Caros STHEFANIFERREIR, Eddie, pablogbo, dharrebola, DuqueXenofontes e Mauricio Sergent.
Em qualquer atividade a pessoa física ou jurídica pode errar, muito embora a Conclave tenha abusado, e muito, desse direito, no caso de "abençoado" The Witcher Old World. Portanto, o problema não é esse. O que realmente importa são três questões: a primeira se o erro gera uma consequência, se dessa consequência sai algum aprendizado positivo, e principalmente o que se faz após o erro ter acontecido.
No caso desse desastroso financiamento coletivo, o erro gerou alguma consequência, mas com muito menos gravidade do que deveria. Isso porque certamente houve repercussão e a imagem da editora saiu manchada, mas esse é uma mancha que sai com água e sabão. Muita gente reclamou sem dúvida, mas muita gente também apareceu para minimizar a gravidade dos erros, e dizer que a editora estava de parabéns por se comprometer a corrigir esses erros, como se isso fosse uma grande virtude e não uma obrigação porque ela é a responsável pelo produto. Muita gente inclusive chegou ao cúmulo de acreditar naquela história de que quem errou, não foi a Conclave, mas a fábrica chinesa, primeiro no caso da famigerada "troca da paleta de cores", e segundo no caso daquela historinha de que a editora mandou os arquivos corretos e a fábrica é que resolveu alterar e imprimir os arquivos com erro. Isso para não falar das pessoas que disseram que não havia problema algum jogar com os tokens com nome errado, porque era só seguir a numeração e ignorar o resto, com se as pessoas não tivessem pago caríssimo e esperando três anos, para receber um jogo defeituoso.
Quanto ao aprendizado, realmente houve, mas foi negativo, porque o que a Conclave aprendeu foi que pode enganar e tratar nós boardgamers brasileiros sem nenhum respeito, e conseguir se safar praticamente ilesa disso. Basta ver a quantidade de gente que minimizou os absurdos, que aconteceram com esse jogo, e a quantidade de vídeos que já surgiram dizendo que esse é "o melhor jogo de todos os tempos", e que ele proporciona a "experiência lúdica suprema".
No caso da postura pós erro, não é nada de se espantar que a Conclave se comporte com essa empáfia toda, porque esse caso do The Witcher Old Wolrd só comprova ainda mais o que todos já sabem, ou seja, que nós somos inacreditavelmente pacientes e complacentes quando se trata de board games. A editora lança um jogo faltando peças ou com erros de impressão, nós achamos perfeitamente normal porque com algum esforço dá para jogar o board game. A empresa lança o jogo mofado, não tem problema, e alguns até comemoram porque o jogo será vendido com desconto dali a alguns meses, e dá para resolver o mofo com Sanol.
Por isso nesse caso da STEFANIFERRIER, a Conclave está cagando porque no cômputo geral, as pessoas aceitaram tudo de errado que aconteceu com o Old World (podem não ter gostado, mas aceitaram), e muita gente já está elogiando o jogo, ignorando solenemente todos os absurdos que ocorreram. Desse modo, a COnclave pode se dar ao luxo de virar para uma pessoa que apoiou a empresa, que comprou o seu produto e dizer, você que se dane, e que fique aguardando a hora que eu achar que devo te mandar a reposição, e se não gostar, é só devolver que gente querendo comprar do jeito que for é que não vai faltar. No mesmo sentido, como bem ressaltou o Eddie, a solução para esse problema da falta de baralho seria fácil de resolver, se não fosse um pequeno detalhe. A STEFANIFERRIER já pagou pelo jogo, portanto aos olhos da Conclave ela não tem mais importância alguma, o que é muito diferente da pessoa que ainda eventualmente comprará a caixa que a Conclave teria que mandar para repor a caixa defeituosa da STEFANIFERRIER, portanto a chance disso acontecer é quase zero. E eu digo isso, por conta da marra da editora de dizer que só vai começar a pensar em reposição, quando entregar as caixas para todos os apoiadores. Se existem cópias do jogo para vender para quem não apoiou, como ocorreu no DOFF, o mínimo de decência que se esperaria, seria que a editora consertasse essa caixas com componentes faltantes, com essas cópias extras, e só depois, começasse a vender, mas é aquela história, o mínimo de decência é um "conceito fluido", que depende de cada um. Além disso, entregar o jogo para quem ainda não recebeu, não exclui em nada enviar as caixas completas de reposição para quem teve componentes faltantes, principalmente se a editora já tem essas caixas para vender.
Por fim, como a nossa postura em relação às editoras não melhora, mas sim piora, porque cada vez as pessoas aceita mais e mais graves absurdos, não há absolutamente nenhum motivo para as editoras melhorarem no que quer que seja, tanto o padrão de qualidade, quanto o respeito para com os compradores, e a Conclave é a prova disso. Agora só faltam a aparecer as inúmeras pessoas dizendo que a Conclave está de parabéns porque se comprometeu a resolver os problemas, que o jogo não tem problema algum porque "dá para jogar", que escrever tópicos reclamando está errado porque não contribui em nada para resolver o problema, como se o que realmente contribuísse fosse aceitar tudo calado.
No final, a Conclave só nos trata, enquanto comunidade, exatamente da forma como nós sinalizamos que queremos ser tratados.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio