Realizamos análises de jogos que já jogamos bastante e, após as informações iniciais de tempo de partida, setup, interação, etc, temos a análise individual de cada um. Focamos em partidas para 2 jogadores, mas não nos limitamos a isso.
Acesse nosso LinkTree: linktr.ee/BoardGameLovers
Axa escolheu a cor vermelha e Zero escolheu a cor amarela.
Tempo e Complexidade de Setup: Muito Baixo
Tempo de partida: 30 Minutos
Interação: Alta
Complexidade: Baixa
Diversão: Axa acha divertido e gosta do tema
Testamento da Axa
Bosk é um jogo bastante simples e rápido de jogar.
Logo na etapa de posicionar as árvores, notamos que o jogo não é tão fácil quanto aparenta. É difícil escolher onde posicionar as árvores, pois é necessário levar em conta as variações na direção do vento (se você botar duas árvores do mesmo número na mesma borda, pode acabar perdendo as suas folhas por conta da direção do vento jogar as folhas para aquela borda, e só se sabe qual será a direção do vento após a contagem de pontos da colocação de árvores), a pontuação que a árvore dá, onde seu adversário colocou suas árvores, com sua respectiva pontuação, e quais terrenos devem ser abrangidos na etapa de espalhar as folhas. É difícil conseguir uma boa pontuação e ainda garantir todos os terrenos na etapa seguinte, com pouco risco de perder folhas nas bordas do tabuleiro. Diria que a primeira etapa é bem mais desafiadora que a segunda.

A segunda etapa do jogo (alocação das folhas e do esquilo) é mais scriptada, não vejo como funcionar uma estratégia muito diferente. Vou colocando as folhas pegando primeiro as fichas menores e deixando as maiores por último. Isso porque gastamos duas folhas nossas para cobrir uma folha que já tenha sido colocada pelo adversário. Então é mais vantajoso deixar para o final um número maior de folhas, assim tem-se folhas o suficiente para cobrir folhas do adversário que estejam no trajeto das suas folhas. No começo do jogo, não haverá folhas para cobrir, sendo um desperdício ter tantas folhas para posicionar. O esquilo é bastante estratégico. Apesar de ser apenas um, ele cobre qualquer tamanho de pilha de folhas e não pode ser coberto por mais folhas. Assim, ele garante que aquele terreno será ocupado por você no final - o que é muito importante, porque para cada terreno onde você não tiver folhas mas seu adversário sim, você não faz nenhum ponto e seu adversário faz oito pontos, o que pode ser decisivo no resultado da partida.
A interação do jogo fica por conta da disputa pelos melhores lugares e melhor pontuação na colocação de árvores e por conta da disputa por território ao espalhar as folhas. Tendo folhas o suficiente, você pode cobrir as folhas espalhadas pelo adversário, chegando a impedir que ele tenha folhas em determinado terreno e garantindo assim oito pontos no final da partida.
Conforme dito no início, o jogo é bem simples e rápido, seu setup inicial também é e ele diverte bastante considerando os tempos de setup e de jogo.
Bíblia de Zero
Bosk é um Family Game muito leve (mesmo que no BGG não esteja categorizado como tal) com um Setup extremamente rápido e com um bom tempo de partida. Claro que, com 'Analysis Paralysis', 4 pessoas podem demorar mais de 1 hora, mas não é demérito do jogo.
Eu, pessoalmente, não sinto o tema - é um jogo puramente matemático. Mas, ainda assim, a simplicidade do tabuleiro, das árvores e das folhas deixam a "experiência matemática" muito mais tranquila. As cores escolhidas também são de um ótimo gosto. Pode ser loucura minha, mas é bom que não haja a cor verde, para ninguém sentir que ela é a "correta" (a "cor de árvore e de folha") ou algo assim, e também valoriza exatamente as cores do outono no hemisfério norte.
Quando se trata de jogos de tabuleiro pessoal, e quando comparo jogos puramente abstratos com jogos temáticos de natureza (vários exemplos, como Wings/Wyrmspan, Tribes of the Wind, Evergreen, Living Forest, Ark Nova, Verdant, dentre muitos outros), eu normalmente prefiro estes àqueles.
Bosk tem diversas características que posso pontuar, como o fato de termos de alocar nossas árvores já pensando que aquele que fizer menos pontos nessa fase decidirá a direção do vento; o fato de que, mesmo com a primeira etapa sendo a mais importante, a pontuação da segunda é mais severa; o fato da inspiração em "Fotossíntese" acabar na nas árvores de papelão; e outras coisas.
Mas, no fim, nenhum desses pontos é algo negativo - é simplesmente como o jogo é, e funciona bem.
É difícil extrair mais do que isso. O jogo é muito simples e sua análise também deve ser.
Porém, se for para comentar algo, seria que eu sinto que, em dois jogadores, a primeira etapa (alocação das árvores) é um pouco "scriptada". Parece-me que o correto sempre será tentar alocar suas árvores uma única em cada linha e coluna (quase nunca duas na mesma linha ou na mesma coluna), pois ficar de fora de alguma instância de pontuação (ou seja, deixar o outro pontuar como 1º sozinho e você não participar) é bastante pesado, além de ser muito fácil visualizar e se preparar para o valor das árvores de um único adversário.
A segunda etapa também tem o mesmo aspecto da diferença de pontuação ser pesada ao ficar de fora de algum terreno (e deixar seu único adversário pontuar sozinho), mas a gama de possibilidades cresce bastante, com você podendo, por exemplo, cobrir as folhas dele e negar um terreno inteiro, mesmo que concedendo outro.
Como é necessário gastar mais folhas para cobrir outras, não compartilho da certeza de que em todas as partidas o melhor será começar por números baixos e depois altos. Afinal, se eu espalhar muitas folhas logo no início, cada uma das ações do meu adversário será menos eficiente (gastando mais folhas para controlar a mesma área). Do mesmo modo, eu terei de gastar três quando for tentar reivindicar o mesmo local, então para mim não parece tão simples.
Novamente, isso é apenas em 2 jogadores. Eu sinto que em 3 ou 4 a partida já se torna bem caótica, com tantas possibilidades que é difícil calcular. No fim, mesmo que seja um jogo Família, leve, simples, com o tema de natureza, a interação é bem forte.
Meu único ponto negativo com o jogo é o seu preço. Comprei a 300 reais, e hoje é possível encontrá-lo por 280.
Existem muitos jogos incríveis no mercado (com temática parecida, inclusive) a 250 reais.
Claro, Bosk não está sendo vendido a 400 ou 500 reais, como muitos outros jogos, e a diferença entre 280 e 250 não é alta, mas ainda assim é algo que eu sinto que deve ser apresentado: o jogo não vale 300 reais - vale 200 a 250. Vale dizer que tem até gente vendendo a 100 na LudoStore.
Enfim, minha nota para o jogo no BGG é 6 ("will play if in the mood").
A nota não é baixa, mas, de fato, eu prefiro jogar muitas outras opções à Bosk. É só preferência pessoal mesmo. O jogo é muito carismático e tem seu público.