GabrielAlmeida::marcelobrito::Na minha opinião Clássicos carregam alguns adjetivos em comum:
- comprável (valor acessível)
- encontrável (tiragem decente)
- elegante (mecânicas que tiram um uau da sua boca depois de aprendê-las)
- ensinável (esqueçam manuais com 2 dúzias de páginas, mesmo que sejam estrategicamente profundos eles precisam ser descobertas em camadas, se, para vencer, tem que dominar tudo de uma vez: esquece)
- atemporal (suportam o teste do tempo sem ser sufocado pelas centenas de lançamentos anuais)
Die Macher é um dos maiores clássicos da história dos BGs e só se enquadra no seu último quesito. Então eu discordo. Diria que para ser um clássico ele tem que marcar sua época e sobreviver ao teste do tempo. Tipo Caylus.
Caro
GabrielAlmeida e
marcelobrito
Eu acho que quando se trata de clássicos, talvez fosse bom considerar que não estamos falando apenas do cenário nacional. Um jogo talvez não seja comprável ou encontrável aqui no Brasil, mas talvez o seja no exterior. Eu também me questiono se talvez esse jogo clássico não seja comprável ou encontrável hoje, mas tenha sido bastante acessível, na época de seu lançamento. Isso inclui considerar que um jogo poder ser um clássico, mas pelo fato de ser muito característico de sua época, ou por qualquer outra razão, não ter sido relançado posteriormente. Vocês vejam o caso do Advanced Squad Leader original, no caso dos wargames, ou do 1830: Railways & Robber Barons, no caso dos 18xx, e ainda o Magic Realm ou o Battlestar Galactica, no caso dos board games. Todos esses são inegavelmente jogos clássicos em suas respectivas categorias, mas não são encontráveis, nem acessíveis hoje. Só que eles eram perfeitamente acessíveis tanto em oportunidade de compra, quanto de preço, na época em que foram lançados.
Portanto, eu acho que o Marcelo em parte tem razão, porque obviamente existem algumas exceções como é o caso do Brass Birmingham e do TI4 que já foram citados, mas muito do que ele escreveu me parece correto. Assim sendo, eu acho que as características de um jogo clássico se resumem no seguinte
ACESSIBILIDADE - Se quase ninguém conhecer ou tiver condições de conhecer o jogo, as outras características são inviáveis;
SUCESSO - Não basta apenas ser acessível porque se, mesmo acessível, o jogo não vender bem, o seu impacto será mínimo;
IMPACTO - Obviamente o jogo tem de ser relevante por algum motivo, porque se ele não for importante em algum sentido não há porque falar nele. Alex Kidd e Mario são dois personagens de jogos acessíveis e que venderam bastante cada um no seu tempo, mas a diferença de impacto e importância entre os dois dispensa maiores comentários;
LONGEVIDADE - Não dá para falar em clássico, se a obra não vencer o teste do tempo, e isso não apenas em termos de jogos, mas de todas as formas de arte, como literatura, música, cinema, pintura, teatro, escultura, etc.
Por fim, antes de comentar que o jogo Y ou X, é um clássico e mesmo assim caro e difícil de encontrar, talvez fosse bom conferir se ele é caro e difícil de encontrar de modo geral, no mundo todo. Isso porque ele pode ser muito caro e muito difícil de encontrar, apenas para nós aqui do "patropi". Nosso mercado nacional de jogos é minúsculo, e, para alguns efeitos, praticamente insignificante (1.000/2.000 unidades por jogo, não impressionam ninguém). Além disso, apesar de estarmos entre as maiores economias do mundo, vivemos em um país com uma das maiores concentrações de renda do planeta e temos um poder de compra médio baixíssimo. E isso para não falar que contamos com uma moeda fraca internacionalmente. Como se isso já não fosse o bastante, ainda pagamos (pessoa físicas e empresas) uma das mais brutais, injustas e ineficientes cargas tributárias do mundo, além de vivermos em um país onde a burocracia e a corrupção são tão endêmicas, que já se entranharam até na própria essência da sociedade brasileira.
Não é o jogo que é caro e difícil de encontrar, você é que mora no Brasil!
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio