MatheusAleM::
Sim, mano!
Eu também não acho que isso deveria ocorrer, falei apenas no sentido de ser comum e de não ter muito o que o consumidor fazer, infelizmente, especialmente se a empresa sempre foi transparente no financiamento, pré-venda etc.
Também não acho que o valor posterior deve ser artificalmente inflado só pra agradar quem comprou antes. Se por razões de mercado o jogo ficou mais barato depois, sorte de quem esperou! Eu já financiei jogo que ficou caro, tributou, frete altíssimo e tal. Se o jogo for lançado no BR no futuro, com certeza terá valor bem menor do que paguei, mas foi opção minha não esperar, né. Não quero prejudicar o outro consumidor só pra sentir que fiz um melhor negócio, sentir que meu dinheiro valeu mais que o dele, né. O consumidor que esperou não tem nenhuma responsabilidade com a minha pressa de comprar.
O fato é que simplesmente não tem como a editora controlar o preço da loja. Se ela prometeu um preço final maior na loja do que no financiamento, beleza, é propaganda enganosa porque o preço final da loja não está no controle dela e talvez até caiba um processo. Porém, se ela não prometeu isso e ao final, por razões além do controle dela, o preço abaixou, bom pra quem comprou depois!
Caro
MatheusAleM
Meu camarada, agora entendi melhor o seu ponto de vista e, aparentemente, nossa divergência de opinião é menor do que pode parecer a princípio.
Com certeza, ninguém sério, nem você e muito menos eu, vai defender que se cobre mais caro na loja, por um jogo financiado coletivamente, só para atender o ego de quem apoiou o financiamento lá atrás. Do mesmo modo, certamente a editora à frente do financiamento não tem o poder de prever o quanto a loja vai cobrar quando o jogo chegar. Quanto a isso não há discussão.
O problema é que esse tipo de situação esvazia ainda mais a proposta de financiamento dos jogos, tornando esse modelo cada vez menos atraente para os apoiadores. Alguns anos atrás, e isso não faz tanto tempo, um dos principais atrativos dos financiamentos coletivos (tirando o material extra da discussão, porque o colecionismo é outra questão) era justamente o fato de se pagar menos no financiamento do que o preço do jogo nas lojas. Levando em consideração o caso do Lorenzo (
LrzPlays), essa foi a única vantagem que sobrou, porque ele pagou e demorou meses para receber o jogo, o que ocorreu quase que na mesma época em que o jogo chegou às lojas. Quando se descobre que o preço pago no financiamento, é o mesmo que as lojas estão cobrando, então não resta vantagem alguma para o apoiador, mas apenas a desvantagem de ter deixado o dinheiro parado durante meses.
Então veja que eu não quero penalizar arbitrariamente e artificialmente quem compra o jogo na loja, mas apenas demonstrar que nesse sentido participar de financiamentos coletivos e apoiar os projetos da editoras, simplesmente não trás praticamente nada de bom para os apoiadores.
Outra questão que eu vejo com muita relevância é o aumento desmedido do preço desses financiamentos. Recentemente ocorreu o projeto do The Witcher: Path of Destiny, cujo apoio básico saía por quase R$ 2.000,00 salvo engano. Do mesmo modo, ocorreu aquela lambança com o APEX, cujo financiamento ficou tão caro (a empresa cobrava aqui no Brasil o preço da edição deluxe no exterior, para entregar a versão standard), que a editora n!ao teve alternativa senão abaixar o preço do financiamento e depois ainda veio com aquela conversa fiada de que fez isso "porque ouviu a comunidade", quando todo mundo sabe que ela só baixou o preço porque ninguém ia embarcar nessa furada, e o financiamento ia naufragar.
Isso me faz refletir que aquela ideia do financiamento coletivo, com funcionava a ferramenta originalmente, ou seja, levantar algum capital para iniciar o projeto, foi totalmente desvirtuada. Hoje o que se faz basicamente é antecipar o pagamento de um produto, e assumir o próprio apoiador o risco de arcar com qualquer problema que ocorra no futuro. BAsta ver o que foi feito no Old WOrld, em que a editora atrasou o jogo em dois anos, trouxe o jogo com sérios erros de produção, e só aceitou devolver o dinheiro de quem desistiu do jogo, se a pessoa aceitasse receber 20% a menos do que pagou. Um verdadeiro absurdo.
É por essas e outras que eu digo que, enquanto as coisas estiverem assim e funcionarem assim, financiamento coletivo nunca mais! E acho que muita gente que gosta de participar dessas verdadeiras arapucas, deveria refletir seriamente a esse respeito, colocar tudo na ponta do lápis e ver se ainda vale a pena participar desse verdadeiro "esquema", que não beneficia o apoiador.
Por fim, o que eu mais lamento nisso tudo, é que esse "sequestro" da ferramenta de financiamento coletivo pelas grandes editoras de jogos (isso ocorre até no exterior), e com essa ferramenta estando cada vez sendo mais mal vista, as maiores prejudicadas serão a editoras pequenas e independentes que realmente dependem dessa ferramenta para poderem tirar seus projetos do papel, e sobreviverem nesse mercado tão árido, incerto e volúvel.
Curiosamente, pelo menos no meu caso, as editoras menores nunca me deram problema algum com financiamento coletivos, e isso dá o que pensar...
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio