JCesar713::Em setembro de 2024, ocorreu dois pontos que impactaram para que todo item confeccionado em papel e papeis especiais viesse a ter alguns reajustes. Entenda; o mercado de celulose é negociado em Dólar e mesmo o Brasil estando entre os maiores produtores, ele segue o mercado internacional do segmento. Assim, como acontece com o Petróleo. Esse fato já pode ser considerado um ponto de observação para todos, porém, nestes casos, o mercado costuma aguardar a variação do Dólar para definir se vai reajustar ou não o setor de produção e dessa maneira, repassar aos consumidores os custos. O mesmo acontece com os pigmentos (Tintas) de impressão, que são derivados de petróleo em sua maioria. No caso deles, a base é a variação do barril da matéria prima, que pode incidir nos custos futuros dos pigmentos.
Explicada essa parte então vamos a questão; Como dito, em setembro de 24, ocorreu que esses reajustes (Papeis especiais e pigmentos) tiveram aumento e junto com eles, ocorreram os reajustes da categoria dos gráficos e oficinistas, em alguns setores da indústria editorial. Então, a soma destes 3 fatores geralmente leva um período de 6 meses para afetar o consumidor de papelaria. Como expliquei para alguns colegas justamente em outubro do ano passado, a partir de meados de março ou abril de 2025, toda a cadeira de consumo de papel (Livros, Resmas, jornais, embalagens, Cadernos, Board Games etc) teria numa base média, um reajuste entre 10 a 12% e que possivelmente entre junho e julho de 2025, todo mundo começaria a verificar o aumento nos preços dos jogos mais o menos nessa faixa. Espero ter contribuído no esclarecimento?
Ah! lembrando ainda, que o consumo de papel vem sofrendo ano após ano uma redução e essa queda no número de impressos também reflete sutilmente no mercado. Pois as vezes, a queda no numero de leitores de livros por exemplo; indica menos consumidores, menos produção em papel e menos consumo de celulose. Isto resulta em aumento na confecção dos itens em papelaria. No futuro, jogo de tabuleiro vai fugir da realidade de muita gente e se tornar realmente artigo de luxo, mesmo o jogo mais simples!
Caro
JCesar713
Rapaz como é bom ouvir, e aprender, com quem realmente entende do "riscado".
Dito isso, você me perdoe a ousadia, mas acho que você esqueceu de considerar outra dado importante, na questão do consumo de papel e tinta. Com o avanço da internet, não é apenas o mercados de livros que passou a consumir, menos, mas muitos outro setores, que migraram para o digital, também deixaram de consumir. Basta pensar na área jurídica, que antes consumia papel vorazmente, e hoje com os processos eletrônicos, está praticamente tudo em PDF. Outro ponto de destaque é o trabalho em home office, em que se faz tudo pelo computador, e remotamente, o que dispensa grandes volumes de documentação física e consequentemente de consumo de papel. O mesmo se aplica à contas que anteriormente eram todas impressas e remetidas pelos Correios aos consumidores, e hoje são emitidas, via e-mail ou whatsapp e pagas através de aplicativos. Isso tudo certamente tem um impacto enorme junto aos produtores de celulose, e no preço dos produtos que usam papel.
Outra coisa que vale destacar, e que sempre achei curiosa é essa vinculação ao dólar e ao preço internacional do barril de petróleo, porque quando todos os dois sobrem, os preços encarecem, justamente porque a produção está atrelada a eles. Mas quando a cotação do dólar e do preço do barril de petróleo caem, nenhum deles tem nenhum impacto sobre os preços, que continuam aumentando, porque se o preço sobe, quando o dólar e o petróleo sobem, pelo mesmo motivo os preços deveriam cair, quando o dólar e o petróleo caem, mas não é isso que acontece. Sempre tem alguém ganhando, mas esse alguém nunca é o consumidor.
No mais eu concordo quando você diz que board game, sejam eles modernos ou clássicos estão cada vez mais se tornando artigos de luxo, mesmo os jogos médios e familiares, que não são tão complexos e não tem tantos componentes. Por outro lado, uma coisa boa dos altos preços e na grande quantidade de lançamentos anuais (pelo menos alguma coisa boa tinha de haver nisso), é que eles geram uma altíssima rotatividade no hobby, de modo que o Mercado de Usados está sempre cheio de ofertas de jogos bons, e com preços ótimos. Com isso, eu acho que o futuro do cenário nacional de jogos de tabuleiro será dividido entre pessoas que compra jogos apenas no Mercado de Usados e empresas que lançam party games de cartas, mais baratos e acessíveis para quem não tem tanta bala na agulha, de um lado, e do outro lançamentos caríssimos em que só compra quem for muito abastado, ou quem tiver condições de dividir o preço do jogo em infinitas prestações, e comprar apenas um jogo a cada ano ou dois.
Por fim, mais uma vez, obrigado pelas valiosas explicações.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio