RaphaelGuri::alsribeiro::Gente, acho curioso quem questiona preço de jogos. Se tivesse uma produção barateada com certeza teria quem implicasse com a qualidade.
Esse hobby é baseado no fato de pessoas terem renda extra e dispensável, então faz muito sentido deixar a experiência (tátil) o mais agradável possível para a maior audiência possível. Os produtores tem uma visão do que isso significa e colocam seu produto no mercado e pronto. Se você não é o publico alvo do produto não é nem um problema do produto nem do consumidor.
Agora se considerarmos as diversas opções de gastar nossa renda extra, boardgames devem ter o melhor retorno por uso de quase qualquer produto.
Eu tenho Forrageio e devo ter jogado ele umas 15x até agora. Isso são 5 reais por partida, e ainda tem muito mais partidas naquela caixinha. Custa menos que um pacote de bolinho Ana Maria e me deixa muito mais satisfeito que isso. E o jogo continua lá. Não é nem o custo da pizza que foi colocado no post inicial.
Mesmo jogos “caros” (para quem?) tem um retorno enorme. Um Gloomhaven, um Castles of Burgundy da AW, o Unconscious Mind (estava em discussão recentemente), todos são altos investimentos iniciais mas tem tanto jogo dentro que a “amortização” do custo eventualmente vai ficar irrisória.
A questão então é mais pensar que tipo de jogador e consumidor nós somos e comprar produtos que estão alinhados com nossas preferências. E daí em diante é usar o produto que você comprou.
E ainda mais, quando você sentir que tirou o que tinha que tirar do jogo, você pode revender e recuperar um valor potencialmente razoável do produto. (o que não é possível com quase qualquer outro produto)
Tudo isso para dizer, se você acha que vai curtir esse joguinho e tem a grana, vai em frente. É bem bacana, tem boa rejogabilidade, como jogador sentimos progressão, os componentes são legais. Enfim, é um ótimo produto (para mim).
Concordo com quase tudo também, assim como o LuizFC.
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Um ponto fundamental para mim na discussão de preço também é o investimento inicial. Concordo totalmente que jogo de tabuleiro é um hobby onde o valor de um produto é retornado ao revender um jogo no mercado informal e isso é excelente para a manutenção das pessoas no mesmo. Contudo, a discussão de preço é importante, pois (além de atravessar uma questão mercadológica, social e até ética - que foram parcialmente abordados em outros comentários), necessita de uma injeção imediata de capital.
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Por mais que um determinado jogo custe uma Ana Maria por partida, eu não pagarei R$5 a cada vez que jogar. Vou precisar desembolsar os R$100 ou R$1000 de uma só vez (ou algo parcelado mais caro que uma caixa de Anas Marias). Logo, comprar um jogo - para a maioria das pessoas - é uma coisa que precisa fazer parte da composição do orçamento doméstico.
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Claro que existe gente rica, os tais clientes High Ticket, mas essa galera não compõe a realidade da massa brasileira no hobby, apesar de ser um hobby caro em geral. Eu certamente não sou um desses, logo, quando sai um jogo, preciso calcular bem quando e SE vou comprá-lo. Se saem dois que gostei ao mesmo tempo então, danou-se! Um deles muito provavelmente vai ficar de fora da minha prateleira. Então, se os preços são acessíveis, aumentam as chances de - eventualmente - eu ter ambos.
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Abraços e obrigado pelos comentários!
Realmente, o preço de entrada faz uma baita diferença. Isso me fez pensar em algo para adicionar ao meu argumento original.
Como a conversa começou por conta do Forrageio, estamos falando aqui de 100 reais (vai, para ficar fácil). Nos preços de hoje, isso é sim, uma pizza; ou duas pessoas adultas indo no cinema e pegando um Méqui depois; 1 camiseta da Insider ou algo similar; 1 pacote de meias Nike. Cem reais é muito ou pouco dinheiro? Como consumidor, você devota o mesmo tempo de análise e detalhamento quando você pensa em ir ao cinema, ou para pedir uma pizza? Sendo o mesmo preço, porque estamos criticando este produto específico (Forrageio) como "caro" e fazendo tantos cálculos sendo que acho que talvez todos aqui já gastaram mais no último fim de semana com uma saidinha, entende? Um churrasco e cerveja com amigos? Foi os 100 reais aí, sem nem precisar pensar.
Dadas as características de boardgames como produtos, como já citei, e o preço deste produto específico, eu mantenho que a questão aqui são as preferências do consumidor e não o produto. Se você como consumidor tem tantos critérios para comprar um jogo, mas gasta a mesma quantidade de dinheiro em Starbucks, isso não é mérito ou demérito de nada, só revela suas preferências (isso chama teoria das preferências reveladas em economia).
Uma coisa é o que os indivíduos DIZEM que querem, outra coisa é onde eles COLOCAM o próprio dinheiro. E empresas olham para essa última questão. As empresas que desenvolvem (ou localizam) boardgames olham para seu nicho de mercado e veem o quê? Quem joga por hobby tende a ser colecionador, quem é colecionador tende a gastar mais, quem gasta mais quer mais qualidade e/ou mais conteúdo. Toda a plataforma de financiamento coletivo é fundada nisso. Exemplo: Gloomhaven Jaws of the Lion é um produto muito superior ao Gloomhaven/Frosthaven, é uma proposta muito mais inteligente, mais user friendly em todos os sentidos, e tem toda a experiência do jogo original. Qual foi o modelo que venceu? As big boxes. Por quê? Porque as pessoas compram. E aqui volta a questão: se você, especificamente, não compra porque é caro ou não joga solo, não é um problema do produto, é só sua preferência, e tudo bem.
Um último comentário sobre as condições socioeconomicas e questões éticas: fato, como mercado o Brasil é diferente e isso deveria informar as escolhas que as editoras nacionais fazem (provavelmente mais do que a gente imagina); isso não significa que eles só devam trazer jogos baratos; sobre a ética de produção, se formos falar das big boxes e jogos no padrão Chip Theory, com certeza tem questões aí a serem levantadas, mas em uma outra conversa. O Forrageio, coitado, não está nessa categoria eu acho.