A Biblioteca dos Jogos Perdidos: Forrageio, o jogo do ratinho Roberval
Mais um review dos "jogos perdidos": jogos para os quais não tem review ainda por aqui.
I sit alone with a throbbing moan.
I cry alone with flowers dry.
I eat alone with the rat of the church.
I fly alone in the earth-bound sky.
Sri Chinmoy, Chandelier, part 1, 1980
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Mini review e primeiras impressões
O que interessou
Simplicidade, jogo solo, curto, o tema inocente e arte alegre
Tema
Você está coletando cogumelos, castanhas e amoras na floresta antes que os ratos peguem. Cada carta colocada é como se fosse mais matéria orgânica se acumulando, e por isso vai aumentando os frutos da floresta.
Como funciona
As cartas possuem seis espaços e três tipos de símbolos possíveis ocupando os espaços. Você coloca uma carta sobrepondo outra parcialmente (como em Honshu). Quando dois símbolos são iguais, você coloca um dado em cima, ou aumenta o valor do dado ali. Se forem diferentes, você perte o que tinha ali e coloca ainda um rato de valor -2. Depois de colocar nove cartas, o jogo acaba e você soma os pontos dos dados. Tem uma variante legal com objetivos, que dá limitações ao seu jogo, mas também pontos extras se conseguir.
Novidade?
Você tem que ir arriscando colocar mais e mais cartas em cima das outras, pois o ganho em pontos é meio que exponencial. Às vezes você precisa perder pontos e possibilidades aqui, para ganhar pontos ali (mas não possibilidades - é o dilema do jogo). Tem o ratinho Roberval, que é um grande ladrão de chocolates (vide: TV Colosso), que você pode usar uma vez na partida para liberar um espaço como que por exceção. Mas ele vai comer as suas castanhas também!!!
Densidade
As regras são simples. Mas decidir qual carta jogar e em que lugar é um grande desafio. É tão profundo que uma hora você tem que usar o "gut feeling": "Acho que aqui vai ser bom. Depois eu vejo o que mais aparece." Teoricamente, você poderia calcular todas as possibilidades, mas também considerando que você tem outra carta na mão, teria que calcular as variantes com o jogar da segunda carta. É um xadrez solo sob esse aspecto. Você acaba jogando pelo instinto a partir de um certo ponto de cálculo.
Setup
Leva sete segundos e meio. São só algumas cartas.
Interação
É um jogo solo, mas vem com regras para multiplayer se cada um tiver a sua cópia do jogo.
Andamento
É bem rápido, uma rodada leva alguns segundos ou minuto. O jogo dura uns 5-10 minutos.
Regras
As regras são claras, mas tem uma combinação de possibilidades (com relação a "meios-símbolos") que levei umas 5 partidas para decorar.
Produção
As cartas, mapas e tokens são ótimos, bem feitos e impressos, com símbolos bem claros. A caixinha também é bem legal. Tem o tamanho de um baralho normal, tamanho Pocket da Papergames
Partidas
Joguei solo umas 7 vezes e vai ter mais hoje.
Conclusão final:
Gostei bastante. É tipo um quebra-cabeças. Dá para ver que tem muitas possibilidades. Tem também 18 objetivos para variar. Provavelmente vou jogar até conseguir completar todos eles (2 por partida) antes de pensar em passar o joguinho pra frente. Ou talvez não passe! Ele é baratinho, na faixa de 70 reais com desconto. Considerando que tem 15 dados dentro, achei até justo falando-se em jogos modernos de baixa tiragem.
Historinha:
Um dia desses, depois do almoço, tive um baque terrível. Tava muito devagar, não conseguia nem ficar sentado direitinho na frente do computador. Depois de enrolar um pouco, peguei o Forrageio, porque não ia conseguir fazer nada "produtivo" mesmo. Depois de duas partidas, "ZUM!" – tava esperto e afiado de novo! Nada que exercitar a sua concentração num bom joguinho não faça.
Comparação com outros jogos:
Honshu mais curto, versão solo e mais focado na proposta de empilhar cartas.
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Sobre esta série de mini-reviews:
Esses reviews vão ser sempre baseados em primeiras impressões, pois é justamente como gostamos de jogar por aqui: se o jogo é muito, muito bom, jogamos mais vezes; Preferimos buscar jogos que nos encantam já na primeira tentativa do que investir tempo e experiências tentando descobrir se aprenderemos a gostar de um jogo que não se demonstrou inicialmente promissor.
