vê de fora. Uma comunidade de 400 pessoas que, há um ano, se reúne uma vez por mês para partidas de jogos de tabuleiro modernos. O grupo disputa 100 vagas para o evento presencial e elas acabam em minutos. Na edição mais recente, que comemorou 1 ano do evento, encontrei com uma amiga cineasta que, por acaso, estava ali pela 1ª vez. Não escondia a surpresa diante do que via, mesmo sendo alguém super ambientada com as mais diferentes manifestações culturais. "Isso dava filme", ela dizia. Dava mesmo.
Para quem jogou na infância jogos como War ou Banco Imobiliário, não se engane: esses são os clássicos do século XX e nunca se vê na estante do evento. Aqui a presença massiva é de títulos modernos, populares a partir da virada do milênio. Se obras como Ticket To Ride e Carcassone abriram o caminho, hoje a cena é dominada por sucessos mundiais como Azul, 7 Wonders, Dixit e Pandemic. Os mais populares têm em comum o elemento estratégico como principal mecânica, seja em um jogo festivo e popular como Codinames ou mais denso e nichado como Castles of Burgundy.
Quem vai costuma ficar por horas no evento, que é organizado por um grupo que se conheceu em outros encontros similares. São colecionadores, fãs da arte que gostam de viver o que o hobby oferece de melhor: sentar, conhecer um novo jogo ou apresentar um favorito a pessoas novas. Essa receptividade é a maior marca do grupo, que atrai diferentes faixas etárias e visões de mundo. Um balaio cheio de jogos e de gente boa é realmente irresistível.

Da esquerda para direita, equipe de organização do Balaio: Railson, Enver, Evandro, Yago, Ianca e Marconi (agachado).
Vídeo da edição de 1 ano: https://www.instagram.com/p/DKnRA50Jitk/
SAIBA MAIS EM @BALAIODOSJOGOS
Ricardo Oliveira