rafapaz::dharrebola::Saltemos um pouco na história para esquecer as barbaridades ocorridas na idade média.
Excelente texto!! Muito agradável, seu "blog na ludopedia" é minha leitura matinal favorita tomando café, rs.
Mas vamos lá... não é crítica, mas só uma troca saudável de ideia.
Cuidado ao saltar mil anos importantes de História por causa das "barbaridades" de um período.
Estamos falando de MIL anos e não mil dias e de um planeta infinitamente maior do que a real dimensão dessas atrocidades.
Eu prefiro acreditar em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa do que acreditar na narrativa de MIL anos inúteis ou "trevosos", kkkkk.
Barbaridade por barbaridade, sempre existiu em qualquer época, povo, reino, religião e civilização.
Esses mil anos que você saltou deram origem a essa listinha e muito mais:
os moinhos, a charrua, a pólvora, a plaina, o pisão, o arco triangular, os algarismos arábicos, a anestesia, a árvore genealógica, os bancos, os botões, a bússola, o carrinho de mão, jogo de baralho, o cavalo como força motriz, o garfo, a hora de sessenta minutos, a lareira, os livros, o macarrão, o óculos, a partitura musical, o papel, a prensa de tipos móveis, as roupas de baixo, as universidades, os vidros coloridos, o zero, o relógio, os castelos, o leme, o astrolábio, as ferraduras, a roda d’ água, o poço artesiano, o estilo gótico, a proto-divisão carolíngia de poderes políticos, as bases filosóficas do racionalismo posterior, mudanças importantes nas relações de trabalho, etc, etc, etc... isso na Europa e em todo o mundo.
Obviamente que a arte do pão e dos jogos também tiveram avanços nesse período... afinal são MIL anos e não mil dias.
Desculpe fugir do assunto "jogo de tabuleiro", mas se quer conhecer de verdade sobre esse período, esqueça as infantilidades sobre "idade das trevas" e procure historicidade séria. Um dos que recomendo é o livro abaixo, mas tem muito livro bom além desse.
Idade Média – Bárbaros, cristãos e muçulmanos (Humberto Ecco)
Abraços
Caro Rafael (
rafapaz)
Eu adorei o seu comentário mas gostaria de destacar alguns pontos, e peço que você não leve a mal, porque eu escrevo numa boa, e realmente gostei muito daquilo qure você destacou..
Em primeiro lugar, a hora de sessenta minutos, é uma invenção muito mais antiga e remonta à antiguidade. Algumas fontes citam os babilônicos como os inventores, outras citam os egípcios, e há quem diga que o conceito se desenvolveu paralelamente em ambas as civilizações. A escolha do sessenta seria uma decorrência da utilização do sistema duodecimal, ou seja, baseado no 12 e não no sistema decimal, baseado no 10, que é o que se usa hoje em dia.
Outra questão é que algumas invenções citadas por você, como a pólvora, os algarismo, o macarrão e a bússola, são invenções orientais e não europeias. Você inclusive disse isso. Só que você considerou que a chamada Idade das Trevas é um conceito aplicado indiscriminadamente a todo o mundo, quando na verdade, ele é muito característico da Idade Média na Europa. Fora isso, há que se considerar que muto dessa ideia de "anos trevosos", dizem respeito ao profundo fanatismo, dogmatismo e intolerância da Igreja Católica nesse período, especialmente contra tudo que não reconhecia a sua pretensa "indiscutível autoridade", inclusive nos assuntos mundanos. Portanto não é que não se tenha inventado nada durante a Idade Média, porque muita coisa surgiu nesse período, mas também o que houve de injustiça e perseguição não foi brincadeira não, haja visto as Cruzadas e a Inquisição. Tudo que não rezava pela cartilha da Igreja Católica tinha de ser literalmente exterminado (e era).
Evidentemente nem tudo no mundo real é maniqueísta, e nem preto ou branco, mas sim cinza, ás vezes pendendo para um lado, ás vezes para o outro. A mesma Igreja Católica que causou tanto sofrimento, tanto atraso e queimou incontáveis seres humanos nas fogueiras (especialmente mulheres), também é a mesma Igreja Católica que preservou muito do conhecimento em diversos mosteiros, com os monges copistas, em uma época que nem os nobres sabiam ler direito. Outra obra do Humberto Eco, o famoso "O Nome da Rosa" (livro e filme são ambos muito bons) ilustra muito bem essa situação.
Enquanto isso no Oriente, em especial no Oriente Médio havia uma efervescência cultura e uma tolerância religiosa enormes. Em Bagdá, cristãos, muçulmanos e judeus conviviam em paz, e eram jugados muito mais pelo seu caráter e seus argumentos, do que pelos deuses que adoravam. Um retrato interessante, e muito ilustrativo dessa época se encontra no livro "O Físico" de Noah Gordon (o livro porque o filme é bem sem vergonha), que é uma leitura que eu também recomendo muito.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio