fantafanta::Boa reflexão!
A estética não diz respeito apenas a qualidade e beleza dos componentes. Ela também busca compreender como se dá a relação sinestésica entre os seres humanos e o mundo em que vivem. E sua principal função seria, talvez, refletir criticamente sobre a arte, a produção material humana.
Eu digo isso pois já comprei jogos pela sua beleza, mas isso não necessariamente se refletiu em boas experiências. Às vezes a beleza não está na sua aparência, mas sim na harmonia, fluidez e sinergia de suas mecânicas.
Também acho que o feio, enquanto antítese do belo, tem tanto valor quanto. É intrigante e desafiador tentar compreender como alguns jogos "feios" conseguem capturar nossa atenção e quebrar as nossas expectativas. 
Gosto de entender o belo como aquilo que está de acordo com uma norma ou dentro de uma certa expectativa social, pois muitas vezes a norma em si pode ser controversa e aquilo que está fora da normatividade tende a ser até mais agradável. Se você assumir que apenas há valor no que é belo, as coisas acabam ficando muito monótonas, entediantes...
Sobre o Boop, com certeza é bem bonitinho e apelativo. Especialmente  para quem gosta de gatos, assim como eu. Fui ler as regras e achei simples demais. É como você falou, às vezes, jogando, ele pode se revelar muito divertido! Mas eu duvido. rs 
Se lendo as regras, um jogo não me chama a atenção, é batata. É quase certo que não vou gostar.
Se eu tivesse jogado o jogo original antes, talvez tivesse curtido mais a proposta. Mas assim como tantos outros jogos abstratos que já joguei, esse seria apenas mais um a cair no esquecimento.
Para mim, paradoxalmente, o jogo ser bonito é fundamental, mas não me privo de jogar qualquer coisa por achá-la feia. Como eu tentei dizer antes, a beleza não está somente naquilo que enxergamos.
Acho que os jogos "bonitos", mas ordinários, tendem a vender mais que os jogos "horrorosos", mas instigantes, por uma simples questão prática. O primeiro contato que temos com o produto geralmente é visual. Então se esse estímulo for assertivo, em termos de comunicação, desperta o nosso interesse. Já analisar e constatar que o jogo não é "bom", que não é pra você, envolve muito mais tempo, disposição, repertório e capacidade de articulação. Ou seja, toma muito mais energia da gente.
Eu não sei bem como reverter esse ciclo, mas na sociedade de consumo, é preciso pagar pra ver, arriscar para só então ratificar a sua compra... ou não.

Muitos comentários bons mas o final do seu me chamou a atenção.
Realmente, daria até para comparar a percepção do ser humano em relação com todo o mundo. Concordamos que o primeiro contato com o produto é sempre visual, mas indo mais fundo, talvez o primeiro contato com todas as coisas do mundo seja visual, incluindo ambientes e até pessoas.
Isso implica no sucesso recente que as clínicas de estética - tanto corporal quanto facial - estão obtendo na última década, as pessoas querem investir mais na propaganda visual, independente se o conteúdo dela valha a pena ou não.
Infelizmente são filosofias que talvez fujam muito do assunto de jogos de tabuleiro que discutimos aqui - dependendo do desdobramento da discussão pode até ficar um assunto pesado - mas na minha opinião a síntese do ser humano nunca vai mudar, e como você comentou, sou descrente que algum dia conseguiremos reverter esse ciclo.

marcelobrito::As vezes a gente se esquece que jogos de tabuleiros são a estética. Eles são chamados jogos lúdicos por um motivo.

A mecânica é a amarração da estética para o jogo trazer diversão.

Sim, alguns levam mais em consideração a mecânica que a estética. Mas essa não é a origem do hobbie.

Eu tenho uma teoria que Euros perdem para os Ameritrash em popularidade justamente por causa disso, mesmo sendo, como jogo, melhores.

Entendi a lógica da sua colocação. Concordo que antes de qualquer coisa, tudo é estético por definição. Nós só conseguimos apreender o mundo por meio de sensações e emoções. Entender como organizar ou racionalizar isso é algo que fazemos pelas razões que vêm depois.
Você pode até dizer que essa tentativa de amarrar tudo mecanicamente no fundo não faz muito sentido ou não é muito importante. E eu teria que que concordar com você, em certo sentido, pois também acho que isso não é o principal. O principal é se divertir. Passar bons momentos com as outras pessoas e estabelecer conexões emocionais.
O problema todo reside no fato de que cada um faz isso de um jeito diferente. rs
Por isso não concordo com a sua conclusão.
Eu não sei se os ameris de fato ganham dos euros em termos de popularidade. Eu tenho a impressão  que não, mas posso estar errado. O que importa é que há muitas variáveis mercadológicas para se analisar ao tentar encontrar um efeito de causalidade direto. É mais provável que exista uma confluência de fatores. E nem sei se os euros são definitivamente melhores. Também há muita controvérsia quanto a isso. 
Eu não sei nem se faz algum algum sentido essa dicotomia, pois é cada vez mais difícil discernir qual característica é exclusiva de um tipo ou de outro.
Há também que se levar em consideração que o gosto é construído e imposto pela indústria cultural, o que também tem tudo a ver com estética.

RaphaelGuri::

Fui pesquisar mais a fundo e descobri que o boop. era uma reimplementação de um jogo de pouco sucesso chamado Gekitai. Basicamente adaptaram as regras para se encaixar no tema, fizeram excelentes componentes e um marketing agressivo. Sucesso.

(Gekitai com toda a sua simplicidade. Minha versão caseira ficou mais bonita?)

Preciso fazer um reparo. NÃO. Não houve adaptação ou qualquer mudança de regras para transformar Gekitai em Boop. A história é um pouco diferente.
O que houve foi que o autor primeiro criou Gekitai, e depois criou uma versão ampliada. Que ele chamou de Gekitai². E foi esse segundo jogo que ele transformou mais tarde no Boop. Sem alterar nenhuma regra.
Ou seja, Boop não é uma reimplementação do Gekitai original, e sim de Gekitai². O jogo Gekitai é a primeira fase do jogo Boop. Posteriormente o autor adicionou a segunda fase, gerando assim o jogo Gekitai².

Quanto a mim, o jogo Boop não despertou nenhuma reação de minha parte ao ter notícia de seu lançamento. Eu soube do entusiasmo das pessoas que o conheceram em Essen, mas eu apenas o ignorei. Até descobrir que ele na verdade era o Gekitai! Imediatamente passei a ter interesse no jogo e fui olhar as resenhas e os gameplays.
Não pude deixar de me irritar com a IMENSA e EXCESSIVA ênfase que todos os canais deram ao tema do jogo. Isso foi realmente insuportável. Eles se comportavam como se o tema (um tema bem meh, né!, vamos ser sinceros) fosse o único ou o grande atrativo do jogo. Como estava irritado, não me furtei de comentar nesses vídeos que, para mim, Boop não passava de uma versão afrescalhada de Gekitai.

Enfim, como todo tema, esse também ATRAI e AFASTA. Por isso é um erro fazer o marketing de um jogo baseando-se de forma excessiva em seu tema. Mais errado ainda é basear-se exclusivamente no tema. O tiro pode sair pela culatra.
Mas uma coisa é fato. Quando Gekitai² era um abstrato raiz - ou seja, um jogo com zero tema - ele foi amplamente ignorado. Talvez isso explique essa overdose de foco temático na propaganda de sua reencarnação tematizada.
Ou talvez eles estivessem apenas tentando distrair o público da possibilidade deles apenas construírem uma cópia caseira, em vez de gastarem dinheiro comprando.

Ótimo tópico, eu mesmo levo em consideração coisas como é essa quando avalio um jogo aqui na ludopedia, isso porque hobby aqui é muito caro.
Uma outra linha que vai nessa pegada, as pessoas pagam 70 ou ate mais caro em jogos como amigos de merda, sendo que para mim isso se resolveria num aplicativo de celular, que daria as frases e as pessoas votaria e pronto.

Hudson Goulart::

RaphaelGuri::

Fui pesquisar mais a fundo e descobri que o boop. era uma reimplementação de um jogo de pouco sucesso chamado Gekitai. Basicamente adaptaram as regras para se encaixar no tema, fizeram excelentes componentes e um marketing agressivo. Sucesso.

(Gekitai com toda a sua simplicidade. Minha versão caseira ficou mais bonita?)

Preciso fazer um reparo. NÃO. Não houve adaptação ou qualquer mudança de regras para transformar Gekitai em Boop. A história é um pouco diferente.
O que houve foi que o autor primeiro criou Gekitai, e depois criou uma versão ampliada. Que ele chamou de Gekitai². E foi esse segundo jogo que ele transformou mais tarde no Boop. Sem alterar nenhuma regra.
Ou seja, Boop não é uma reimplementação do Gekitai original, e sim de Gekitai². O jogo Gekitai é a primeira fase do jogo Boop. Posteriormente o autor adicionou a segunda fase, gerando assim o jogo Gekitai².

Quanto a mim, o jogo Boop não despertou nenhuma reação de minha parte ao ter notícia de seu lançamento. Eu soube do entusiasmo das pessoas que o conheceram em Essen, mas eu apenas o ignorei. Até descobrir que ele na verdade era o Gekitai! Imediatamente passei a ter interesse no jogo e fui olhar as resenhas e os gameplays.
Não pude deixar de me irritar com a IMENSA e EXCESSIVA ênfase que todos os canais deram ao tema do jogo. Isso foi realmente insuportável. Eles se comportavam como se o tema (um tema bem meh, né!, vamos ser sinceros) fosse o único ou o grande atrativo do jogo. Como estava irritado, não me furtei de comentar nesses vídeos que, para mim, Boop não passava de uma versão afrescalhada de Gekitai.

Enfim, como todo tema, esse também ATRAI e AFASTA. Por isso é um erro fazer o marketing de um jogo baseando-se de forma excessiva em seu tema. Mais errado ainda é basear-se exclusivamente no tema. O tiro pode sair pela culatra.
Mas uma coisa é fato. Quando Gekitai² era um abstrato raiz - ou seja, um jogo com zero tema - ele foi amplamente ignorado. Talvez isso explique essa overdose de foco temático na propaganda de sua reencarnação tematizada.
Ou talvez eles estivessem apenas tentando distrair o público da possibilidade deles apenas construírem uma cópia caseira, em vez de gastarem dinheiro comprando.

A respeito do Gekitai², só fui descobrir isso depois. Obrigado pela informação.
É complicado falar de estética com uma pessoa que já é totalmente apaixonada por abstratos em sua forma mais pura - pelo que conheço você do fórum, acredito que seja um desses. A questão que tanto atrai quanto afasta é a mais pura verdade, mas será que não atrai mais do que afasta? Eu por exemplo, detesto jogos de videogame com foco em jogo online, então um jogo ser online afasta eu e mais alguns, mas ao mesmo tempo atrai milhões de jogadores a mais, que acredito ser o foco de uma empresa.
Em relação ao tema, é um gosto muito pessoal, então não tem como colocar isso em pauta de discussão. Entre um jogo de gatos e um de naves eu com certeza compraria o de gatos e eu jamais tentaria convencer alguém que prefere as naves que minha escolha está certa.

Hudson Goulart::Enfim, como todo tema, esse também ATRAI e AFASTA. 

Exato!
É o mesmo caso de jogos que usam propriedade intelectual de terceiros para tentar escalar as vendas. Uma hora isso enche o saco, satura.
Financeiramente falando, o saldo final pode até valer a pena. Mas eu estou tão abusado de jogos com temática de Disney e Star Wars, por exemplo, que eu quase tive uma síncope assistindo aos anúncios de alguns jogos recentes...
Passo bem longe! rs

1. Se eu tivesse jogado o jogo original ao invés da versão caseira, teria gostado mais? E você?


Acho que gostaria o mais sim. Eu com certeza me interessei pelo tema pois gatos e gatinhos são um excelente tema!! 

2. O quão importante é a arte ou beleza dos componentes na hora de jogar algo?

Para mim são muito importantes. Tanto que até os meus PnPs eu não gosto de fazer de qualquer jeito. É muito importante pra mim que a arte, o toque das peças, a impressão e a qualidade de tudo esteja do meu agrado para que eu dê uma chance ao jogo. Definitivamente algo no estilo FCM não me atrai muito.

3. Para vocês, qual se vende melhor? Jogos lindos e ruins ou jogos horrorosos mas ótimos?
Com certeza o lindo e ruim vende mais. Azul está ai para provar isso  . Tenho a opinião de que é preciso vencer uma determinada barreira para que os jogos horrorosos e ótimos comecem a "aparecer" e a fazer sentido para a gente.
Tanto que o exemplo do FCM acima entra aqui. O jogo é uma briga de facão de feio, porém mecanicamente ele é excelente. A maioria dos 18xx nem arte direito tem e são excelentes também. 
Vai de cada um...

Estética importa para vender qualquer produto.

carai, q discussao qualificada, to adorando ler os comentarios! pessoal bem lucido

Raio::Com certeza o lindo e ruim vende mais. Azul está ai para provar isso  .