Nadia Cruzeiro Ferre::adolfocaetano::
Com relação ao preço, relações de mercado e autorregulação (o santo graal dos anarcocapitalistas) - tudo se regula e se ajeita: para cada anúncio escroto, chove gente disposta a se deixar enganar.
Mas daí se você questiona isso falam para você procurar um país com outro regime. Bom ponto, só vai se auto regular só pra cima. Como o iuri falou aí, o melhor procurar antigos esquecidos.
Cara
Nadia Cruzeiro Ferre e
adolfocaetano
A autorregulação
justa* do mercado é uma falácia, já demonstrada exaustivamente, que só favorece quem detém o poder econômico. Qualquer negociação só é justa quando os dois lados tem poder de barganha. Se alguém duvida, basta acompanhar os últimos desdobramentos da Guerra da Ucrânia, cujo fim está sendo negociado por duas grandes potências, SEM a Ucrânia. E no caso do mercado, o público consumidor só tem a força dos números, mas que depende de um enorme comprometimento, de muita união e grande capacidade de mobilização. Isso é quase impossível de conseguir.
O próprio mercado de board games comprova isso. Todo mundo brada aos quatro ventos que se o jogo vier caro, basta ninguém comprar que a editora não terá saída a não ser baixar o preço. O mesmo deveria valer também para jogos mofados e com erros de produção. Eu mesmo sou um que defende isso com unhas e dentes, e ao longo dos anos vi aparecer um jogo caro atrás do outro, mas o tal consumo consciente e autovalorização do consumidor nunca dar as caras.
Mas a verdade é que isso é uma ilusão, bastando ver quantas vezes isso deu certo. O que faz as pessoas não comprarem um jogo caro são basicamente duas coisas: se ele for médio/ruim, ou se a proposta não agradar. Mas se o jogo for médio/bom, e houver suficiente investimento em geração de HYPE e FOMO, pode custar o que for, que o jogo vende. Nossa comunidade boardgamer aceita até jogo mofado, com um desconto mínimo que faça o preço cair de supercaro, para apenas caro, então preço realmente não é o problema.
Anos atrás quando o e-mail estava se popularizando, começaram a surgir iniciativas para fazerem os postos de gasolina abaixarem o preço dos combustíveis. A estratégia era simples e bem bolada. Uma grande quantidade de pessoas só abasteceria seu carro nos postos de uma determinada empresa/bandeira, não interessa o quanto a fila demorasse, e isso durante uma semana. Com isso as outras empresas de postos de gasolina teriam de baixar seus preços. Na semana seguinte seria outra empresa/bandeira a agraciada, e por aí vai. Obviamente apesar da ideia ser boa, mesmo com o sacrifício de tempo envolvido, ela nunca deu certo. Isso porque, assim que alguns postos baixavam alguns centavos no preço do combustível, todo mundo abandonava a estratégia e o preço tornava a subir.
Desse modo, fica claro que a autorregulação do mercado é uma disputa em que um lado tem todas as vantagens e o outro todas as desvantagens. Portanto isso nunca deu, e eu acredito que nunca dará certo, para os consumidores, porque para as empresas é excelente. A própria crise de 2008 mostrou o tamanho da catástrofe que pode ocorrer, quando há apenas a autorregulação do mercado, sem interferência da regulamentação estatal, ou quando ela é insuficiente.
Por fim, falar em autorregulação de mercado é como se um lobo faminto (empresas) e um rebanho de ovelhas (consumidores) fossem discutir em pé de igualdade, como resolver as coisas quando a fome aperta. Ninguém tem dúvida sobre qual será o fim dessa história...
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
P.S. Não sou comunista fanático, nem fã xiita de sindicatos, mas eu acho que qualquer um que acha que essas instituições são o que de pior existe, e que não servem para nada, deveria experimentar negociar sozinho com o patrão, o índice do seu reajuste salarial, ou reivindicar melhores condições de trabalho, para ver qual será o resultado (só não esqueça de atualizar o currículo e rodar algumas cópias antes, porque vai precisar)... Essa é a ilusão da autorregulamentação.
P.P.S. justa* parte editada do comentário