orlandocn::Que belo exemplo de metalinguagem onde a ação de "adquirir" um jogo já é um jogo de force sua sorte.
Deixando a chacota de lado esta é uma situação bem complicada: a editora é tão vítima quanto os apoiadores, acredito não ser vantajoso para nenhum dos envolvidos o que está acontecendo.
Sobre os financiamentos coletivos, acredito ser um tanto quanto estranho esperarmos que os riscos sejam estampados em letras garrafais no topo dos anúncios, não observamos isso em nenhum segmento, quando vamos comprar um carro vendedor nenhum avisa que há um problema crônico no cambio ou no cabeçote, mostram o interior luxuoso, o porta malas grande, a potência do motor.
Acho ingenuidade nossa acreditar que alguém que usa um cartão cartão de crédito para comprar um jogo (e muitas vezes paga em dolar), busca ativamente uma plataforma de financiamento coletivo ou é direcionado para uma através de um site especializado em jogos de tabuleiro não seja capaz de buscar informações.
Tudo é aprendizado, às vezes aprendemos pela dor... parece ser o caso.
Caro
orlandocn
Talvez você tenha razão, o problema é que não dá para ganhar dos dois lados. Não dá para a editora vir aqui e se vender como uma empresa honesta, idônea e comprometida com seus apoiadores, como todas as editoras nacionais de jogos fazem, e ao mesmo tempo utilizar esses expedientes imorais e muito questionáveis de não serem transparentes com o riscos de seus projetos, só porque todo mundo faz isso.
Numa boa, alguma vez você viu a Mosaico, ou qualquer outra editora vir a público e dizer, "eu só faço a minha parte e está bom demais, se o meu comprador ou meu apoiador receber o jogo, ótimo, mas se der algum galho o problema não é meu"? Eu te pergunto isso porque eu nunca vi. Aliás o que sempre se vê é justamente o contrário. Desse modo, se a Mosaico tivesse esse tipo de franqueza, de que não assume nenhuma responsabilidade por qualquer contratempo, o que nem ela nem nenhuma outra empresa faz nunca, e por razões óbvias, eu não reclamaria absolutamente nada. Porém como a postura da Mosaico e das demais editoras nacionais é sempre de ressaltar o seu profissionalismo e o seu compromisso com os apoiadores, elas automaticamente perdem o direito de tirarem o corpo fora, quando o "gato sobe no telhado", se escudando na conversa fiada de que financiamento coletivo é atividade de risco. Pelo menos é assim que eu penso.
Para terminar, e ficando só com o anúncio mais recente, há uma propaganda enorme do financiamento coletivo do Tagmar agora mesmo em destaque aqui no Ludopedia. O sujeito clica e cai direto no Catarse. Eu procurei, procurei, procurei, e não vi em lugar nenhum onde é que estava escrito que aquela era um atividade de risco, e que seu eu apoiar, eu posso terminar sem o jogo e sem o dinheiro, caso a Nozes Game Studio venha a falir.
Portanto, o problema não é apenas o financiamento coletivo ser ou não uma atividade de risco, mas sim o fato de que as mesmas editoras que se vendem como verdadeiras "vestais da transparência", serem as mesmas que não alertam seus apoiadores em potencial, em lugar algum, sobre os riscos dos financiamentos coletivos, quando é para anunciar o projeto e angariar apoio, mas saírem fora com essa desculpa, quando o financiamento coletivo dá errado.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio