Caros vinilima80, LrzPlays, gabrielrj
O Betrayal at House on the Hill, na minha modesta opinião é um dos melhores dungeon crawlers já feitos. Se as miniaturas que já vem pintadas no jogo base mesmo, fossem um pouco maiores, seria quase perfeito. Aliás O Mansion of Madness com o qual o Betrayal é normalmente comparado tem nesse board game um oponnente de peso, para quem gosta de dungeons crawlers em especial aqueles que envolvem o gênero terror. Nesse aspecto o Mansion of Madness leva vantagem porque os cenários são melhor escritos, mas é uma vantagem bem leve.
O problema é que o Betrayal at House on the Hill é um board game tão bom, mas tão bom, que geralmente a gente esquece que ele é originalmente de uma editora de certa forma não-relacionada, ou melhor dizendo, pouco relacionada com board games modernos que é a Avalon HIll, que por sua vez pertence à Hasbro. Assim, quando se olha o Betrayal at House on the Hill ;e muito comum pensar que ele é mais um dos jogos da poderosa CMON, o que não é verdade, apesar de parecer.
Nesse sentido, sendo um jogo da Hasbro, e portanto meio que fora do cenários de board games modernos, é muito pouco provável que haja um lançamento nacional desse jogo. É sempre bom lembrar que a primeira edição é de 2004 e a segunda, que é aquela que a maioria dos jogadores brasileiros conhece e jogou é a segunda edição de 2010 (aquela da caixa verde). Portanto a primeira edição já tem 20 anos e a segunda 15, o que em termos de jogos de tabuleiro é uma eternidade. Por outro lado, a terceira edição é de 2022, mas salvo engano, quando questionada a respeito de um possível lançamento nacional do jogo, a Hasbro respondeu que não isso sequer estava nos planos da empresa. Como a Hasbro é uma empresa que lança seus jogos no Brasil, diretamente (Clue, Monopoly, Game of Life), não funcionaria nesse caso aquele padrão de uma editora nacional de jogos, lançar aqui o jogo de uma editora gringa.
Além disso, é preciso considerar que sendo a Hasbro a maior empresa de jogos e brinquedos do mundo, ela não atua no segmento de financiamentos coletivos, como as editoras de jogos nacionais e estrangeiras. Desse modo, a única forma de uma edição nacional do Betrayal ver a luza do dia, seria se a própria Hasbro quisesse fazer isso, e se nada nesse sentido foi dito três anos atrás, quando do lançamento da terceira edição, eu acho pouco provável que isso ocorra agora.
Fora isso, é preciso considerar também que mesmo antes das tarifas de Donald Trump, a Hasbro já passava por uma crise, por conta da mudança de hábito das crianças de hoje, que cada vez menos "brinca com brinquedos". Atualmente, desde a mais tenra idade as crianças brincam no celular, e mesmo que bonecas Barbie, Polly e Hot Wheels (Mattel), e arminhas de Nerf, Transformers, Baby Alive e My Litttle Pony (Hasbro), ainda vendam bastante, as vendas nem de longe são o que eram em um passado recente. Recentemente a Hasbro renovou o licenciamento da linha Star Wars é esse deve ser o seu provável foco, no curto e médio prazo.
Isso tudo me faz pensar que a Hasbro está muito mais preocupada em reavivar sua linha de brinquedos, do que expandir sua linha de jogos de tabuleiro, especialmente em se tratando de um jogo, que perto de outros clássicos como Clue e Monopoly é praticamente desconhecido do grande público, que é o público alvo da empresa. Isso para não falar do imbróglio jurídico envolvendo a Hasbro e a Estrela, que já se arrasta há quase 20 anos, e que envolve principalmente os jogos de tabuleiro carros-chefe da Estrela Detetive e Banco Imobiliário. Isso certamente deve fazer a Hasbro pensar duas vezes antes de lançar algum outro jogo de tabuleiro aqui por essas bandas. Para por outra pá de cal na história, vale lembra que o Magic: The Gethering e o D&D, duas linhas fortes de produtos da Hasbro não terão mais lançamentos em português, o que demonstra mais ainda que o Brasil não é uma prioridade para a Hasbro, e é possível que o processo envolvendo a Estrela tenha, ao menos uma pequena parte a ver com isso, entre os tantos outros aspectos que pesaram nessa decisão.
Apesar disso tudo, eu que também gostaria muitíssimo de ver uma versão nacional do Betrayal, só posso encerrar dizendo que, mesmo contra todos os prognósticos, a esperança é a última que morre...
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
P.S. Quem tiver interesse de saber um pouco sobre a história "pitoresca", digamos assim, dos lançamentos do Betrayal at House on the Hill, eu recomendo dar uma olha em um texto que eu escrevi (olha o auto-jabá aí gente!!! KKKKKK), no link:
https://ludopedia.com.br/topico/64106/betrayal-at-house-on-the-hill-seria-o-evil-dead-dos-bg