ChrisOliveira::iuribuscacio::oniwars::Cadê a linha Tiny Epic que a Galapagos prometeu? Será que vão perder a chance de lançar o do Game of Thrones?
Caro oniwars
Sinceramente, depois daquele final abominável da série da HBO, e considerando que o George R.R. Martin já perdeu toda a credibilidade, além do fato de boa parte da base de fãs já ter desistido ou se conformado de que ele vai morrer sem terminar a saga (seja por bloqueio criativo ou para entrar para história com o lançamento póstumo, mesmo que ele negue isso "de pé junto"), não duvido muito que o Tiny Epic GoT não seja uma prioridade para a Galápagos.
Claro que pelo menos no caso dos board games a franquia ainda tem alguns fãs, e a série House of Dragon tem feito sucesso (certamente porque o livro já terminou), então não dá para cravar se o Tiny Epic GoT vem ou não, nem quando vem. Além disso, existem outros jogos da série Tiny Epic, mais relevantes, que ainda não foram lançados, e isso para não falar de eventuais reimpressões de jogos que fizeram muito sucesso (Dungeons, Zombies, Dinossaurs, etc).
Por fim, em se tratando da Galápagos, que, a cada ano que passa, aumenta a quantidade de lançamentos e diminui a tiragem dos jogos, nunca se sabe.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
Mais uma série pro Brandon Sanderson finalizar...
Caro
ChrisOliveira
Rapaz, concordo totalmente, e mesmo tendo terminado a série "Roda do Tempo" uma década atrás, lembro que gostei muito do trabalho que o Brando Sanderson fez nos últimos livros. Também gostei do trabalho dele na primeira série Mistborn (um pouco arrastada e tomando um rumo meio megalomaníaco no final, mas mesmo assim uma série literária boa e sólida). A segunda série Mistborn eu ainda não li. Então ele seria uma boa pedida, e sempre que se fala no George R.R. Martin morrer sem terminar as Crônicas de Gelo e Fogo, o nome do Brandon Sanderson fatalmente sempre acaba sendo lembrado, justamente pela Roda do Tempo.
Só que tem uma diferença gritante entre as duas situações, Crônicas de Gelo e Fogo e a Roda do Tempo.
O Robert Jordan soube da doença cardíaca em meados dos anos 2000, quando ainda não havia serviço de streaming, nem youtubers ou canais de vídeos, e as redes socias, que ainda engatinhavam, não eram tão onipresentes e tão importantes socialmente como são hoje. Os finados orkut e facebook são de 2004, o Youtube é de 2005 e instagram, whatsapp e Netflix são de 2010 aproximadamente. E eu nem estou falando do início da série Roda do Tempo (livros) cujo primeiro volume é de 1990.
Isso quer dizer que antes de todo esse verdadeiro frenesi on-line, que temos hoje, seja para o bem, seja para o mal, o autor profissional escrevia e se dedicava aos seus livros. Hoje em dia já se escreve pensando e adaptando o livro para facilitar que a Netflix compre os direitos e lance uma série, ou algum estúdio de cinema lance o filme. E isso faz todo o sentido de certa maneira, porque atualmente o que vejo é que as pessoas estando lendo cada vez menos, mas série ninguém deixa de assistir. O Harry Potter e o Percy Jackson meio que deram uma melhorada nisso, especialmente entre os jovens, mas ainda foi muito pouco para reverter uma tendência mundial. Basta dizer que muitos jovens viram os filmes do Harry Potter, mas nem todos se deram ao trabalho de ler os livros. A mesma coisa ocorreu com o Senhor dos Anéis. Apenas uma pequena fração das pessoas que assistiram e gostaram dos filmes, também leram os livros. É até engraçado ver comentários de quem não se deu ao trabalho de ler o Silmarillion, descendo o cacete em na série Anéis do Poder, porque ela não é fiel a uma história que a pessoa nem conhece, e só fala isso porque viu algum dizer o mesmo. Não que a série não mereça, porque ela merece, e muito, mas mesmo assim boa parte das pessoas reclama de algo que elas não tem total conhecimento.
Evidentemente ler dar muito mais trabalho do que assistir algo que já vem explicadinho e mastigadinho. Mas do ponto de vista do tempo, isso nem faz sentido. Um episódio de uma série tem mais ou menos 50 minutos de duração, e se a temporada for inédita, é um episódio por semana, com intervalo de meses entre a temporada atual e a seguinte. Em um tempo muito menor, mesmo que lendo apenas uma hora por dia, e bem devagar, dá para matar diversos livros, e dependendo do tamanho uma série inteira. Mudando de série, no tempo que está durando House of the Dragon, o sujeito já teria lido Fogo & Sangue umas três vezes, se não for mais. Eu estou dando essa contextualizada para mostrar que os autores de hoje, principalmente os autores de grandes best sellers (J. K. Rowling, Rick Riodan, George R.R. Martin, Cassandra Clare, Patrick Rothfuss, Holly Black entre outros) atualmente estão mais preocupados com as adaptações cinematográficas, e para a Netflix, das suas obras, do que propriamente com a sua literatura. A própria J. K. Rowling já admitiu que os filmes de certo modo atrasaram os livros.
Mas nisso ninguém barra o George R.R. Martin. O sujeito prefere fazer qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa, mesmo as mais desagradáveis, perversas e impensáveis (inclusive do ponto de vista sexual), do que terminar o raio da série de livros, que ele começou quase 35 anos atrás. O primeiro volume foi lançado em 1996 mas ele começou a ser escrito em 1991. O George R.R. Martin escreve roteiro, se mete nos seriados, escreve outros livros, se envolve com vídeo games, e o escambau a quatro, mas só não escreve a porcaria dos livros finais das Crônicas de Gelo e Fogo. Não é que ele não possa fazer essas outras coisas, porque ninguém tem o direito de ditar como outra pessoa passa o seu tempo. O problema é a desonestidade de dizer que está caprichando para dar o melhor livro possível para os fãs, e que ele está tendo dificuldades para escrever, quando todo mundo vê que ele não está de forma alguma empenhado em terminar a série, por conta de todos os seus outros projetos. Se ele fosse sincero e admitisse que Crônicas de Gelo e Fogo não é mais uma prioridade para ele, possivelmente as pessoas ainda ficariam chateadas, mas não revoltadas, indignadas e se sentindo sacaneadas, o que é bem diferente.
Outro que vai pelo mesmo caminho é o Patrick Rothfuss, que aparentemente também abandonou a série Crônica do Matador do Rei (AKA O Nome do Vento). A CEO da editora disse em entrevista de 2020, que até hoje ainda não viu uma única palavra do livro 3, e que acredita que o Rothfuss não escreve nada dessa série desde 2011, quando saiu o segundo volume. E olha que a editora já pagou ao Rothfuss pelo livro. Mas se ele não encontra tempo para escrever, e houve até uma justificativa de doença nesse meio tempo, é no mínimo estranho, para não usar termo mais forte, que ele encontre tempo e saúde para escrever RPG, lançar outros livros e até um podcast, mas série que é bom, "neca de pitibiribas".
Agora veja a diferença que foi o caso do Robert Jordan com a Roda do Tempo. Ele foi diagnosticado com amiloidose cardíaca em fase terminal em 2005. Só que ao invés de ir curtir os últimos anos que lhe restavam (ele morreu dois anos depois, em 2007), e ciente de que ele não conseguiria terminar a série, ele resolveu correr e escrever a maior quantidade de material possível, inclusive o desfecho. Dessa forma, ele garantiu, para alívio de seus fãs, que outras pessoas pudessem terminar a série da forma como ele queria e como havia planejado inicialmente. Após sua morte, o Brandon Sanderson foi escolhido pela viúva para finalizar a série, mas com base naquilo que o Roberto Jordan havia deixado escrito. Isso sim é amor pela sua obra e respeito com a legião de fãs que ele conquistou no mundo todo, ao longo de décadas. A Roda do Tempo foi o seu melhor, mas nem de longe seu único trabalho. Até Conan o camarada escreveu. Enquanto isso o George R. R. Martin fica de palhaçada dizendo que se ele morrer antes de terminar, o que é cada vez mais provável a cada ano que passa, ele deixará instruções explícitas para que seus herdeiros deixem a série inacabada mesmo.
Claro que aqui não se discute o direito do George R. R. Martin fazer o que quiser com a obra que ele criou, inclusive deixá-la inacabada. Isso é indiscutível. Só que nesse caso eu, e um exército de outros leitores indignados, também temos o direito de criticá-lo por tal atitude tão mesquinha. Isso sem falar na desonestidade que é não chegar para todo mundo e dizer abertamente que não vai mais terminar a série, pronto e acabou. Isso certamente desapontaria muita gente, mas seria muito mais digno da parte dele. Ocorre que isso, ele não tem coragem de fazer, e nem seus editores, advogados e assessoria permitem, para não prejudicar seus outros projetos. Se o George R. R. Martin tivesse dito publicamente que não terminaria as Crônicas de Gelo e Fogo, provavelmente as pessoas ficariam muito irritadas de terem esperado tanto tempo em vão e talvez a House of the Dragon nem saísse do papel. Por isso, ao invés de ser sincero e honesto, o George R. R. Martin vem com conversa mole, papo furado, e histórias para boi dormir (isso para não usar a palavra "mentiras"), uma atrás da outra. Na época em que a série começou a se aproximar dos livros ele afirmou categoricamente, que terminaria os livros, antes da série da HBO. Quando isso não ocorreu, a conversa mudou a passou a ser, que ele não terminaria os livros, mas o produtores da HBO já sabiam como a série dos livros terminaria, e seguiriam essa direção. Quando não havia mais material original e Game of Thrones começou a ir para o ralo, culminando com o pior desfecho de série de todos os tempos, a repercussão negativa foi tanta, que o George R. R. Martin veio a público garantir que o final dos livros seria diferente. Depois veio a pandemia e ele garantiu que estaria 100% focado nos livros até porque, por ser grupo de risco, ele não poderia sair de casa. A pandemia veio, durou praticamente dois anos, já passou tem três anos e até agora nada do livro seis. Assim sendo, eu acho que o George R. R. Martin, que já está milionário, na verdade está é cagando para os fãs, mesmo que mantenha uma postura diferente diante das câmeras, não se importando em nada se vai terminar o livro antes de morrer ou não. Ele simplesmente não liga mais, e essa é a verdade nua e crua.
Outra coisa a se considerar é que toda essa demora absurda já atraiu um impressão e um carma ruim para as Crônicas de Gelo e Fogo. Desse modo, eu tenho minhas dúvidas se o Brandon Sanderson (que também já está nadando em dinheiro, muito merecidamente por sinal) vai querer se meter nesse vespeiro que é essa série interminável. No caso da Roda do Tempo ele escreveu apenas três volumes da série e assim mesmo com o final muito bem organizado pelo Robert Jordan. Isso sem falar que em 2005 o Brandon Sanderson ainda era um estreante, com seu primeiro romance, Elantris, recentemente publicado . Hoje a história é outra e ele já está mais do que bem estabelecido, tem muita grana é e muito famoso. Por isso não vejo motivo para ele deixar de investir na sua própria literatura, para tentar resolver a cagada dos outros, mesmo que haja muita grana envolvida. Dinheiro ele consegue ganhar com seus próprios livros, claro que talvez não a mesma quantidade, mas com muito menos trabalho e riscos envolvidos. Além disso, Crônicas de Gelo e Fogo é um abacaxi que o Sanderson, ou qualquer outro louco que assumir a tarefa, vai ter de descascar sozinho, porque eu duvido que o George R. R. Martin, vaidoso como é, vai deixar sequer uma linha escrita definitiva dos livros. Especulação eu já vi muita, agora texto finalizado, com certeza, ainda não vi, e sinceramente o Martin não tem mais nenhum crédito para dizer que o capítulo tal está pronto e é aquele. Tem outra questão que complica tudo. Ao longo dos anos Crônicas de Gelo e Fogo foi se tornando tão amplo, com tantos arcos narrativos e histórias paralelas, que para dar conta de tudo, ao menos satisfatoriamente, seria necessário quase que mais uma dezena de volumes. Basta lembrar que a Roda do Tempo tem 15 volumes ao todo, e a história é menos ampla e abrangente do que Crônicas de Gelo e Fogo. Por tudo isso, eu acho difícil o Brando Sanderson cair nessa arapuca que Crônicas de Gelo e Fogo se tornou.
Para terminar, peço perdão por meu comentário ter ido para um caminho totalmente diferente dos board games, e também porque me empolguei e acabei escrevendo muito mais do que eu esperava. De todo modo, para aqueles que também se cansaram de esperar pela boa vontade de Martin e Rothfuss, eu indico duas séries de fantasia, com versões em português. Essas séries são fenomenais e funcionam com arcos definidos de três volumes, inclusive independentes entre si, ou seja, é preferível mas não obrigatório ler desde o início. Estou falando da Trilogia dos Dragões (Dragonlance) de Margaret Weis e Tracy Hickman, e a Lenda de Drizzt do R. A. Salvatore. Quem gosta de fantasia certamente não vai se arrepender.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio