Caros Board Gamers
Eu acho que não há dúvida de que as pessoas tem opiniões e percepções diferentes, a respeito da validade dos rankings. Então se o ranking é importante para você OK, se o ranking não importa nada, no seu ponto de vista, OK também.
Na minha opinião, que só tem valor e importa única e exclusivamente para mim e mais ninguém, eu acho os rankings de board games muito úteis e válidos. Vale lembrar que no nosso hobby temos pouquíssimas fontes de informação, então mesmo não sendo as mais precisas e mais exatas fontes, os rankings ao menos são alguma coisa. A grande questão é que rankings funcionam de maneira geral, evidentemente, mas as pessoas costumam criticar e invalidar os rankings, com base em exemplos muito específicos. Evidentemente qualquer ranking tem anomalias e algumas distorções, mas isso normalmente acontecem de forma muito localizada. Por isso, na minha opinião, e com base na minha humilde experiência, os rankings de forma geral refletem muito bem a realidade dos jogos, não apenas na qualidade, quanto também em relação à popularidade.
O problema é quando nós questionamos o ranking, porque, por exemplo, o Puerto Rico ficou em primeiro lugar no ranking BGG, durante cinco anos, enquanto que o TI4 nunca chegou ao topo do ranking. Isso de forma alguma quer dizer que um seja melhor que o outro. Por outro lado, o fato desses dois jogaços terem atingido as colocações mais altas, em algum momento, só reforça o quanto todos os dois são jogos excepcionais, duas obras-primas, e que estão entre aquilo que de melhor já se produziu em termos de board games modernos, ao longo desses trinta anos, desde o lançamento do Catan.
Do mesmo modo, é natural que o BGG, que é um site que abrange o mundo todo não seja de muita utilidade, quando se trata especificamente de jogos brasileiros. É fundamental lembrar que o Brasil não é um país com longa tradição em jogos de tabuleiro, principalmente 100% nacionais, nem é um mercado tão relevante em termos de tamanho. Portanto, fica difícil um jogo brasileiro, ter a mesma exposição, que um jogo alemão, ou norte-americano. A grande maioria dos usuários do BGG simplesmente não conhece os nossos jogos, e mesmo quando eles são conhecidos é preciso considerar que o BGG envolve jogos do mundo inteiro. Assim sendo fica muito difícil um jogo brasileiro se destacar e chamar a atenção, em termos de ranking.
Um exemplo disso é o caso do Cartógrafos que ocupa a posição de 167 no ranking, e o World Wonders, que está na posição 525. Eu particularmente acho o segundo bem melhor e superior ao primeiro, porém há que se considerar que o primeiro foi finalista no Kennerspiel des Jahres, e o segundo não. Portanto, eu acredito que a maior exposição do Cartógrafos, bem como a chancela do mais importante prêmio da categoria, influenciou fortemente a diferença de posição no ranking BGG, entre os dois jogos. Porém, novamente, esse é um recorte muito específico.
Além disso, o ranking Ludopedia, por razões óbvias, reflete melhor a opinião da comunidade boardgamer nacional, não apenas em relação aos jogos brasileiros, como também em relação aos jogos gringos lançados aqui. Então é natural, que ao analisar os 100 primeiros colocados nos rankings dos dois sites, se encontre algumas discrepâncias.
Outro ponto importante, quando se analisa os rankings, é que é preciso considerar também que um ranking não reflete especificamente e individualmente o gosto pessoal de cada um. Por isso, é possível que eu não goste do Brass Birmingham, por exemplo, (eu gosto, mas isso é apenas um exemplo), mas não dá para negar que esse é um jogaço. Dito isso, eu acho muito difícil encontrar no TOP 100, um jogo ruim, ou que não seja reconhecidamente um jogo bom, mesmo que não se goste dele. E isso por si só, já me convence da validade dos rankings, pelo menos na minha opinião.
Por fim, eu gostaria de lembrar, que mesmo não sendo um parâmetro perfeito, ainda assim os rankings são um parâmetro, que é melhor que parâmetro nenhum. Caso contrário acabamos caindo na questão do gosto pessoal exclusivamente, o que não comporta discussão séria possível, porque gosto cada um tem o seu. Assim sendo, se você gosta e se orienta pelos rankings, você tem mais é que usar os rankings mesmo, mas se não for esse o seu caso, então você tem mais é que continuar ignorando os rankings. No final, o que importa mesmo é ser feliz e mental e fisicamente saudável, cada um da sua forma, sem ranking ou com ranking de jogos de tabuleiro.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio