dharrebola::
Passei por isso esse ano meu amigo.
Antes de ser Boardgamer eu fui player de MTG por muito tempo.
Tava me doendo ver tudo parado e ao mesmo tempo tava me doendo me desfazer.
Preferi conviver com a dor de me desfazer.
Abaixei uns 30% do preço e vendi com a condição de sair tudo de uma vez ao invés de vender tudo picado.
E sabe o melhor? Rápidinho a dor passou.
Com metade do dinheiro arrumei o carro, com a outra metade comprei uma passagem pro Chile.
Mesma coisa, joguei MtG de 2003 até 2018, mais ou menos, apesar de ainda ter algumas cartas guardadas.
Mas o elefante branco na minha sala, aquela estante gigantesca cheia de caixas coloridas caras e paradas, estava difícil de ignorar.
E eu ficava me sentindo "culpado" por ter investido tanto e não conseguir sequer usufruir como eu planejava. Foram alguns meses trabalhando isso para enfim aceitar que "não é porque o jogo é bom que eu tenho que tê-lo na minha coleção", ou mais ainda, "não é porque o jogo é bom e está na minha coleção que eu tenho o dever moral de mantê-lo lá só por causa disso (mesmo não o jogando)". Essa segunda foi difícil de descer até enfim sair o primeiro leilão.
Hoje eu vendo tudo começando a 10 reais. No desapego mesmo, estou vendendo cerca de 25 jogos por mês, já vendi mais de 100 nos últimos meses. A patroa fica muito feliz porque esse dinheiro vai para o casório. Agora que a coleção está diminuindo e só os jogos que a gente realmente joga permanecem, ela está até com mais vontade de jogar, se sente menos intimidada pela quantidade de jogos.
Eu demorei para sair de casa, morei 31 anos na casa dos meus pais. Ali eu tinha um castelo de caixas de jogos. Quando eu enfim me mudei, e tive que carregar 18 caixotes enormes recheados de dezenas e dezenas de jogos, ali começou a cair a ficha de que eu tinha jogos demais. Então pensei "eu não quero passar por isso de novo quando eu me casar".