lucasfwb89::Schaidhauer::Não vejo muita diferença o jogo retratar o lado colonizador ou o lado colonizado... Infelizmente ou felizmente o mundo atual foi moldado assim, o fato de haverem jogos que retratam a história é muito importante, para que a história nào se perca, então havendo jogos baseados no lado colonizado também é muito importante...
Só acho que essa relaçao com os jogos 4x algo que foge um pouco da realidade, até porque, os próprios povos colonizados também de certa forma foram colonizadores, pois sempre houve uma briga por território, uma tribo sempre lutou com outra por algo... isso nem é questão de história mas chega a ser algo de fundamento evolucionário... se a humanidade não colonizasse ela ja estaria extinta.
Quando um caçador está perserguindo a sua presa, existem ali duas histórias: a do caçador e a da presa. Uma história é sobre perseguir, a outra é sobre fugir. Buscando como finalidade o velho provérbio africano que diz: "enquanto o leão não falar, o caçador sempre vai ganhar na história".
Quando falamos de colonização (termo fofinho para invasão, expropriação e destruição) não estamos falando de mera disputa territorial. Estamos falando da produção de riquezas no globo, que até hoje se firma nas relações sociopolíticas entre países (basta ver as imposições e sanções que até hoje tomam as manchetes). Alaska e Havaí ainda são considerados parte dos EUA, tal qual mais da metade do ouro e prata que circulou (e ainda circula) foi tomada da América Latina. Até em panoramas menores, como aqui em Coruripe - AL (cidade onde resido), que a cidade paga uma taxa para a Igreja Católica pelo suposto assassinato do Bispo Sardinha pelos povos Caetés, ocorrido no séc XVI.
Na verdade existe uma GIGANTESCA diferença em jogos entre você ser o lado colonizado e o lado colonizador, pois seus objetivos são diferentes. Um lado persegue, o outro sobrevive.
Peço licença ao @
Schaidhauer e @
lucasfwb89 para pegar uma berada neste jogo.
Antes: concordo com a imagem que o Lucas trouxe.
Imagine a seguinte cena: você está numa roda de conversa super diversa, com gente de todo canto do mundo, cada um trazendo suas histórias, saberes e jeitos de ver a vida. De repente, um sujeito de terno, sotaque britânico e olhar confiante levanta a mão e diz:
"Muito legal tudo isso, pessoal, mas vamos focar no que é realmente racional, científico e civilizado, ok? Aliás, eu trouxe um PowerPoint."
Pois é. É mais ou menos contra esse tipo de atitude que - imagino - o Linauro jogou as cartas Decoloniais.
A provocação é a seguinte: quem decidiu que o jeito dos Exploradores Capitalistas e/ou do Colonizador de pensar e agir é o jeito certo? E por que os outros modos de conhecer — de povos indígenas, africanos, asiáticos e latino-americanos — são chamados de “crendices”, “folclore” ou “atrasados”?
A resposta, creio eu, está num trio poderoso: saber, poder econômico e colonização do espaço físico e imaginário.
Existe, segundo Walter Mignolo (semiólogo argentino), algo chamado “ponto zero de enunciação” — calma, não deixem de ler esta cartada ainda, prometo que é interessante!
Esse tal ponto zero é aquela pose de quem diz: “eu sou neutro, objetivo, imparcial”. Mas, na real, a pessoa tá falando de um lugar bem específico: da Europa, dos Estados Unidos, da academia ocidental, da lógica do “quem tem diploma manda”.
Ou seja: não existe neutralidade pura. Sempre falamos de algum lugar, com alguma bagagem. E quando fingimos que só o pensamento branco-europeu é universal, estamos apagando os saberes de milhares de culturas que existem há séculos — e que sobreviveram, inclusive, à colonização na base da força, do fogo e da Bíblia.
O colonialismo não parou nas caravelas e bandeiras fincadas. Ele seguiu no jeito de pensar que foi imposto como único caminho válido para o conhecimento e está presente e muito presente nos simpáticos jogos de tabuleiro.
Não é sobre jogar o Ocidente, a Europa e os E.U.A no lixo, nem cancelar filósofos clássicos. É sobre abrir espaço na roda, tirar o pedestal do centro e dizer: “bora ouvir mais vozes, com outras experiências, outras histórias e outras sabedorias”.